Retrospectiva Downstage: nossos álbuns favoritos de 2024

Misturando sonoridades, referências e influências musicais, o Downstage trouxe os melhores trabalhos dos últimos 12 meses

Arte: Tayna Viana

Por: Bia Vaccari, Hugo Daflon, Mariana Meyer, André Artigas, Julia Bonin, Eduardo Vianna, Bernardo Gasino, Gabriel Ramos, Luis Antonio, Talita Feijó, Melissa Buzzatto e Camila Brites

2024 foi um ano muito positivo para a cena underground, tanto internacional quanto nacional. Grandes bandas passaram pelo Brasil encantando os fãs com performances incríveis e nomes locais tiveram momentos de destaque muito especiais. No final das contas, o que nos move é a música. Ela nos faz viajar para outras cidades (ou até outros países) para ouvir nossas trilhas sonoras favoritas ao vivo e estourar nossas retrospectivas do Spotify com muitos minutos ouvidos. É a música que nos conforta nos momentos difíceis e embala nossos dias felizes.

Muitos trabalhos protagonizaram este ano. Confira agora os melhores álbuns de 2024, selecionados a dedo pela equipe do Downstage.

hoovaranas – Três

Para quem gosta de bandas instrumentais, hoovaranas é uma excelente descoberta, diretamente de Ponta Grossa do Paraná. Atração da décima edição do banda de casinha, o grupo lançou neste ano seu terceiro álbum de estúdio, intitulado Três, com uma abordagem mais melancólica e introspectiva, mas de modo algum negativa. Além de sete faixas autorais, o trabalho ainda conta com uma versão inédita de “Refazendo”, que é originalmente uma composição do Boogarins.

Supervão – Amores e Vícios da Geração Nostalgia

Após incertezas do período pandêmico e um período interno um tanto difícil, os gaúchos da Supervão mostraram que é possível dar a volta por cima de situações turbulentas com o lindíssimo Amores e Vícios da Geração Nostalgia.

De um modo geral, é um trabalho muito característico, mas também uma prova concreta de que o resultado é lindo quando as coisas são feitas com amor e sinceridade. O segundo disco da banda foi pensado justamente para cada integrante se reconectar com sua essência musical, quase que um trabalho autobiográfico, onde a identificação torna-se inevitável.

Exclusive e os Cabides – Coisas Estranhas

Criatividade e amadurecimento são duas palavras que podem descrever bem o segundo álbum dos catarinenses Exclusive e os Cabides. É um trabalho divertido de se ouvir pela leveza e bom-humor que a banda aborda os temas em cada uma das faixas (que também levam nomes divertidos, como “Lagartixa Tropical”, “Música Para Achar Bruxa” e “AAAAAAAAA”).

Lombrosa – Lombrosa

Apelidado pelos mais chegados de “surf punk”, no disco de estreia autointitulado Lombrosa, a banda paulistana entrega um som de qualidade e muito original ao longo de oito faixas. Com uma sonoridade que viaja muito no nostálgico, ali no rock nacional noventista e início dos anos 2000, mas traz os elementos que fizeram o gênero funcionar há anos mesclando-o com muita modernidade.

Terra Mãe – Abismo de Espuma

Cinco anos para um álbum sair do papel parece um tempo longo até demais, mas quando falamos do underground brasileiro e sobretudo de fazer acontecer por meios independentes, é não somente compreensível como até natural. Com Abismo de Espuma, da banda de Campinas Terra Mãe, é possível notar como cada detalhe foi visitado e revisitado com muita atenção e carinho, o que torna essa obra uma das melhores do ano do post-rock nacional.

O disco saiu em setembro e foi antecipado pelos singles “Quão profundo é o oceano” e “Garganta”, que conseguiram adiantar o quão bonito seria o resultado final desse trabalho.

Quarto Vazio – Passatempo

Uma das melhores bandas do emo e dream pop nacional atual, Quarto Vazio conseguiu fazer o quase impossível com Passatempo: superar as expectativas e suceder, à altura, o maravilhoso Fábulas (2023). Aqui, a banda de Maceió mantém o já familiar e essencial para a banda o uso de guitarras distorcidas e melodias etéreas, mas introduz como novidade alguns elementos, como sintetizadores, piano e percussão. Com letras curtas, temas sobre amadurecimento, rotina e as possibilidades do futuro, Passatempo é uma obra que envelhecerá ressoando de maneira diferente nos ouvintes a cada ano que passa.

Querida, Faça as Malas! – Tá na Chuva, Abraça o Capeta

Um dos nomes mais incríveis do ska punk atual, a Querida, Faça as Malas! dividiu com os fãs logo no início do ano o seu segundo disco de trabalho, Tá na Chuva, Abraça o Capeta, antecipado pelos excelentes singles “Ginkgo Biloba”, “Festa no meu Quarto” e “Fundo do Poço”. A banda é uma das melhores surpresas de 2023, que conseguiu ainda mais espaço em 2024, mostrando que veio para manter não somente o gênero ainda mais vivo com muito frescor e modernidade.

10ventura – Me Atraso Para Compromissos

Foram oito anos de trajetória para o primeiro álbum da carreira da 10ventura nascer. Me Atraso para Compromissos chegou em junho, com produção de Caio Weber da Cefa. São oito faixas com melodias cativantes, letras poderosas e ácidas, refrões de ficar na cabeça e guitarras pesadas, mostrando, segundo a banda, uma síntese do amadurecimento de todos os integrantes como músicos.

Ravel – Impermanente

Uma experiência de tiro curto, algo em torno de 25 minutos, Impermanente é fácil de ouvir em loop. Uma música leva a outra, que leva a outra e quando você percebe, você já ouviu o disco três vezes e está cantarolando todas as músicas.

O álbum da R4vel é tão rico e envolvente que qualquer desavisado duvidaria ser uma estreia. Com muita maturidade, sinceridade e sentimentos que vão além do amor pela música, a banda com certeza trouxe um dos melhores trabalhos do ano. Impermanente é tão incrível que posso finalizar parafraseando a própria banda: “então é isso, tá difícil verbalizar”.

