O Halloween obscuro, solitário e eterno de The Maine

Forever Halloween é mais cru, emotivo e tornou-se um marco na carreira da banda do Arizona

Imagem: Reprodução / 8123

Lançado em 2013, o Forever Halloween é o quarto álbum do The Maine e traz a proposta de misturar a estética das baladas tristes com um eu-lírico mais centrado em si, tudo complementar à temática solitária e obscura de um outono de Halloween. Somados ao desenvolvimento de um som pop rock mais cru com referências dos anos 90, todos esses fatores fazem do álbum um ponto de mudança na carreira do The Maine: o começo de uma era mais madura.

O Forever Halloween traz 12 faixas na sua versão original e mais cinco na versão deluxe, mostrando um lado mais emotivo do quinteto do Arizona, que são famosos na cena do pop punk por singles dançantes e letras marcantes no melhor estilo festivo e neon. Queridinho entre os fãs, com melodias intensas e letras que misturam conflitos internos à desilusões amorosas, os outros projetos do The Maine podem até dividir opiniões entre o fandom conhecido por suas discussões calorosas, mas esse trabalho tem um lugar especial no coração de qualquer um que acompanha a carreira deles.

Abrindo o álbum, as três primeiras faixas, Take What You Can Carry, Love & Drugs e Run remetem a trabalhos anteriores do The Maine e poderiam facilmente estar em outros álbuns, mas preparam o terreno do ouvinte com elementos pop rock para uma mudança que logo segue com a emotiva White Walls, uma música sobre família. De lá, o passeio por Happy – que traz uma batida sarcasticamente feliz  para falar da ausência de felicidade – Birthday in Los Angeles, Blood Red até chegar em Kennedy Curse, o The Maine traz o melhor dos conflitos internos e relações falidas numa pegada já tradicional do grupo. 

(Imagem: Reprodução / 8123)

A expressão crua e emotiva de Kennedy Curse dá o conceito de Halloween da banda: o romantismo doloroso concede o título de obra-prima emo ao álbum, combinando a bela composição de O’Callaghan com os instrumentais poderosos de Pat, Kennedy, Jared e Garrett. “Will someone just come and take my heart / Get it down in front of moving cars / I feel nothing at all / So won’t someone just come and take my heart / And tear it apart”

Seguindo na mesma linha, Sad Songs, F**ked Up Kids e These Four Words são uma bela apresentação do The Maine, sendo F**ked Up Kids no melhor do estilo Coming of Age e These Four Words uma balada no piano que traz uma mensagem dolorosa sobre rejeição. 

A versão deluxe de FH (Imagem: Reprodução / 8123)

As faixas extras da versão Deluxe, So Criminal, Vanilla, Ugly On The Inside, Bliss e Ice Cave aparecem no álbum para quem ficou com gostinho de quero mais e complementam a ideia e o conceito do Forever Halloween perfeitamente, de maneira que essas ainda são lembradas e muito pedidas em shows da banda. Ice Cave permitiu a criação de uma experiência poderosa em apresentações ao vivo e criou um lugar cativo na setlist para o The Maine.

Com elementos de rock, Ice Cave impressiona qualquer desavisado que tenha caído de paraquedas no show e ainda podia duvidar da entrega e talento da banda para os mais diversos ritmos. 

Dando título ao trabalho e fechando o álbum, a faixa Forever Halloween traz um sentido de completude para o projeto. Depois de passear pelas diversas emoções, indo do pop ao rock, a música fecha em um estilo temático regado à guitarras e uma produção claramente bem trabalhada.

Legado

O Forever Halloween se tornou um marco na narrativa do The Maine e, mesmo oito anos depois, mostra-se como um trabalho que faz jus à inserção deles no cenário emo. Não há como pensar na existência de trabalhos posteriores da banda, como o Lovely Little Lonely, que traz toda a questão do mergulho em si mesmo, e no You Are OK, em que a ligação da banda com os fãs em músicas que soam quase como hinos é mais perceptível que nunca, sem entender que o Forever Halloween abriu esse espaço de profundidade e troca para o The Maine

Behind Forever Halloween: documentary (Imagem: Reprodução / YouTube)

Independente de comemorações de feriados e da temática que de primeira pode parecer distante de outras realidades, o Forever Halloween traz emoções intensas e universais, e por isso se consagra como um dos melhores trabalhos do grupo. A mensagem que fica do álbum, de viver para sempre um Halloween lutando contra as coisas que nos assustam com a certeza de ter pessoas e músicas que vão te entender, porque afinal, essa é a maior mensagem do The Maine

O Forever Halloween vai bem para quem quer acompanhar aquele sentimento de fim de ano e a vontade catártica de expulsar nossos demônios por meio da música. Por isso, como cantou John O’Callaghan, “We’re all monsters / Living in a dream / So you be you / And I’ll still be happy / Forever Halloween!”

Para fãs de: A Rocket to the Moon, Mayday Parade e The Cab