Black Veil Brides retorna discreto, mas mantém essência hipnotizante em novo álbum

The Phantom Tomorrow, sétimo disco da banda, traz conceito e ambição, apesar de um início um pouco mais lento

Imagem: Sumerian Records

Black Veil Brides sempre entregou muito mais do que apenas Metalcore. Estamos acostumados com narrativas, muito riff e gritos dilacerantes além, é claro, da voz robusta e melódica de Andy Black. The Phantom Tomorrow não entrega menos que isso, mas desanima um pouco em seu começo lento.

Com um lançamento pesado envolvendo grandes pacotes de multimídia, como histórias em quadrinhos, arco de videoclipes e diversas outras ideias, o conceito do álbum beira as fronteiras entre vida real e a terra da fantasia que Andy alimenta em sua cabeça. Apesar de tudo isso, vemos um começo bem discreto e até mesmo um pouco tímido para quem esperava algo bem mais rápido e pesado.

(Imagem: Jonathan Weiner)

A banda apostou em Scarlet Cross para ser o single introdutório, mas acabou decepcionando um pouco o público, que esperava algo muito mais além. A faixa traz afirmações sobre o fim de tudo e questiona sobre o que acontece com uma alma manchada e pecadora. Com um solo até surpreendente e muito Whoa-oh, a música entregou conceito, mas não surpreendeu tanto.

Liricamente, Born Again entrega tudo e mais um pouco. Se tem algo que Black Veil Brides sabe, é como contar uma boa história em suas músicas. A faixa fala sobre continuar tendo fé e lutando a todo o custo, entregando um vocal impecável e uma guitarra mais sombria. Sem dúvida, uma música que vai fazer o público cantar a plenos pulmões durante os shows.

Blackbird traz uma melodia mais hipnotizante, lembrando a época de We Stitch These Wounds. Com uma narrativa bem elaborada, a faixa conta a história de Blackbird – protagonista dos quadrinhos que a banda lançou junto com o álbum. Com riffs sombrios e uma melodia ainda discreta, é a música perfeita para ouvir em dias chuvosos, acompanhado de um vinho e uma lareira crepitante.

Torch é, definitivamente, uma música inovadora e um pouco diferente do que estamos acostumados. Com uma guitarra mais ‘tranquila’ e alguns elementos eletrônicos, a faixa é aquela especial do álbum que o público poderia ouvir sem parar durante dias, e fala sobre ser queimado em uma pira – as chamas absorvem corações partidos e não diferenciam a verdade da mentira. “To live is to lie, so light the torch”.

O ritmo de The Wicked One é mais acelerado, mas insuficiente. Com falta de bons riffs e um solo mais elaborado, a faixa entrega somente o lírico impecável de Andy, que conta a história de um ser malvado e tudo o que o levou a ser. A música conta com uma composição que já estamos acostumados, mas não mais que isso.

Em Shadows Rise vemos muito do que foi apresentado no álbum Vale – uma mistura de ópera com uma guitarra bem sombria e pesada, com a voz bem firme de Andy. “So praise the son and the holy belief, my god has given up on me”. O lírico tem uma narrativa constante e o som é coisa de outra dimensão. A melodia faz o público viajar completamente para o mundo da fantasia e pedir mais.

Black Veil Brides apostou em Fields Of Bone também como single, lançando o videoclipe no começo do ano e mostrando muito do conceito que o álbum promete. Quando falamos em riffs e solos, a faixa não deixa a desejar, entregando uma composição única e consistente, com o lírico impecável e uma narrativa estonteante. Quando falamos que a banda não entrega as coisas pela metade, falamos sério. É a música que vai levar o público ao delírio durante os shows. Aqui vemos o quanto BVB tem amadurecido e melhorado suas técnicas, apesar de um álbum abaixo do esperado.

Crimson Skies dá abertura para as músicas mais pesadas do álbum. Com uma guitarra bem sombria e descontrolada e riffs incríveis, a faixa poderia muito bem ter sido lançada como single e estourado. (Finalmente temos os gritos dilacerantes de Andy Black!!!). Essa com certeza dá para bater muito a cabeça e enlouquecer. Conseguimos sentir toda a essência da banda em uma música só.

Ser anti-heróis é a marca registrada de Black Veil Brides, isso a gente está cansado de saber. E Kill The Hero veio para reforçar esse conceito. Com um ritmo mais acelerado, uma bateria insana e muita guitarra, a faixa aumenta muito os níveis de energia, trazendo um solo de guitarra do submundo e levando a galera à loucura. Isso sim é BVB!

(Imagem: Edwin Daboub)

Fall Eternall encerrou o álbum com chave de ouro, assim como em Vale. Com uma orquestra espetacular e um solo impecável, a faixa merecia um videoclipe conceitual contando toda a história que o lírico entrega. Andy Black sabe muito bem como misturar a realidade com a fantasia e fazer com o que o público se questione sobre o que é real e o que realmente importa. É uma música que te faz viajar completamente e te transporta para um mundo paralelo onde tudo o que você consegue fazer é ouvir a voz melódica de Andy e a orquestra estonteante. É a faixa mais hipnotizante do álbum, que deixou o público com um gostinho de quero mais.

O conceito de The Phantom Tomorrow de trazer questões reais em parábolas de realidade alternativa surpreendeu positivamente, assim como todo o arco de videoclipes que conta a história do protagonista Blackbird. Não é um dos álbuns mais pesados e acelerados da banda, mas entrega muito conceito, narrativa e críticas ao mundo em que vivemos.

Para fãs de: Avenged Sevenfold, Bad Omens e Falling In Reverse.