A Day to Remember não tem medo de experimentar em You’re Welcome

Aguardado álbum de inéditas lançado em março surpreende com nova sonoridade

Imagem: Reprodução / Fueled by Ramen

O A Day To Remember fez seu nome dentro do cenário post-hardcore e metalcore com o lançamento de seu segundo disco, o ótimo For Those Who Have Heart (2007). A banda então inseriu elementos de pop punk em seus trabalhos posteriores, com doses moderadas em Homesick (2009) e pesando mais a mão em What Separates Me From You (2010)

É possível notar que em Common Courtesy (2013), o lado pop começou a aflorar e ganhar mais espaço dentro da estrutura musical trabalhada nos álbuns anteriores.  Essa abordagem mais pop já apontava para a sonoridade que seria executada em futuros lançamentos. Em Bad Vibrations (2016), o ADTR voltou a colocar peso em suas composições, o que resultou em uma obra confusa, misturando faixas pesadas e pop que não conversam entre si. 

Ao fazer um feat com o DJ Marshmello na música Rescue Me, a banda surpreendeu todos os fãs e deixou todos curiosos com o que estaria por vir. Com o lançamento de alguns singles, a expectativa em torno do novo trabalho ficou ainda maior, assim como o receio dos fãs com o resultado final do álbum.

A Day to Remember (Imagem: Reprodução / Spotify)

Atuando de forma independente por 6 anos, tendo suporte da gravadora Epitaph na distribuição de Bad Vibrations, o ADTR volta a lançar um álbum por uma grande gravadora, a já conhecida Fueled by Ramen. Lançado no dia 5 de março de 2021, You’re Welcome marca uma nova fase na carreira da banda. Além da nova gravadora, outro fator que evidencia essa fase é a mudança drástica em sua sonoridade, abraçando elementos de música eletrônica, hip-hop e deixando a veia pop pulsar mais forte. A produção ficou por conta de Collin Brittain e Jeremy McKinnon.

O disco abre com Brick Wall, que remete às faixas mais pesadas presentes em Bad Vibrations. Com passagens pesadas em momentos pontuais, a música carrega a essência dos primeiros trabalhos da banda. Mindreader foi um dos singles de divulgação e é o ADTR jogando em casa. Pop punk bem feito e que gruda na cabeça como chiclete, agradando logo na primeira audição.

Em Bloodsucker, a banda abraça o pop radiofônico que os fãs tanto temiam. Mesmo seguindo uma estrutura genérica, a faixa se encaixa na proposta do álbum, mas passa longe de ser um dos destaques e provavelmente foi pensada para os shows em grandes festivais. Last Chance To Dance (Bad Friend) volta com o peso no instrumental e traz os vocais agressivos de Jeremy McKinnon. Um deleite para os saudosistas e amantes da fase Homesick/For Those, sendo perfeita para “dançar” nos shows. 

F.Y.M. volta com a abordagem mais leve e acessível, mas é de longe a mais esquecível do álbum, sem nenhum momento marcante. O pop volta a aflorar em High Diving, com um refrão fácil de lembrar e cantarolar. Mesmo destoando de tudo que o ADTR já havia feito, a faixa é agradável e funciona muito bem (principalmente para quem gosta de um som indie-pop).

Resentment foi o segundo single de trabalho e é facilmente a melhor faixa de You’re Welcome. Mistura elementos modernos à sonoridade característica da banda, funcionando de maneira orgânica e natural. Com um breakdown absurdo e um refrão poderoso, a música foi bem recebida em seu lançamento e deixou os fãs animados.

(Imagem: Adam Elmakias / Reprodução Twitter)

Além do pop e da música eletrônica, o ADTR também flerta com o hip-hop em Looks Like Hell. Isso mostra como estavam abertos a novas experiências e prontos para arriscar. O resultado foi bem satisfatório e é um momento bem interessante no álbum. Viva la Mexico é uma surpresa inusitada que mistura pop punk com elementos de música mexicana. Uma mistura peculiar, mas que no final funcionou bem e trouxe originalidade para a canção.

O ADTR sabe fazer boas baladas e aqui não poderia ser diferente. Em Only Money, o lado melódico fala mais alto e temos um belo momento intimista. Degenerates foi o primeiro single e dividiu a opinião dos fãs. Por ser bem mais pop do que o normal, a música demorou para ser absorvida e deixou boa parte do público com o pé atrás. Após algumas audições, a faixa mostra seu valor e no disco ela funciona ainda melhor. 

Permanent é uma ótima faixa que mescla as novas influências à sonoridade do ADTR de maneira natural. O pop punk radiofônico volta a dar as caras em Re-Entry. É um dos momentos sem muito destaque, onde a estrutura batida acaba prejudicando o resultado final. O álbum fecha com outra balada, a agradável Everything We Need, que carrega uma vibe de encerramento. 

Assim como outras bandas arriscaram e mudaram sua sonoridade, o A Day To Remember também saiu da sua zona de conforto almejando novas conquistas. Claro que toda mudança tem seus prós e contras, que vão se mostrando ao longo do tempo. Muitos fãs não são a favor de mudanças e torcem o nariz quando um álbum apresenta uma nova sonoridade, assim como outros consideram uma grata surpresa. 

You’re Welcome é um trabalho bem pensado e que traz ao longo de suas 14 faixas vários elementos e experiências musicais, soando mais coeso e organizado que seu antecessor. O álbum passa por vários gêneros, surpreendendo o ouvinte, sendo aquele álbum que vai crescendo a cada audição. You’re Welcome é pop sim, mas além de ser uma obra pop bem feita, não se limita a um único estilo e se mostra bem diversificado. É um bom disco, com algumas derrapadas e momentos fracos, mas que certamente irá surpreender o ouvinte de mente aberta e liberto de amarras com obras do passado. É o A Day To Remember olhando para o futuro sem medo de mudar. 

Para fãs de: Emarosa, Our Last Night e Of Mice & Men