Rock Jr e a melancolia agridoce do jovem urbano

Primeiro álbum do eliminadorzinho chega com fortes investidas nas composições e trilha perfeita para um filme Coming of Age

Capa: Cavaca Records

Rock alternativo com elementos indie. Shoegaze, sem o lado tímido, com a energia do emocore. É assim que a banda de São Paulo, eliminadorzinho, chega às plataformas com seu primeiro álbum de estúdio, Rock Jr., para compor a cena como uma grande aposta para os fãs do som alternativo.

Formada há cinco anos, o trio Eliott, Hadd e Tiago, já lançou quatro EPs e dois splits com participações de Fernando Motta e Luden Viana. Em seus trabalhos anteriores, o eliminadorzinho exala a energia urbana e independente, misturando o “rock triste” com riffs de guitarra em uma viagem estética dos anos 90.

(Foto: Yasmin Kalaf)

Para a estreia deste primeiro trabalho longo, a sensação é que em Rock Jr. o eliminadorzinho deixa um pouco o lado mais experimental para investir nas composições; as guitarras distorcidas e os instrumentais notórios ainda estão lá, mas a voz parece finalmente encontrar seu lugar. Rock Jr. é a trilha sonora do nicho da cidade grande, da vida jovem. É um disco para apreciar no melhor estilo de filme indie Coming of Age, dando rolê com os amigos numa madrugada pelas ruas de uma metrópole.

Abrindo o álbum, Eu Só Preciso de Um Tempo prepara o terreno do ouvinte, logo de cara, para essa nova fase da banda. A canção ilustra Rock Jr. com uma batida animada e dançante, com um capricho lírico na letra. É definitivamente música para cantar junto. A faixa que segue, Verde, é a mais curta e a mais animada do álbum. Com uma batida rápida e riffs de guitarra que marcam a música, Verde faz o ouvinte inevitavelmente querer “bater cabeça”.

O eu-lírico de Pompeia chega ao disco para mostrar o lado jovem-urbano e os conflitos internos que permeiam a vida das relações de jovens adultos, com um tom de melancolia agridoce, fechando com o verso mais grudento — no bom sentido —, do trabalho: “Eu te vejo no SESC amanhã”, com riffs de guitarra fazendo um contraponto à melancolia, a música com certeza é um dos pontos altos do álbum.

A proposta agridoce segue por Baixo Astral à Eu Já Sei, que chega calma aos ouvintes para então introduzir o emocore, intenso e sentimental, ao trabalho, um som de agradar todos os fãs do gênero. Os versos “Não dá / Pra guardar / Pra sempre / E esperar tudo passar” vem forte ao que a música evolui e explode em emoções.

(Imagem: Reprodução / Cavaca Records)

Por Temporais e Trânsito (Ilusão), o eliminadorzinho segue essa sua proposta de misturar o indie à evolução de instrumentais, com músicas com instrumentais que se desenvolvem. A penúltima do álbum, Em Seu Lugar, tem uma nostalgia agitada e dá sentido de linha do tempo ao disco: a sensação de um fim de um bom show. 

Depois dela, a música que fecha o álbum, Canção Para O Tony Andar de Skate, é a que traduz melhor o sentimento de filme Coming of Age: pelos instrumentais e o sentimento jovem-urbano melancólico que também está em Pompeia, a canção poderia estar facilmente na trilha sonora de um filme jovem, mas o ponto de virada com instrumentais pesados e a mudança na batida tiram a música do básico. Canção Para O Tony Andar de Skate fecha com chave de ouro e deixa o ouvinte a desejar mais montanhas-russas como ela. 

Por fim, Rock Jr. é jovem, mas demonstra amadurecimento dos trabalhos anteriores, e como um primeiro lançamento de estúdio, é perfeito para descobrir o trabalho da banda. O lançamento mostra que o eliminadorzinho ainda tem muito espaço para crescer na cena e futuramente se tornar uma referência no gênero, com um trabalho que mistura o melhor do indie ao emocore.

Para os fãs de: Terno Rei, Turnstile e Gorduratrans.