Ale Sater – Tudo Tão Certo

Depois de dois EPs incríveis, Ale Sater chega para uma nova marca em sua carreira solo: a de lançar seu primeiro álbum. Tudo Tão Certo foi lançado em setembro, antecipado pelos singles “Ontem” e “Quero Estar”.

Seguindo a linha sonora de folk melancólico (que os fãs já conheciam em Fantasmas, de 2021, e Japão, de 2016), Tudo Tão Certo traz uma instrospecção em faixas como “Cidade”, “Trégua” e “Girando em Falso”, mas também oferece elementos do indie pop em outros momentos. Explorando sua versatilidade enquanto artista, o trabalho traz pinceladas pop e até noventistas, o que só mostra que o trabalho de Ale Sater vai muito além do Terno Rei.

Sutil Modelo Novo – a teoria de q td vai dar certo no final

Descrito como “uma mensagem de esperança em um pequeno-pseudo-retrato da juventude de quatro cariocas que buscam na arte um espaço para se expressar”, a teoria de q td vai dar certo no final é o primeiro disco da carreira da Sutil Modelo Novo e um prato cheio para quem gosta de explorar vertentes do rock alternativo, como shoegaze, pós-punk, math rock e emo.

O álbum parte de uma perspectiva otimista e empolgante até cair em camadas mais intimistas e existenciais ao longo de suas sete canções e dois interlúdios instrumentais, agradando a todo tipo de ouvinte.

Malditos Jovens do Reggae – A Nova Onda do Lixo

Um dos nomes mais fortes da nova cena de hardcore, a Malditos Jovens do Reggae lançou nesse ano seu primeiro álbum da carreira, A Nova Onda do Lixo: um trabalho que vai além do momento atual, praticamente sendo uma força da natureza. Único, agressivo, energético e até mesmo violento, o disco é carregado de temas sociopolíticos, podendo até mesmo ser considerado uma das obras mais essenciais para a atual e as próximas gerações.

Surra – Falha Crítica

Um dos melhores álbuns nacionais lançados esse ano é de uma das maiores bandas de hardcore brasileiro. Carregando toda a sua tradição, o Surra lançou em 2024 o excelente Falha Crítica, carregado de modernidade desde a sonoridade à estética. Foram 12 anos desde que Bica na Cara saiu, o que só fez a banda se provar como um dos nomes mais importantes do underground – e felizmente, no último trabalho do grupo isso se fortalece mais ainda.

São 14 faixas e um pouco mais de vinte minutos de duração. Trata-se de um trabalho bruto, moderno, com pinceladas de raiva, ideal para os tempos atuais. É um disco acelerado, sem muitas pausas para respirar, apenas Surra em sua essência.

isotopxs – qualquer frase fica melhor com foda-se no final

O termo “metal mandrake” está cada vez mais expoente e, ao que indica, ainda será muito falado em 2025. Trata-se de um gênero que mistura metal com funk e pitadas de rap, e se tem uma banda que pode ser considerada pioneira dele, é a isotopxs, diretamente de Porto Alegre.

Estranho ao primeiro play, qualquer frase fica melhor com foda-se no final traz um som ousado, novo, esquisito (no bom sentido) e com letras potentes, que vai além do tempo e tem tudo para envelhecer duma forma abstrata.

The Story So Far – I Want to Disappear

Após muita expectativa dos fãs, o The Story So Far lançou seu esperadíssimo quinto álbum de estúdio, I Want to Disappear. Antecipado pela ótima “Big Blind”, aqui podemos ver o quanto as coisas realmente mudam em seis anos. Apesar de sonoramente mais perto de Proper Dose (2018), liricamente a banda aqui tem uma abordagem mais madura, com letras que viajam pela vida pessoal e até mesmo profissional dos integrantes. 

Apesar de mais distante da casa dos 20 (e mais perto dos 30), I Want to Disappear ainda tem tudo o que amamos em The Story So Far, o que só consegue colocar a banda (ainda mais) como um dos nomes mais importantes da história do pop punk.

nothing,nowhere. – Hell or Highwater

Joseph Edward Mulherin utilizou 2024 para abrir sua caixa de pandora de composições e não lançar apenas um, e sim quatro(!) álbuns ao longo de todo o ano. Hell or Highwater é o segundo dessa série, e particularmente o meu favorito. O segundo disco mostra como nothing,nowhere. é realmente uma máquina musical e um dos mais versáteis artistas da atualidade – adotando uma abordagem completamente diferente de Dark Magic, liberado meses antes, Hell or Highwater trabalha complexidade desde seus versos a sua estética, que traz aqui Joseph caracterizado de caubói triste.

Há muito acústico, rock alternativo e, principalmente, faixas que bebem muito da fonte do emo. É em Hell or Highwater que Joseph se permite ser o mais emotivo entre os quatro álbuns (e ainda bem), entregando músicas incríveis como o próprio lead single “John Wayne (I Wanna Be A Cowboy)” e “Rodeo Clown”.

Pense – Tudo que temos de lembrar

Como o próprio nome explica, Tudo que temos de lembrar traz, faixa a faixa, características, aspectos, eventos e ocasiões do cotidiano que são importantes de nunca serem esquecidas. Esse é o primeiro álbum da nova formação do Pense, e também o primeiro que traz Ítalo Nonato nos vocais. O trabalho funciona bem como uma unidade, mas também traz músicas que se destacam e têm tudo para ressoar no coração de cada fã: a faixa título, “Tudo que temos de lembrar” entre outras como “Não vou recuar pra ninguém”, que traz o hardcore do Pense em sua essência e “Só depende de nós”, que mostra todo o frescor trazido pela nova formação para uma banda que já está na estrada há quase 20 anos – e mantendo o hardcore mais vivo do que nunca.

Plastic Fire – O Despertar

Feito com carinho, amor, cuidado; visitado e revisitado durante muito tempo e em vários momentos, Plastic Fire dividiu com o público em agosto desse ano seu mais novo disco, O Despertar.

