Knuckle Puck propõe reinício com o excelente Disposable Life

Após ótima sequência de discos, o quinteto lança EP para marcar uma nova fase e para recontar a própria história

Capa: Wax Bodega

Em 2020, o Knuckle Puck estava pronto para encerrar um ciclo em sua carreira. O terceiro álbum da banda foi programado para ser o último de uma trilogia, e trazia letras e melodias bem humoradas para serem cantadas em uníssono pelo público durante a turnê de divulgação. E aí veio a pandemia…

A mudança nos planos não parou o quinteto de Chicago. Mesmo em meio ao isolamento e sem poder fazer shows, 20/20 foi lançado e se tornou um grande sucesso de público e crítica. O disco foi o último a sair pela Rise Records e estabeleceu uma virada de página.

(Foto: Alec Basse)

Pouco mais de um ano depois, no início de fevereiro de 2022, a banda lançou EP Disposable Life para marcar um recomeço. Agora assinados com o selo Wax Bodega, o trabalho traz cinco faixas que buscam capturar o sentimento dos seus primeiros anos, mas sem desprezar a experiência de mais de 10 anos de estrada.

Um dos fatores que destacam esse reboot são as letras. Ao contrário das desilusões amorosas e das aventuras de verão, que ditavam o tom das composições do Knuckle Puck até então, nas cinco faixas desse trabalho, Joe Taylor canta indagações sobre a vida, como os inúmeros percalços e a vontade de continuar de pé – além, é claro, de reflexões sobre o isolamento social. 

Em In The Bag, por exemplo, o vocalista brada “estou de volta e posso sentir, não há mais como aprisionar meu espírito”. O próprio nome do EP (“vida descartável”, em tradução literal) ilustra a sua temática.

A sonoridade, por sua vez, explora diversas vertentes, desde o upbeat de Gasoline, passando por referências ao hardcore melódico em Levitate e, até uma baladas pop punk como Lonely Island.

Nesse ponto, também há uma convergência de trabalhos passados da banda. As faixas são potentes como nos álbuns Copacetic e Shapeshifter, mas com uma roupagem mais redonda e bem trabalhada, como em 20/20. Vale lembrar que todos os esses trabalhos (incluindo Disposable Life) têm a produção assinada por Seth Henderson.

As dinâmicas que se tornaram marca registrada do Knuckle Puck estão presentes em todas as faixas. Tanto as dobras de vocais como de guitarras criam camadas e preenchem as canções, enquanto o baixo e a bateria ditam o tempo e o pulso.

(Foto: Alec Basse)

Para fechar o EP, a banda incluiu um cover de Here’s Your Letter, canção do álbum homônimo de 2003 do Blink-182. Afinal, para celebrar a própria trajetória, nada mais justo que uma homenagem a uma das principais influências. A releitura traz um tempero próprio, e por vezes chega a lembrar Taking Back Sunday e Mayday Parade, outras referências do quinteto.

Disposable Life consegue ser enérgico, e ao mesmo tempo, reflexivo. Para os fãs, é uma celebração ao caminho traçado até então; para quem não conhece, é uma ótima porta de entrada para o restante da obra.

Para o Knuckle Puck, ele representa não só o início desse novo ciclo, mas também o reconhecimento das suas inúmeras vitórias. É a prova de uma banda bem entrosada, e que sabe que a chave para fazer boas canções é conhecer a própria essência.

Para fãs de: Neck Deep, The Story So Far e The Wonder Years