Contrário ao título, segundo álbum de Between You & Me abre uma nova Era

1225 dias depois, o quinteto de Melbourne vai além das raízes do pop punk

Capa: Hopeless Records

Estruturado em 10 faixas, Armageddon traz grande sentimentalismo em suas composições. Produzido durante a pandemia, o segundo álbum da banda australiana disse adeus aos riffs excessivos já característicos em seu repertório
e deu ênfase na bateria de Jamey Bowerman do início ao fim.

Em consonância com o título do álbum e sua alusão ao fim dos tempos, os cinco singles e seus determinados videoclipes englobam fortes críticas em relação a política e buscam conscientizar o público sobre poluição e mudanças
climáticas.

(Imagem: Reprodução / Hopeless Records)

Convenientemente a faixa introdutória é Pleased To Meet You, entretanto, em contraposição à melodia contagiante, sua letra dá as boas-vindas a um show de horrores e tece críticas ao uso de redes sociais de forma enganosa e fingida.

Em sequência, Deadbeat se faz presente e seu refrão explica o porquê de ter sido escolhida como single número dois. Sinalizando honestidade, o eu lírico expõe sua falta de autoestima enquanto o baixo de James Karagiozis reverbera entre uma estrofe e outra.

Butterflies, terceiro single do disco, chega com suavidade, apesar da energia quase divertida presente na combinação entre baixo e bateria. A faixa retrata a personalidade da companheira do vocalista Jake Wilson, bem como seus sentimentos pela garota.

Change é, provavelmente, a música mais elaborada do álbum. Single de número quatro, traz críticas inteligentes à falta de cuidado e preocupação com o planeta em múltiplas esferas. O vocal limpo e determinado de Jake combina perfeitamente com as guitarras animosas de Chris Bowerman e Jai Gibson. O videoclipe de Change abraça a causa BLM e apresenta informações importantes sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.

De forma engraçada e irônica, Goldfish contraria toda a falta de autoestima apontada em Deadbeat anteriormente. A conexão entre os riffs de guitarra e a bateria dos gêmeos Bowerman é extremamente harmônica para com o lírico cheio de atitude. “I won’t change just to suit your colour”.

Com a contribuição de sintetizadores, Supervillain escancara o protagonismo do baixo de James enquanto Jake canta sobre estar tudo bem em ser odiado porque cada um merece ter sua opinião. No entanto, o primeiro single a ser lançado não deixa de citar sutilmente os vigilantes que ficam de plantão esperando para apontar o dedo nos dias atuais.

(Foto: Travis Suttie)

Real World traz a intensidade do alcance vocal de Jake Wilson, surpreendendo o público pela discrepância entre a faixa em relação ao primeiro álbum de estúdio da banda, que dessa vez optou por apostar na personalidade das notas contínuas de piano em conjunto com um breve solo de guitarra. Liricamente falando, Real World retrata perfeitamente o sucesso não convencional do grupo, enquanto o quinteto australiano acredita que não é capaz de realmente ver o mundo num turno de trabalho das nove da manhã às cinco da tarde.

Transcrevendo um pouco do que a humanidade passou durante a pandemia da COVID-19, Better Days carrega um intenso ar de reflexão em sua composição, que discorre sobre maus hábitos e a possibilidade de uma vida nova diante do cenário pandêmico. Sua melodia se mostra mais calma e expansiva, dando destaque singular aos vocais embalantes de Jake na penúltima estrofe.

Go To Hell é a penúltima música e única colaboração do disco. Em parceria com a conterrânea Mikaila Delgado, vocalista da banda de pop punk Yours Truly, o quinto single do grupo traz à tona o excesso de vaidade na atualidade enquanto todo mundo parece obcecado por si mesmo. Com um refrão chiclete, a faixa certamente não ficará de fora de futuras setlists.

Go To Hell, feat com Mikaila Delgado (Imagem: Reprodução / Facebook)

Por último, porém definitivamente não menos importante, Armageddon transporta a verdadeira mensagem que Between You & Me quis passar em claro e impecável tom. Com mais de quatro minutos de duração, a faixa-título foi escrita em 2019 e finalizada em 2021, sendo cuidadosamente colocada como a cereja do bolo ao fechar o segundo álbum de estúdio da banda. Apesar dos acordes tímidos, a composição de Armageddon é como um choque de realidade, uma vez que sinaliza críticas ao governo, seus determinados políticos e, sobretudo, ao caos social em que o mundo se encontra.

Apesar da notável maturidade musical presente nos 31 minutos que compõem o segundo álbum do grupo, os australianos Jamey (bateria) e Chris Bowerman (guitarra), Jake Wilson (vocal), Jai Gibson (guitarra) e James Karagiozis (baixo) souberam manter a essência do pop punk mesmo três anos após seu primeiro lançamento pela Hopeless Records. Considerando que o armagedom pode se referir a um grande e importante conflito, é seguro dizer que o título do álbum faz jus ao seu conteúdo, que apresenta elevado contraste perante as composições do ano de 2018. Em contrapartida, apesar de ser retratado como o fim dos tempos, o armagedom de Between You & Me simboliza um novo começo.

Para fãs de: State Champs, WSTR e Point North.