O trabalho traz uma linguagem de opostos em sua linha criativa – segundo a banda, “representa aquele exato momento em que não estamos nem dormindo e nem acordados […] o mesmo instante em que tudo que pode ser salvo também poderia ter sido perdido”. Definitivo e que sabe a que veio, um dos melhores álbuns nacionais do ano, quiçá o melhor.

Raça – 27

Mais alegre, Raça chega após cinco anos do excelente Saúde (2019) para sucedê-lo à altura com 27. Muito experimental e o mais diferente da carreira, o disco é o mais solar de toda a discografia e abre bem os caminhos para momentos de reflexão sobre relacionamentos interpessoais como um todo. 27 traz um convite para enxergar o copo meio cheio, um convite à leveza de existir, à alegria de ser – tudo isso embalado com um rock psicodélico e um pouquinho de folk, que caiu muito bem para essa nova fase da banda.

Origami Angel – Feeling Not Found

Feeling Not Found é, sem dúvidas, o trabalho mais ousado de Origami Angel até agora. A banda, que até “outro dia” estava indo muito bem no gênero emo, obrigado, agora alça voos além e explora  ainda mais gêneros e emoções ao longo de 14 faixas. São diversas camadas, referências e reviravoltas líricas que fazem com que o disco seja uma obra a ser ouvida atentamente do início ao fim.

Feeling Not Found é uma verdadeira viagem por dentro da galáxia criativa do guitarrista Ryland Heagy e o baterista Pat Doherty, que sempre exploraram muito bem a linha tênue entre o real e o digital em suas obras (trazendo em todos os momentos um pouco de humor e das criações extraordinárias e características da dupla).

Balance and Composure – with you in spirit

Depois de um retorno inesperado que trouxe o fantástico EP Too Quick to Forgive, o Balance and Composure presenteou os fãs com o lindíssimo with you in spirit, logo no início desse ano. Guitarras vigorosas, ambientação fantástica, bumbos esmagadores, letras poderosas e extremamente pessoais entre outras características tornam esse disco talvez um dos mais fantásticos trabalhos que a banda já realizou.

Chococorn and the Sugarcanes – Siamês 

Depois de arrastar grandes públicos pelo interior de São Paulo – e também na capital – em 2023, chegou a hora da Chococorn se consolidar como um dos mais promissores nomes da nova geração do rock caipira. E o disco de estreia da banda, Siamês, cumpre com muito sucesso esse papel. 

Recheado com canções que já eram conhecidas do público e também de algumas inéditas, o álbum narra as dores e sabores da passagem da adolescência para a vida adulta. Carregado de sentimento, certamente será um disco lembrado por muitos anos.

pedro lanches – veio sem maionese

Mais um álbum de estreia a compor essa lista, o debut de pedro lanches passa longe de parecer um primeiro trabalho. Recheado de colaborações com artistas como Funérea, Ciça Moreira, Bia Balugani e Gustavo Bertoni, o disco apresenta um nível de maturidade acima da média para um estreante. 

O álbum, que conta com a produção de Gustavo Bertoni (Scalene), chama atenção pelas letras muito bem trabalhadas de Pedro, além de arranjos super encorpados.

Zero to Hero – The Perfect in Between

The Perfect In Between chega ao mundo cinco anos depois do último álbum da banda e é justamente essa janela que deixa nítida a evolução do trio ao longo dos últimos anos. O disco, que conta com a primeira faixa do grupo cantada inteiramente em português, é a coroação de um dos mais promissores nomes do emo nacional. 

O ano de 2024 foi marcado, além do lançamento do disco, pelo show de abertura na turnê do grupo americano Movements.

Nova Charisma – Metropolitan

É, de certa forma, difícil encontrar bandas de post-hardcore progressivo — principalmente quando falamos sobre swancore —  que ofereçam a mesma sensação de outras já tão amadas na cena. Nova Charisma trouxe, com seu primeiro disco, uma mistura de novidade e refrescância com tudo que um fã do gênero musical poderia pedir.

Sergio Medina e sua bagagem trabalhando em bandas como Dance Gavin Dance, Royal Coda e Eidola trazem aquele som característico mas com muita originalidade, ao lado de Donovan Melero do Hail The Sun e do baterista Carlo Marquez. Um disco muito redondo e necessário para os amantes dos riffs de guitarra brilhantes do swancore.

The Home Team – The Crucible of Life

The Crucible Of Life é a mistura de pop sintético com o peso do hardcore que dá extremamente certo — ainda mais composto de muita energia, groove e os vocais brilhantes do Brian Butcher. 

The Home Team se destacou em seu novo álbum, mostrando a banda em seu auge tanto sonoramente quanto em composições. É o tipo de música que você não consegue não se mexer e não dançar, e essa característica, pra mim, é uma das mais importantes que um trabalho pode ter: conseguir movimentar quem está ouvindo.

Twenty One Pilots  – Clancy

Fechando com chave de ouro a lore da banda que teve início em 2015 com Blurryface, Clancy é uma excelente pedida para aqueles que desejam se aventurar por um mundo de experimentações musicais que vão desde o hip-hop a influências do punk. Um álbum conceitual feito com o coração e mostrando que o Twenty One Pilots é um poço de criatividade sem fim.

The Pill – Hollywood Smile

Trazendo o melhor do DIY presente no início do punk rock, Hollywood Smile é um álbum visceral, cru e direto ao ponto. Ele trabalha com maestria ao tocar em assuntos pertinentes nos dias atuais e é um show a parte de como realizar críticas ácidas da melhor maneira.

Punk’s not dead!

Alpha Wolf – Half Living Things

A metamorfose musical chamada metalcore não para de evoluir e criar cada vez mais subgêneros para chamar de seus. Uma prova maravilhosa disso é esse grandioso álbum que fora categorizado como Nu-Metalcore (uma fusão de Nu-Metal com metalcore) que hipnotiza desde a primeira faixa e vai surpreendendo cada vez mais com o decorrer do trabalho.

Pesado, viciante e emocionante na medida perfeita, Alpha Wolf certamente lançou um clássico aqui!

