Paralelo ao fim e quando a música serve como a celebração de uma amizade
Duo de rock alternativo de Campinas lançou recentemente seu primeiro single, “Grito”, que antecipa álbum de estreia

Arte pode ser mágico, principalmente quando está entrelaçada à memórias afetivas. Para Vini Almeida e Gui Medeiros, a música sempre foi um pilar, que vem desde a adolescência. Isso porque ambos cultivaram uma amizade desde Paralelo, banda que mantiveram enquanto mais jovens e que foi a razão de não somente muitos sonhos se realizarem como também o motivo de olharem com tanto carinho para o passado atualmente.
Anos depois, em tempos que a vida adulta pode ser vista como um rolo compressor, a música ainda é o que mantém essa chama acesa no coração dos dois. Agora, mais velhos, com outras preocupações, outros problemas e outros sonhos, coexistir com arranjos e melodias ainda é algo essencial para Vini e Gui. E é justamente nesse contexto que nasce a Paralelo ao Fim, banda de Campinas, São Paulo, que chega para ser, definitivamente, uma das melhores surpresas de 2025.

“Esse início ou retorno da Paralelo ao Fim marca um processo de não deixar os sonhos morrerem”, inicia Gui, em entrevista exclusiva ao Downstage. “Eu e o Vini somos amigos de infância e tivemos uma banda na adolescência que era uma paixão enorme, a gente vivia para essa banda, mas com a chegada da vida adulta, ela se desfez.”
“Aí agora, passado alguns anos, a gente voltou a olhar com muito carinho pra essa época — até porque a gente nunca deixou de ter essa vontade de gravar nossas músicas e compor”, conta o músico.
Olhar com tanto saudosismo para esse projeto adolescente fez com a dupla mantivesse (ou pelo menos referenciasse) o nome original da banda antiga, Paralelo, fazendo um trocadilho para que o sonho agora não se desfizesse. “A gente decidiu que seria Paralelo ao Fim, um projeto para celebrar a nossa amizade. Que vem da Paralelo e vai até o fim”, explica ele.

O duo lançou recentemente seu single de estreia, “Grito”, que chegou acompanhado de um clipe feito no modo do it yourself, o que só entrega o tamanho carinho, dedicação e capricho que Vini e Gui têm com esse trabalho — e contagia todos ao redor.
O single chega para antecipar o primeiro álbum do duo, “A Nostalgia Me Abraçou”, que será lançado ainda em 2025 em parceria com o selo downstage. O título, dado em primeira mão ao Downstage, tem como objetivo ser um complemento dessa história contada com o retorno da banda: ”o embrião de todas as músicas do disco vem lá de trás também: fragmentos de ideias, trechos de composição. A gente reviveu eles e desenvolveu as composições a partir da cabeça que a gente tem hoje”, conta Gui ao site.
Ele continua: “Inclusive duas músicas do disco eram dessa época, mas foram rearranjadas com as referências atuais e tudo mais.”
“Grito”, inclusive, é uma dessas músicas repaginadas da adolescência de Vini e Gui. “Ele significa basicamente um alívio”, conta o vocalista, detalhando que a primeira versão da música não era algo que agradava o duo, muito pela “falta de experiência” da época. “Não ficamos satisfeitos com o resultado final em questão de produção [na época]. Agora a gente deve esse alívio ao Gabriel Zander, que produziu a nossa música. Ele é um cara que, velho, produziu as bandas que a gente gosta, então foi muito fácil chegar no som que a gente queria.”
O CLIPE
Seguindo a temática nostálgica do disco, “Grito” chegou acompanhado de um clipe dirigido por Giovana Padovani, que também é amiga de longa data de Vinicius e Guilherme. Gravado em Campinas, o filme traz elementos da infância dos dois amigos, principalmente da época em que ambos mantinham a Paralelo, mas também brinca com referências de filmes e séries como ET – O Extraterrestre e Stranger Things, que conseguem abordar muito bem a estética oitentista nas telas.
“O clipe mostra o que a gente gostava de fazer quando era adolescente: andar de bike, ouvir música juntos”, conta Gui. “A praça que aparece, inclusive, é uma praça que fica em frente a uma casa de shows underground aqui em Campinas, que foi o lugar que a gente mais tocou na vida, incluindo quando a gente tocou juntos pela primeira vez.”
“A gente tá muito feliz e satisfeito com o resultado do clipe”, comenta Vinicius. “Enquanto a gente tava gravando, a gente já sabia que ia sair algo legal. Mas quando a gente viu a primeira montagem, todas as expectativas foram superadas. Todas as pessoas que participaram do clipe participaram da nossa adolescência, então durante as gravações a gente sentiu muito essa nostalgia — e quando a gente assistiu também. Então [ele] documentou um pouco essa parte da nossa infância e adolescência, isso fez com que tudo se tornasse mais especial.”

Sobre as referências e inspirações, a diretora Giovanna Padovani revela que a banda já tinha vindo com uma ideia praticamente pronta para o clipe, mas que alguns elementos foram incorporados durante a produção. “Então tem várias cenas que foram bem pensadas em cima dessas duas referências cinematográficas”, explica ela. “Outra coisa que adicionamos foi a handycam, uma ideia minha, para dar esse ar de nostalgia que a gente queria. E acho que foi um dos melhores complementos que tivemos, acho que rendeu as cenas mais legais e que deu o resultado que a gente queria.”
Ela finaliza: “Foi um trabalho bem longo de pré-produção, produção e pós. Foi meu primeiro videoclipe então eu tive muitos aprendizados e acho que atendeu todas as expectativas que os meninos tinham. A gente quer levar essa nostalgia pro pessoal que vai assistir agora.”
A Nostalgia Me Abraçou, o primeiro disco da Paralelo ao Fim, chega ainda em 2025 pelo selo downstage. O primeiro single, “Grito”, já está disponível em todas as plataformas digitais.