Bad Omens é intenso e sensual em The Death Of Piece Of Mind

Álbum é um dos mais surpreendentes do ano até agora

Capa: Sumerian Records

O terceiro álbum de estúdio do Bad Omens, intitulado The Death Of Piece Of Mind, mal foi lançado e já recebeu críticas positivas. Não surpreende, já que todos os singles lançados antes do álbum foram um enorme sucesso.

TDOPOM é um trabalho obscuro, poético, futurista, eletrônico e sensual. Toda a sua composição é hipnotizante, com letras densas e cativantes, batidas suaves e constantes e refrões intensos. Com 15 faixas surpreendentes, podemos até arriscar que este é o álbum do ano e o melhor do Bad Omens até agora.

(Foto: Oswaldo Cepeda)

A grande composição poética dele já começa pela sua capa, que representa o conceito de como é lutar contra a sua própria mente diariamente. É a mais perfeita representação de pessoas que sofrem com problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e distúrbios de personalidade. A falta de roupa da mulher representa a falta de personalidade que muita gente sofre durante seus episódios de crise; a postura debruçada mostra o grande peso que esses problemas causam, o fardo pesado de cada doença; o quarto vazio significa a solidão.

Pessoas ansiosas e depressivas tendem a ser mais sozinhas, inconscientemente empurrando todos para longe, porque, para elas, é mais fácil viver assim; e o vermelho representa a paixão, o amor e a felicidade que essas pessoas podem sentir, ao mesmo tempo que sentem raiva, dor, angústia e estresse constante. São sentimentos profundos e intensos que rodeiam essas pessoas durante toda a sua vida, constantemente. 

Resumindo, o conceito completo da capa é você olhar para alguém que uma vez conheceu e não ser capaz de reconhecê-la mais, porque sua personalidade e mente estão em constante mudança, sempre lutando contra seus próprios demônios.

Toda a concepção da capa é visível em todas as faixas do álbum. A profundidade de cada música pode ser sentida em cada batida, em cada timbre do Noah, fazendo o ouvinte sentir diversas sensações e ser transportado para o próprio mundo que Bad Omens criou.

Um álbum completamente coeso e aclamado pelos fãs, transportando cada um para um lugar distante, calmo e seguro, como se sussurrasse “você está seguro aqui dentro e nada pode te machucar”.

O disco já começa com uma batida suave e um vocal hipnotizante. CONCRETE JUNGLE é a faixa mais perfeita para dar início ao álbum, começando lenta e estourando do meio para o final, com um clímax arrebatador e um final marcante. Nowhere To Go é mais rápida, mais urgente, com um lírico mais profundo, uma guitarra sombria, riffs arrepiantes e um refrão cativante, fazendo o ouvinte viajar e se perder dentro de si mesmo.

(Foto: Oswaldo Cepeda)

Take Me First já começa com a voz angelical de Noah e uma melodia envolvente. É uma faixa tranquila, mas ao mesmo tempo caótica – o que representa muito bem o álbum em si. O refrão é aquele que gruda na cabeça e mexe com o seu coração de uma forma absurda, impossível de superar.

O maior e mais aclamado single do álbum, The Death Of Piece Of Mind, tem o seu lugar especial na alma de cada fã. Com todo o conceito do álbum guardado nessa faixa, não tem como não adorá-la logo de cara. Letras fortes, batidas precisas e um vocal arrepiante. Bad Omens não podia ter entregado mais. What It Cost é mais uma intro para uma das mais intensas e profundas músicas já escritas por Noah: Like a Villain. É possível se perder completamente e se entregar por inteiro dentro dessa faixa.

bad decisions é uma faixa calma, intensa e pacífica. Apesar de ter uma letra mais profunda, sua melodia é suave, capaz de despertar sentimentos de amor, carinho e fazer o ouvinte projetar um lugar de paz para si. Just Pretend é eletrizante, te cativa do começo ao fim, tem um refrão capaz de transformar os piores sentimentos em borboletas brilhantes. O ouvinte pode se sentir triste e feliz ao mesmo tempo, são sensações completamente mistas, mas satisfatórias, porque a música ao menos te faz sentir.

The Grey mostra um lado de Bad Omens que poucos eram capazes de enxergar. A música traz sensações infinitas e prova que o metalcore moderno é composto por detalhes e diferenciais que muitas bandas não conseguem alcançar, pelo menos não como esse quarteto é capaz. O alcance de qualidade e performance que a banda está tendo é surreal.

A faixa Who are you? é diferente, senão peculiar. Uma vertente que vem crescendo cada vez mais dentro do metalcore. É uma faixa futurista e poética, trazendo sensações distintas e um misto de tranquilidade com desapego. É intensa, ou você ama ou detesta. Somebody Else está dentro da vertente mais futurista da faixa anterior, com sintetizadores constantes e uma batida mais envolvente. É gostosa de ouvir e sentir, sendo capaz de transformar diversos sentimentos e projetar realidades paralelas. IDWT$ é completamente distinta de tudo o que ouvimos até agora. Lembra um pouco o Post Human do BMTH – algo futurista, um metal misturado com um pouco de pop, deixando uma sensação empolgante e viciante.

E, se estávamos esperando algo mais eletrizante e diferente de tudo o que Bad Omens fez até hoje, eles então fizeram What do you want from me? É também aquela faixa que ou você ama ou odeia, não existe meio termo. Com uma letra profunda e inspiradora, a música traz uma sensação peculiar de nostalgia junto com algo que ainda não vivemos (faz sentido?). É uma faixa única e, sem dúvidas, o que o metalcore moderno estava precisando.

ARTIFICIAL SUICIDE é pesada, obscura e terrível, de um jeito bom, óbvio. É a música mais pesada do álbum, com um gutural tenso e sombrio. Delicioso de ouvir e viver cada segundo. Can you hear me through the white noise? E, para finalizar o álbum com chave de obsidiana, temos Miracle. Cativante, de certa forma assustadora, trazendo uma energia meio halloween, mas ao mesmo tempo algo infinito. Eterno. Bonito de se ver e marcante quando se toca. Não há faixa mais perfeita para finalizar um álbum tão conceitual e poético. 

Bad Omens soube entregar tudo o que a indústria da música e a base de fãs estavam precisando e clamando. Queríamos algo novo, algo único, que despertasse os mais profundos sentimentos e trouxesse à tona tudo aquilo que tanto tentamos esconder. The Death Of Piece Of Mind é completo, transparente e vulgar, mostrando a verdade nua e crua de quem tanto sofre escondido. É o grito daqueles cuja voz se manteve calada por muitos anos, pedindo socorro. Denso, pesado e eterno. Noah Sebastian é o mais novo poeta do século vinte e um e estamos ansiosos por mais de suas intrínsecas obras ao lado de seus colegas de banda que mostraram uma qualidade musical muito acima do esperado.

Para fãs de: LANDMVRKS, Thousand Below e The Word Alive