The Amity Affliction – Let the Ocean Take Me (Redux)

É um tanto difícil os fãs aceitarem a regravação de um álbum clássico de seus artistas preferidos. Entretanto, o The Amity Affliction conseguiu romper essa barreira e renovou a sonoridade do seu álbum de 2014 justamente revisitando-o.

De acordo com os membros da banda, em 2014 eles ainda eram “jovens e inexperientes”, e devido a isso, gostariam de dar uma nova chance para este álbum, fazendo com que o mesmo soasse com um aspecto mais atual e maduro.

Conseguiram? Definitivamente, sim! Let the Ocean Take Me (Redux) não é uma simples regravação, é um trabalho feito com muito respeito e apreço pela obra original, mostrando que a banda reconhece o valor e importância dessas músicas para seus fãs.

Bring me the Horizon – POST HUMAN: NeX GEn

Depois de um show no Brasil no qual palavras não são o suficiente para descrever a experiência, como falar do BMTH?

Um dos mais marcantes álbuns do ano, onde, mais uma vez, a banda ditou qual o rumo que a cena “core” em geral irá seguir a partir de agora. 

É incrível ver como a banda se reinventa a cada lançamento sem perder a sua identidade e essência. Entretanto, parece que aqui tivemos algo ainda mais especial: todo o aspecto visual desse álbum conversa diretamente com uma geração de novos fãs e faz com que a fanbase antiga fique ainda mais apaixonada.

Poppy – Negative Spaces

Depois de um ano maravilhoso fazendo participações especiais com o Bad Omens e Knocked Loose, Poppy lançou em novembro um disco que mescla o melhor de seus dois mundos: seu pop chiclete e um metal alternativo de qualidade. Neste trabalho, vimos a artista elevar sua criatividade ao limite, trazendo novidades inigualáveis em cada uma das faixas presentes.

Our Hollow Our Home – Hope & Hell

Os fãs da sonoridade do metalcore melódico do início do século foram grandemente agraciados por este disco que, infelizmente, é o último trabalho dos ingleses da Our Hollow Our Home.

Um disco sólido, cheio de riffs marcantes e passagens pesadas fecha com chave de ouro a trajetória dessa grande banda que marcou muito os corações daqueles que tiveram a oportunidade de ouvi-los.

Adorável Clichê – Sonhos que nunca morrem

Sonhos que nunca morrem é o nome perfeito para um trabalho como esse. Adorável Clichê é uma banda apaixonante, onde notamos o seu amor pela música em cada faixa gravada. Todas as passagens etéreas e ambientações que já são marca registrada da banda estão presentes aqui com ainda mais afinco e emoção. 

O ouvinte viaja para longe, para seus tempos de infância, relembrando momentos, até então, escondidos nas memórias e resgatando seus sonhos de infância, que, de alguma forma, nunca morreram.

Harken – Mosaico

Mostrando que o underground brasileiro tem força de sobra, Harken chega como um soco na cara com um álbum de altíssima qualidade e técnica. A banda que é composta por membros de outras grandiosas bandas do underground brasileiro tem tudo para fazer muito barulho daqui para frente!

Fresno – Eu Nunca Fui Embora

Quem é fã de Fresno, sabe. Mas, e quem não é? Também passou a saber. Suspeito escolher um álbum favorito entre a dezena de discos da banda, mas Eu Nunca Fui Embora começa uma jornada emocionante logo no conceito do álbum, que reflete sobre a trajetória da Fresno e até mesmo do gênero de um ponto de vista mais maduro e, ao mesmo tempo, nostálgico. 

Em uma época em que os revivals estão em alta, criar um disco coeso e sem fórmulas prontas é um desafio que a banda completou com maestria. A dobradinha de ENFE, com apenas cinco meses entre os lançamentos, mostra a paixão do grupo pela música e todo o universo que a contempla, o que fica evidente no resultado: um projeto denso, pessoal, sincero e, claro, com parcerias de peso aguardadas há anos, como é o caso de “Se Eu For Eu Vou Com Você”, com NX Zero.

PLUMA – Não Leve a Mal

O primeiro álbum da PLUMA já chegou aclamadíssimo e consolidou a banda paulistana como um dos maiores destaques do indie nacional neste ano. A sonoridade leve, alegre e cheia de personalidade seguiu a linha do que a banda já apresentava em EPs e singles, mas com uma identidade sonora, visual e conceitual muito mais redonda e cativante do início ao fim.

Darko US – Starfire

O quinto álbum da dupla americana dispensa comentários. Starfire é uma explosão de agressividade e complexidade, mesclando elementos de metalcore, deathcore e post-hardcore com uma energia imersiva e sombria. 

Cada faixa tem sua única estética e função dentro da obra e a cada play uma surpresa intensa e imprevisível. Com riffs pesados, breakdowns brutais, feats incríveis e uma produção polida que acentua a tensão emocional presente em cada faixa. O disco é mais uma prova do quanto Tom Barber e Josh Miller são uma dupla implacável e mais que perfeita.

Allt – From The New World

From The New World é uma obra que mistura elementos de metalcore, djent e thall com uma pegada atmosférica e introspectiva, trazendo uma jornada sonora única e emotiva.

A banda se destaca principalmente na hora de criar texturas densas e melódicas, com riffs que alternam entre momentos pesados e mais etéreos, dando uma sensação de “desbravar o desconhecido”. A produção do álbum é impecável, com cada instrumento ganhando espaço para se destacar, enquanto as linhas vocais transmitem vulnerabilidade e intensidade de uma forma única. Definitivamente, o disco já se consagrou como um clássico moderno.

Like Moths To Flames – The Cycles of Trying To Cope

The Cycles of Trying to Cope marca uma evolução sonora gigantesca para o Like Moths to Flames, trazendo uma mistura de post-hardcore com elementos de metalcore moderno, o álbum explora temas de lutas internas e auto-reflexão com letras que se aprofundam em questões de saúde mental e niilismo. 

As guitarras intensas se combinam perfeitamente com passagens melódicas, criando uma atmosfera emocionalmente carregada. Um grande destaque para a performance vocal de Chris Roetter, que consegue de forma magistral carregar toda culpa e agonia descrita nas letras de cada faixa, alternando entre gritos abrasivos e momentos mais melódicos e introspectivos, adicionando uma dinâmica poderosíssima ao trabalho.

