Sweet Tooth e o renascimento do Mom Jeans.

Banda é honesta, madura e direta em terceiro trabalho de estúdio

Capa: Sequel Music Group

Quando o Mom Jeans. lançou What’s Up?, o primeiro single do que viria ser Sweet Tooth, seu terceiro disco de estúdio, ninguém jamais imaginou como a faixa introduziria bem a nova fase da banda. A música abraça com carinho os dois álbuns anteriores, Best Buds e Puppy Love, ao mesmo tempo que em seu decorrer inaugura uma fase tão nova e cheia de vida que pode facilmente ser lida como um renascimento.

(Foto: Will Levy)

Quanto às intenções sobre esse amontoado de treze faixas, o vocalista Eric Butler adiantou em entrevistas anteriores a revistas estrangeiras que a vontade girava em torno muito mais de um sentimento do público do que de uma sonoridade específica. A ideia era ter letras e sobretudo refrões para se cantarolar com a cabeça distraída; aqueles versos que grudam na cabeça como Green Day e blink-182 fizeram em décadas passadas.

A questão aqui na realidade é que com Sweet Tooth, o Mom Jeans. conseguiu ir mais além — óbvio que a sonoridade do pop punk noventista (e que também pega um pouquinho do início dos anos 2000) está fortíssima como uma clara influência. No entanto, em seu terceiro trabalho, os californianos propõem um apertado abraço e um diálogo certeiro com um público que sim, cantarolou muito o refrão de Adam’s Song, mas que hoje claramente possui outras problemáticas, vivências e precisam falar sobre isso.

Em termos mais claros: o Mom Jeans. conseguiu, com Sweet Tooth, conversar com aqueles que passam por uma fase muito específica da vida, seja aos vinte e poucos anos ou até mesmo um pouquinho após os 30. Apesar de uma sonoridade mais voltada ao pop e faixas melhor trabalhadas, em termos criativos, ainda são os mesmos, mas que agora se vêem mais maduros e com vontade de cantar tudo aquilo que se sente, mas que se mostrar incapaz de se colocar em palavras.

Sweet Tooth, que batiza todo esse trabalho, não poderia ser escolhido mais perfeitamente. A expressão popularmente utilizada para referir-se a pessoas que gostam muito de açúcar pode ser lida aqui como um comportamento diante de um escapismo proposto frequentemente pelo eu lírico durante toda a narrativa do disco.

Nas faixas, seja na primeira em que esse eu implora por “algo doce” para “aguentar a semana” ou os dez minutos revivendo memórias dentro do carro em Ten Minutes. O Mom Jeans. é o mesmo de sempre, com melancolia e letras capazes de despertarem o que está recalcado no inconsciente, porém propondo um diálogo agridoce e de igual para igual, com memórias e vivências que poderiam facilmente serem compartilhadas numa mesa de bar.

Em outras palavras, é um trabalho lindo. O melhor do Mom Jeans. até agora, com certeza. O mais interessante é que, justamente por terem um nome tão consolidado no midwest e agradarem aos fãs pelo simples fato de existirem, tamanha reinvenção jamais fora exigida ou cogitada, mas agora, de forma tão bonita e honesta, temos o enorme prazer de assistir.

Para fãs de: The Front Bottoms, Modern Baseball e Tiny Moving Parts