É de conhecimento geral que o pop punk vem ganhando cada vez mais notoriedade no cenário mainstream, entretanto, não podemos negar que, apesar de estar previamente estabelecido como rapper, Machine Gun Kelly serviu de inspiração para artistas como Lil Huddy e até mesmo Jxdn se arriscarem na cena.

A versão Deluxe de Tickets To My Downfall conta com 21 músicas, tendo ainda uma edição especial da Target com mais três faixas bônus, sendo elas roll the windows up, In These Walls (My House)
em colaboração com PVRIS e um cover de Love On The Brain, de Rihanna.

title track é a porta de entrada ao trabalho, cuja composição se apresenta honesta e madura em comparação a uma boa parte do álbum, surpreendendo positivamente o ouvinte com uma melodia dançante e que contrapõe os versos sobre drogas e depressão.

A dupla subsequente formada por kiss kiss e drunk face dá ênfase na vivência imatura e festeira do artista, retratando situações pelas quais ele passou antes de atingir a sobriedade. bloody valentine vem logo em seguida, carregando a responsabilidade de ser o primeiro single do disco; escrita e gravada em um único dia, a canção fala sobre o amor repentino e imensurável vivenciado por Colson Baker e a atriz Megan Fox.

forget me too é a quinta música do álbum e primeira das cinco colaborações existentes. Em parceria com Halsey, o eu-lírico conta brevemente uma história de romance fracassado e vingativo, enquanto a colaboração seguinte com Trippie Red, all I know, traz um refrão chiclete e mostra um pouco da versatilidade e adaptabilidade de Machine Gun Kelly ao trabalhar com artistas distintos.

Já lonely, segundo o próprio cantor, foi uma das músicas mais difíceis de gravar e se escreveu basicamente sozinha enquanto Colson via seu pai falecer ainda em 2020. A composição retrata momentos íntimos vividos na companhia do pai e a forma como Kelly se sente desde que perdeu a pessoa que mais amava.

WWIII quebra a seriedade trazida por lonely com guitarras características do clássico pop punk e poderia ser facilmente confundida com uma das músicas do antigo Blink182, assim como a faixa seguinte, concert for aliens. Marcando a metade do álbum em diante temos a colaboração com blackbear, my ex’s best friend. Extremamente característico de bear, o feat é a combinação exata entre guitarra e batida popular, conciliando perfeitamente com as duas próximas músicas: jawbreaker e nothing inside, respectivamente. nothing inside é uma parceria com iann dior, a nova cara do “emo rap”; já jawbreaker é a trilha sonora ideal de uma possível sequência de filmes à la American Pie.

play this when i’m gone é, sem dúvidas, a faixa mais emocionante do álbum. De composição forte e envolvente, o título e as estrofes falam por si só: foi escrita por Colson com o intuito de deixar uma mensagem para a sua filha para quando ele não estiver mais aqui. body bag dá o tom na colaboração com YUNGBLUG e Bert McCracken de The Used, servindo de exemplo aos que desconhecem a banda ou o próprio pop punk dos anos 2000 em si. hangover cure é a famosa love song, apesar de ofuscada por singles de maior notoriedade midiática; possui liricidade consistente e melodia cativante.

O disco termina com mais duas faixas inéditas, um cover de Misery Business, de Paramore, e uma versão acústica de bloody valentine. split a pill fala sobre não se importar em ser odiado e can’t look back fecha a versão SOLD OUT de Tickets To My Downfall com chave de ouro, trazendo um pouco das referências usadas em Hotel Diablo em consonância com acordes de guitarra muito bem elaborados e a bateria inigualável de Travis Barker.

É inegável que Machine Gun Kelly merece o devido reconhecimento como artista no que se refere a construção e sucesso notório de seu quinto álbum de estúdio, que em 53 minutos de sonoridade é capaz de nos fazer conhecer e compreender a história de vida do cantor, de forma sincera, abrangente e, acima de tudo, divertida.

Para fãs de: jxdn, YUNGBLUD e Avril Lavigne