156/Silence – People Watching

People Watching se assemelha a um filme de invasão domiciliar, onde a tensão está sempre presente e o imprevisível se torna a norma. O 156/Silence consegue criar uma experiência sonora soturna e arrepiante, mesclando elementos de metalcore, hardcore e post-hardcore de maneira desconcertante. 

As mudanças abruptas entre momentos de peso e passagens mais atmosféricas e mais introspectivas são como reviravoltas inesperadas em uma narrativa de terror psicológico. A produção consegue agarrar o ouvinte de uma forma única, e a sensação de claustrofobia se torna constante por meio de riffs sujos e vocais angustiantes.

There’s No Face – Contra/Senso

Contra/Senso desafia as convenções do hardcore e do metal, criando uma experiência sonora que se sente tanto visceral quanto intelectual. A There’s No Face mistura agressividade e complexidade, equilibrando riffs rápidos e únicos com momentos mais experimentais, como se estivesse constantemente indo contra a corrente. 

A obra conta com mudanças equilibradas e muito bem pensadas entre partes agressivas e mais introspectivas, e essas mudanças ajudam a criar uma sensação de um conflito interno, como um jogo entre o caos e a razão.

Fit For An Autopsy – The Nothing That Is

The Nothing That Is do Fit for an Autopsy mergulha em uma sonoridade visceral e impiedosa, capturando a angústia e a desolação do medo do desconhecido, algo que transparece em suas letras e atmosferas carregadas. 

A obra consegue abrir um paralelo com o terror cósmico, onde as forças externas e imensuráveis se entrelaçam com dilemas internos. A sensação de impotência diante do vasto e incompreensível é refletida tanto nas poderosas passagens instrumentais quanto na temática lírica, que lida com o vazio existencial, o caos mental e a busca por respostas de forma incessante e desesperada.

Windwaker – Hyperviolence

Hyperviolence é uma fusão audaciosa e inovadora de estilos que transcende as expectativas do metalcore tradicional. Tal genialidade está na maneira como eles misturam elementos do hyperpop com a agressividade crua do metalcore, criando uma sonoridade impactante e dançante. 

O uso de sintetizadores brilhantes e vocais alterados traz uma energia eletrônica vibrante para um gênero que costuma ser dominado por pesados riffs de guitarra e gritos intensos. Essa mistura cria uma tensão unica, onde os momentos de alta energia e euforia contrastam com os ataques sonoros abrasivos típicos do metalcore.

Boundaires – Death Is Little More

Death Is Little More do Boundaries se consagra como o melhor álbum da banda, representando uma evolução significativa em sua sonoridade e um dos maiores marcos do metalcore contemporâneo. 

O álbum combina a ferocidade das composições de metalcore com uma profundidade emocional rara, elevando a banda a um novo patamar jamais antes visto. As guitarras densas e os breakdowns pesados são entrecortados por momentos de reflexão e tristeza, criando uma jornada auditiva que vai além da agressão sonora, explorando temas como sofrimento psicológico, perda e luta interna. 

Tudo isso torna Death Is Little More não apenas um marco na carreira da banda, mas também um dos álbuns mais completos do ano.

Make Them Suffer – Make Them Suffer

Make Them Suffer, o álbum homônimo da banda australiana, representa uma poderosa reinvenção de seu som, solidificando sua posição como uma das principais forças do metalcore moderno. 

Este trabalho é a síntese perfeita entre brutalidade e melodia, com a banda conseguindo equilibrar momentos de extrema agressividade com passagens limpas, focando em sintetizadores e melodias mais complexas. As guitarras afiadas e os breakdowns pesados continuam presentes, mas agora acompanhados de uma dinâmica mais refinada, onde os teclados e as atmosferas mais sombrias ganham destaque, criando uma experiência auditiva mais envolvente e multifacetada.

Thrown – EXCESSIVE GUILT

EXCESSIVE GUILT, o álbum de estreia da banda sueca Thrown, marca uma estreia impressionante e audaciosa no cenário do metal moderno. A banda mistura com maestria elementos de nu-metal, metalcore e até influências do sludge, criando um som denso, visceral e impiedoso. 

Desde a primeira faixa, EXCESSIVE GUILT se apresenta como um turbilhão sonoro, onde riffs pesados e breakdowns arrasadores são predominantes, apenas dando espaço para versos rimados agressivos, conferindo à obra uma dinâmica única. 

Pale Waves – Smitten

Apesar de nunca ter estourado a bolha, o Pale Waves sabe fazer refrões como ninguém: pegajosos, com letras apaixonadas/desiludidas gostosas de cantar. Smitten é a epítome desse super-poder de Heather Baron-Gracie e companhia, um álbum que retoma a sonoridade do primeiro trabalho da banda, mas com elementos do dream pop de Cocteau Twins e The Cure.

Ótimo para ouvir na estrada, ou às quatro da tarde em algum festival (alô festivais!).

Oso Oso – Life Till Bones 

Jade Lilitri é o homem por trás da alcunha Oso Oso. Desde de que lançou esse projeto, vem expandindo sua sonoridade e criando uma identidade bastante própria, e Life Till Bones talvez seja uma simplificação de todo esse processo, e proporciona menos complexidade e mais conforto.

É um trabalho que explora a intersecção entre o emo, o punk 77 e o indie rock de garagem, sem perder os detalhes que são marca registrada da banda, assim como as poderosas composições de seu mentor.

ERRA – CURE

Além de sua participação especial em Anything > Human da banda Bad Omens esse ano, o quinteto ERRA lançou em abril seu sexto álbum de estúdio sem deixar de lado seu ritmo agressivo e cheio de “grooves”.

Permeando berros marcantes e vocais melódicos em meio à técnicas impecáveis de todos seus integrantes, a banda apresenta aos seus ouvintes um prato cheio para qualquer bom amante de metalcore e progressivo. Eles criam uma atmosfera capaz de levar qualquer ouvinte atento à um sonho completamente eufórico através de suas 12 faixas.

