VRSTY chega tímido e surpreende com álbum fenomenal

Peso, melodia, breakdowns e experimentalismo compõe Welcome Home, álbum que tem tudo para chamar a atenção dos fãs da música pesada

Capa: Universal Music

A indústria da música não para nunca, dia após dia diversos artistas lançam suas obras e, infelizmente, apenas uma pequena parcela deles alcança o mainstream ou o reconhecimento merecido do público.

O ano de 2022 tem nos agraciado com diversos lançamentos maravilhosos, como Otherness do Alexisonfire, The death of peace of mind do Bad Omens e em território nacional tivemos o incrível BLLT do Bullet Bane.

Dentre todos esses lançamentos, algumas boas surpresas acabam ficando de fora, infelizmente.

Welcome Home, terceiro álbum de estúdio da banda Nova Iorquina VRSTY, sucessor de Blck Deluxe (2019) se mostrou um álbum coeso, direto ao ponto e com muitos pontos altos, porém, não teve a atenção merecida.

Foto: Dom Delfino

O disco começa com Finesse, uma faixa que tem a participação especial da banda Texana Notions, faixa essa que serviu muito bem como introdução do álbum.

Seus primeiros segundos lembram a trilha de um filme de terror, seguido da voz calma, quase como um sussurro do vocalista Joey Varela, a faixa vai aumentando o suspense até explodir em pesados riffs e um grito potente. Além destes elementos, a participação especial ficou responsável pelos gritos mais graves. Temos também um bom refrão que casa muito bem com o estilo do vocalista e bons breakdowns durante toda a música.

Na sequência temos Soul, música que por si só destoa bastante da anterior, com um ritmo mais alegre a música já cativa instantaneamente (confesso que nos primeiros segundos me senti em um rodeio, e sim, isso é um ponto positivo). Uma música que pende mais para o emocional, experimental e espero encontrá-la nos setlists de futuros shows.

Closer foi uma das surpresas deste álbum, com riffs eletrizantes e um belo sintetizador, a faixa já mostra o motivo dela ser uma das mais ouvidas da banda no Spotify. Depois de ouvi-la algumas vezes é impossível não cantarolar seu refrão ou estalar os dedos no ritmo da música. 

Com um videoclipe bem-produzido, Sick, que inclusive foi o primeiro single deste álbum, dá continuidade. De início, parece que iremos ouvir uma música acústica, porém a faixa explode rapidamente com mais riffs pesados e alguns efeitos eletrônicos. A letra desta faixa é algo mais introspectivo, como se fosse um apelo ou um pedido de socorro. Breakdown? Temos um excepcional aqui! Lembrando bandas como Wage War, temos uma quebra pesada e de bastante destaque no álbum como um todo.

Para aqueles que assim como eu pensaram que Sick seria uma música mais tranquila, temos Paranoid. Com batidas contagiantes e passagens emocionantes, a faixa é uma boa pedida para aqueles que querem cantar refrões em plenos pulmões. Aqui conseguimos sentir mais um pouco da banda colocando seus sentimentos a mostra. Com sua letra mais motivacional, Paranoid é um dos destaques do álbum.

Se não fosse pelas guitarras distorcidas, Never Again poderia muito bem ser um hit de alguma boy band dos anos 2000. Refrão chiclete, letras cativantes e uma boa melodia, me fazem questionar o motivo dessa faixa não ter sido escolhida para ser um single.

Seguindo a fórmula já conhecida do álbum, a banda aposta em mais uma faixa com um vocal  voltado para o pop e guitarras distorcidas em We, Always. De início parece que a banda coloca o ouvinte para dormir com uma melodia calma para que em seguida, ela o derrube da cama com a chegada dos poderosos riffs encontrados aqui.

Foto: Dom Delfino

Welcome Home. Foi exatamente assim que me senti ao ouvir essa faixa. Uma música alto-astral que faz o ouvinte se sentir bem e em casa. Faz total sentido essa ser a faixa título, pois essa é a melhor definição do álbum como um todo. Poderia muito bem ser colocada em uma festa ou balada devido a seu alegre refrão e passagens com sintetizadores.

Quem sentiu falta dos berros? Eles voltam em Lovesick_, não tanto quanto alguns gostariam, porém ainda tem presença marcada. A banda utiliza de passagens melodiosas que são acompanhadas de boas batidas e o baixo tem mais presença aqui também. Ao encaminhar para a parte final da música, somos surpreendidos com um breakdown que deixa um gosto de “quero mais” e seguimos assim até o fim da faixa.

Hush começa de uma maneira que destoa bastante do restante do álbum, como se fosse um trap, tanto na parte instrumental quanto lírica. A música continua na pegada das anteriores, porém aqui notamos ainda mais o uso de sintetizadores e batidas eletrônicas, algo que vem se tornando comum em algumas bandas do estilo. Será que teremos uma nova onda de bandas seguindo essas influências?

King Of Pop à primeira vista parece uma continuação direta da faixa anterior. Aqui também temos o início em um estilo mais voltado para o rap/trap, até que as pesadas guitarras chegam juntamente de um refrão motivacional que vem acompanhado de uma letra poderosa capaz de levantar a estima de quem estiver ouvindo. Um destaque aqui é a bateria, que em determinadas partes está em um ritmo diferente do que já ouvimos no álbum

Com uma atmosfera mais melancólica se comparada com o restante do álbum, Gravity é uma boa faixa para aqueles que já cansaram um pouco das músicas mais melodiosas e refrões grudentos, mas sem perder a essência da banda. Aqui temos riffs mais característicos do Metalcore. Temos alguns efeitos eletrônicos também, porém aqui eles estão um pouco mais discretos e ajudam a criar a atmosfera densa da música.

Em OnlySad vemos que aparentemente a banda gostou de criar uma atmosfera melancólica. A começar pelo nome da música. Os refrões grudentos estão presentes aqui, mas são muito bem utilizados e marcam presença.

Foto: Sarah Carmody

E para fechar o álbum, 11am chega quebrando barreiras e mostra que poderia muito bem ter se tornado um single. Uma música para relaxar e refletir. Composta por uma letra poderosíssima, um piano cativante e uma batida eletrônica que é muito bem-vinda. De longe esta é a música que mais destoa do restante do álbum, não que isso seja ruim, muito pelo contrário, aqui vemos a versatilidade da banda em criar uma música lenta sem perder sua essência.

Welcome Home é um álbum que mostra bastante o que é o Metalcore atualmente: uma fonte inesgotável de criatividade e mostra também que a música pesada pode ser mesclada a outros elementos e mesmo assim não perder a sua identidade.

Com destaque para as faixas iniciais e a final, VRSTY demonstra ser uma banda que veio para ficar, mostrando também que o cenário Core está mais vivo do que nunca e pronto para conquistar novos horizontes.