While She Sleeps – Self Hell

O quinteto britânico lançou em março deste ano seu sexto álbum de estúdio, assim como sua segunda passagem pelo Brasil ao longo do festival Summer Breeze. A banda surpreendeu o público com não somente faixas que contam com participações especiais, mas também trabalhos que cativam a atenção ao olhar de seu público com seu trabalho primoroso em seus clipes, como “To The Flowers” com toda sua narrativa emotiva e íntima, que se relaciona facilmente com quem a ouve.

A banda segue com seus ritmos, riffs e distorções marcadas não somente na maestria de seus instrumentos, mas pela profundidade lírica de suas letras ao abordar temas relacionados à saúde mental, mostrando que continuam contribuindo de maneira marcante, deixando sua assinatura no meio do metalcore.

The Ghost Inside – Searching For Solace

Com seu single “Earn It” lançado ainda em 2023 e marcando sua passagem por terras brasileiras em fevereiro deste ano, The Ghost Inside lançou seu sexto álbum de estúdio em abril comprovando que o acerto de contas com seus demônios segue em dia.

Com letras que, inevitavelmente, remetem ao ocorrido passado da banda e sua relação com experiências de quase morte, o quinteto americano relembra que nossos dias são numerados e que devemos aproveitar todas as oportunidades que tivemos para continuar berrando a plenos pulmões e lutando pela mudança que queremos ver ao nosso redor.

Normandie – Dopamine

Com sua capa peculiar de balões sorridentes dentro de um vagão de trem, Normandie nos “medicou” através de Dopamine em fevereiro deste ano, seu quarto álbum de estúdio. Através desse trabalho, o trio de post-hardcore alternativo nos leva para uma viagem ao redor do nosso próprio interior, literalmente.

Contando com sua levada descontraída e músicas marcantes, o álbum dialoga com as ligações cerebrais em nossos corpos em meio às emoções humanas – como o amor – em suas músicas como “Serotonin”. Tudo isso sem deixar de lado referências (inclusive medicamentosas) ao longo de suas letras, elemento que se faz presente também nos vídeos mais recentes. Sem sombra de dúvidas uma escolha de elementos muito curiosa e muito diferente do que muitas bandas produzem hoje em dia.

Being as an Ocean – Death Can Wait

No mês de fevereiro a até então dupla Being As An Ocean deu vida ao seu sexto álbum de estúdio. O disco foi lançado sete meses antes do anúncio feito em seu Instagram oficial, em setembro, informando aos fãs que a dupla perdia um de seus integrantes, Michael McGough, restando somente Joel Quartuccio encabeçando o projeto.

Com suas letras extremamente profundas, que lidam com problemas e emoções de maneira visceral e sem medo de colocar o dedo na ferida, essa obra prima do hardcore melódico faz questão de trazer uma perspectiva diferente. De maneira leve, através de seus 40 minutos e 10 faixas conseguem lembrar a todos que, mesmo que a vida seja passageira, nem sempre a morte pode esperar. Estamos todos com um pé na vida e outro na cova, permeados por diversos problemas ao lidar com nosso caos e agonia interior e também desejamos uma única coisa em comum: a paz.

tem mas acabou – Quintal

Quem diz que a cena carioca já esteve mais viva, definitivamente precisa sair um pouco da capital e explorar a região metropolitana. Diretamente de Niterói, a tem mas acabou é um power trio com integrantes “emprestados” da Yuri e os Terráqueos, mas oferecendo um, como a própria banda brinca, “shoegaze sem pretensão de ser, rock brasileiro por convicção.” É na sinceridade e no amor de fazer o que faz que mora a beleza das coisas, e é por isso que Quintal é tão fascinante e merece seu play.

Green Day – Saviors

Em Saviors, o Green Day acertou a mão e trouxe de volta o pop punk crocante e viciante que o consagrou. O álbum mescla músicas que vão do punk rock clássico à la Ramones (“Look Ma, No Brains”) ao rock n’ roll garageiro (“Living in the ‘20s”) com muita naturalidade e coesão. O disco já abre com uma faixa criticando o sonho americano (“The American Dream is Killing Me”), mostrando que temos o Green Day em sua essência aqui. Saviors chegou com força e já é um dos destaques na discografia da banda, sendo seu melhor e mais consistente trabalho desde o já clássico American Idiot (2004). Que Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool continuem a surpreender os fãs positivamente nos próximos anos.

Linkin Park – From Zero

From Zero marca o aguardado retorno do Linkin Park. O disco dá início a nova fase da banda, que conta com a vocalista Emily Armstrong e o baterista Colin Brittain. É um trabalho forte e cheio de vida, que respeita o legado criado pela banda enquanto olha para o futuro. 

Um disco pesado e que entrega algumas das melhores músicas da carreira do Linkin Park, como “Two Faced”, “Casualty” e “IGYEIH”, que resgatam a sonoridade pesada e com doses de nu metal do início de carreira, além de trazer ótimas composições que conversam com os trabalhos mais pop e atuais do grupo, como “The Emptiness Machine” e “Over Each Other”. From Zero veio para mostrar que o Linkin Park está muito vivo e ainda tem muito a dizer.

P.O.D. – Veritas

O P.O.D. é um dos principais nomes do nu metal e um dos poucos que não tomou outros rumos musicais ao longo dos anos. Permanecer fiel ao gênero que o consagrou foi uma escolha acertada para o grupo, que lançou um de seus melhores trabalhos em Veritas

Pesado, envolvente e contagiante, o álbum traz as melhores características da banda, que aqui soam revitalizadas. A mistura clássica de rap com rock ganhou um tempero extra em Veritas, com um instrumental marcante, potente e encorpado, mantendo a energia do disco sempre lá em cima. O álbum ainda conta com várias participações especiais de nomes como Tatiana Shmayluk (Jinjer), Randy Blythe (Lamb of God) e Cove Reber (ex-Saosin, Dead American e Lé Tired), que trazem ainda mais brilho para o trabalho mais recente da banda. 

Dead Fish – Labirinto da Memória

Considerado um dos pilares do hardcore nacional, o Dead Fish é um nome que sempre traz uma certa carga de expectativa em seus lançamentos. Labirinto da Memória não decepciona e é mais um trabalho fora da curva de uma banda que segue se mantendo relevante e interessante ao longo dos anos. Inspirado pela obra Realismo Capitalista, o disco recapitula o passado para olhar para o futuro. 

É um trabalho mais melódico e polido, mas sem perder a essência do grupo, que continua trazendo questionamentos em suas composições, além de sua agressividade e energia, mesmo que em uma abordagem mais intimista e amena. Labirinto da Memória é uma obra para ser explorada e degustada com calma, onde a veia melódica conduz o ouvinte a uma reflexão sobre o cotidiano brasileiro e a memória coletiva. Vida longa ao Dead Fish.

boasorte – indelével

Uma das gratas surpresas de 2024, os paulistas do boasorte chegaram na cena com um dos trabalhos mais interessantes e deliciosos do ano. indelével, trabalho de estreia da banda, traz uma forte carga sentimental e melódica, refletindo sobre o contraste da vida na capital e no interior. Recheado de sensibilidade e sentimento, o disco é um presente para os amantes do som alternativo que flerta com o indie. Com um instrumental marcado pelas guitarras, acompanhado da bela voz da vocalista Ingrid Rocha, indelével entrega uma audição gostosa e prazerosa, mostrando que a banda tem um futuro bem promissor dentro da cena. 

Axty – Hannya

Axty definitivamente vem conquistando seu espaço na cena do metalcore cada vez mais mundo afora. Sempre com berros marcantes e vocais melódicos que têm o encaixe perfeito no breakdown pesado, em 2024 a banda nos dá de presente o Hannya, seu terceiro álbum de estúdio.

As faixas exploram pedais duplos e arranjos elaborados, alinhados em uma maturidade musical que se destaca nesse novo trabalho. As influências de grandes bandas do metalcore dos anos 2000 se misturam com a autenticidade dos integrantes e geram o melhor disco da banda até então.

Um disco merece ficar marcado na história do metalcore brasileiro e dar visibilidade internacional à banda cada vez mais.

Knocked Loose – You Won’t Go Before You’re Supposed

O terceiro álbum de estúdio do Knocked Loose chegou em maio desse ano e mostrou que o quinteto é o nome mais expoente do metalcore moderno. You Won’t Go Before You’re Supposed To traz letras melancólicas e uma melodia agressiva, mantendo a essência do grupo tão bem conhecida e apreciada pelos fãs.

Mesmo com apenas 10 faixas e menos de 30 minutos de duração, o disco deixa explícito que a banda americana, apesar de já ter desbravado locais ainda não alcançados pelo metalcore, ainda vai conquistar muito mais espaço. Os breakdowns pesadíssimos e a voz inconfundível de Bryan Garris deixam claro que um pouco mais de uma década de banda não foi o suficiente para o Knocked Loose, e que eles ainda têm muita história para contar. 

Felizmente a banda fará sua estreia no Brasil em 2025, no Bangers Open Air, e promete ser uma das grandes atrações do festival.

Mannequin Pussy – I Got Heaven

No melhor estilo riot grrl, o quarto álbum de Mannequin Pussy é um trabalho curto, mas impactante. Carregado pela voz poderosa e visceral de Marisa Dabice, I Got Heaven traz uma fusão envolvente de punk, indie e rock alternativo, que transborda em emoções conflitantes e de empoderamento.

Efervescente e altamente viciante, o trabalho veio para consolidar a carreira da banda da Filadélfia e marcar a memória de quem o escuta.

Touché Amoré – Spiral In A Straight Line 

Com faixas fortes, diretas e extremamente emocionais, o álbum mescla, numa metamorfose repleta de detalhes e referências inteligentes, o que há de melhor das facetas do indie melódico e do hardcore de Touché Amoré. Há quem diga que o trabalho parece não prometer nada de inovador ou ambicioso e, talvez, essa seja sua maior vantagem: superar as expectativas colocadas nele.

Boston Manor – SUNDIVER

Atualmente, o Boston Manor parece estar em um lugar melhor, tanto emocionalmente quanto musicalmente. Sundiver mostra uma banda madura, que sabe o que quer e como fazer para chegar lá. Dando continuidade à narrativa de Datura (2022), o quinteto de Blackpool apresenta um trabalho que celebra o amanhecer e a esperança, contrastando com a escuridão do disco anterior.

O disco é uma jornada de renascimento e autodescoberta, um novo caminho a ser trilhado. O quinteto de Blackpool sabe melhor do que ninguém pegar o melhor de suas influências musicais e transformá-las em algo único. Sundiver não pode ficar de fora da sua lista de 2024.

Cane Hill – a piece of me i never let you find.

a piece of me i never let you find. é o exemplo perfeito da capacidade do Cane Hill de evoluir seu som sem perder a essência. Os vocais de Elijah Witt são, com certeza, o ponto alto de toda a obra, alternando com naturalidade entre falsetes suaves nos refrões e gritos a plenos pulmões. Com um equilíbrio impecável entre o peso do metalcore e o melódico, o álbum é uma escolha certeira para quem gosta do intenso, mas sem abrir mão da emoção.

Triste e envolvente, o disco se destaca por sua ambientação cinematográfica, que transporta o ouvinte para dentro de uma narrativa profunda e emocional. Tudo é muito bem executado, refletindo o amadurecimento da banda, que reafirma seu lugar como um dos nomes mais promissores da cena atual.

Stand Atlantic – WAS HERE

Uma das bandas mais consistentes da atualidade, o Stand Atlantic elevou o nível do pop punk moderno desde seu primeiro EP, Sidewinder (2019) e, agora, após três discos excelentes lançados (contando com o melhor de 2020, Pink Elephant), é obvio que WAS HERE não seria diferente.

São 15 faixas que abordam de forma visceral a complexidade de seguir em frente após vivenciar situações traumatizantes e períodos turbulentos da vida. Nesse trabalho, os australianos exploram um sentimento muito específico (e até mesmo uma fase de amadurecimento muito singular) que é de sentir raiva, arrependimento, confusão entre diversos outros sentimentos e, mesmo assim, sentir-se em paz com tudo isso. Uma obra prima por si só, mas que fica ainda melhor quando encontramos feats poderosos como o de PVRIS e Polaris na tracklist.

SPEED – ONLY ONE MODE

Uma banda a ser enaltecida em todos os aspectos: essa é SPEED. Enquanto o Brasil dá um show de modernidade e vitalidade na nova cena de hardcore, a Austrália não fica para trás. Reminiscente de bandas que vieram do cenário novaiorquino, o grupo incorpora a energia e a agressividade desse hardcore punk old school na mesma medida que traz um frescor e diversos elementos de novidade para seu som.

Dito isso, ONLY ONE MODE é uma verdadeira obra prima que tem todos os ingredientes necessários para agradar um bom fã de moshs e two steps. Vocais poderosos, guitarras e baterias energéticas e uma atmosfera que fará qualquer ouvinte implorar por mais minutos.

Telltale – Telltale

Conhecidos até então pela faixa “Rose” e seu pop punk chiclete, o ano de 2024 foi o momento para o Telltale dividir com o mundo seu álbum de estreia após cinco anos lançando EP atrás de EP, então nada melhor que a obra ser homônima justamente a fim de trazer a tamanha importância desse feito para a banda. Apesar de muito diferente de todos os trabalhos anteriores, é fácil dizer que Telltale é um dos melhores álbuns de estreia do ano.

Emocionante, poderoso e grandioso em sua essência, há muito do tradicional pop punk da banda por aqui, porém foi logo em seu primeiro álbum de estúdio que o Telltale resolveu soar um pouco mais pesado – e ainda bem que o fizeram! É um excelente trabalho para conhecer a banda e, principalmente, acompanhar cada passo que estão dispostos a dar a partir de agora.

Casey – How to Disappear

Aguardadíssimo desde 2023, não é mentira que o álbum de retorno às atividades do Casey carregaria muita expectativa dos fãs. Felizmente, o quinteto britânico não decepcionou nem um pouco quem queria começar o ano ouvindo um bom post-hardcore carregado de elementos que nos fazem amar tanto o gênero.

O instrumental é excepcional, com letras tão carregadas de emoção e sentimentalismo que transbordam toda a beleza de uma obra ser assim, tão vulnerável. É comovente ver como o tempo pode mudar tantas coisas para ainda melhor, e How to Disappear é a prova disso.

measyou – Toda Tristeza Que Habita em Nossos Quartos

Sem hora certa pra nascer, mas ressoando em cada um de forma diferente: 2024 foi um ano e tanto para Lucas, do measyou, e Toda Tristeza Que Habita em Nossos Quartos marca não somente um fim como um novo início para a carreira do músico do Vale do Paraíba. Foram três anos de trabalho (e retrabalho), frustrações, problemas particulares, profissionais, alegrias e realizações refletidos ao longo de 10 faixas – algumas com participações especiais de Laso, Caio Weber, Twin Pumpkin, Bruno Cappio e Matheus Wallace.

Imminence – The Black

Que a Suécia é casa de excelentes bandas de metalcore, isso não há dúvidas. Nno meio de tantos nomes, o Imminence chamou atenção há um tempo, e em The Black, o grupo entrega seu mais excepcional e incrível trabalho até agora. Bem feito e sabendo introduzir bem as cordas e elementos que tornam a sonoridade um pouco mais melódica do que esperado, o disco é um verdadeiro prato cheio para quem procura consumir um pouco de metalcore moderno.

Marianas Trench – Haven

Marianas Trench é uma das bandas guardadas com muito carinho em todos os corações que viveram o cenário de bandas estrangeiras em 2010, assistindo aos clipes na MTV, no YouTube e, principalmente, salvando gifs no Tumblr. Após um tempo sem deixar claro se o grupo ainda estava vivo ou não, os canadenses reservaram o ano de 2024 para lançar o seu “we are so back”.

Em Haven, o Marianas Trench mostra que está muito disposto a entregar uma obra prima mesmo após a desastrosa carreira solo do vocalista Josh Ramsay. O trabalho é um ópera rock wannabe, mas muito bem executado em sua ambientação e elementos; há lirismo e muita melodia, e sobretudo é, nada cansativo para um álbum de 53 minutos.

Microwave – Let’s Start Degeneracy

Uma das bandas mais incríveis de se acompanhar nos últimos anos, em Let’s Start Degeneracy, o Microwave prova ainda mais como estar perto não é nada entediante. Triste, otimista, nostálgico e reflexivo ao mesmo tempo, aqui a banda aborda temas de altíssima sensibilidade como um golpe direto no rosto – um verdadeiro soco no estômago sem que possamos ver de onde veio.

Quem ouve esse trabalho pode esperar uma linguagem de opostos um tanto curiosa a fim de equilibrar o peso das letras com as melodias dançantes, graças ao uso de sintetizadores e efeitos sonoros. É um disco que fala, resumidamente, sobre o uso de substâncias tóxicas (seja elas quais sejam, afinal, o nome do álbum brinca com a sigla “LSD”), porém com uma mensagem, no fim das contas, que fala sobre cura.

Real Friends – Blue Hour

Ainda que muita gente ainda trate o Real Friends como um assunto delicado após a saída de Dan Lambton em 2020, a banda deixa bem claro que está em outro momento. Após um comunicado publicado nas redes sociais anunciando que se encontravam completamente independentes, Blue Hour nasce sem o apoio de uma gravadora – muito pelo contrário: sob o seu próprio selo musical, Midwest Trash.

Esse é o primeiro trabalho com Cody Muraro como vocalista, e quatro anos após o último disco de estúdio da banda, Blue Hour reflete a maturidade do Real Friends como compositores, instrumentistas e principalmente como unidade. É o trabalho que posiciona a banda novamente como um nome relevante no cenário pop punk que, sim, está com um novo vocalista, mas que sem dúvidas tem muito ainda para entregar.