Direto ao ponto: Mar em Fúria lança novo EP
Com três faixas que exploram o âmago do ser humano, banda lança o EP Sentença e Exílio

Exteriorizar sentimentos e enfrentar demônios antigos, com certeza estão no hall de criação do hardcore, seja ele melódico ou mais direto. Foi nessa perspectiva que o supergrupo Mar em Fúria, formado por Milton Aguiar (Bayside Kings), Felipe Angelim (Metade de Mim), Alexandre Bezerra (One True Reason), Guilherme Silveira (One True Reason) e Renan Calegari (Grinders), lançaram seu mais novo EP no último dia 21 de julho, intitulado Sentença e Exílio.
O lançamento, que conta com três músicas, expressa perfeitamente o que é o enfrentamento diário de sentimentos como dor, autopunição e prisão emocional, em uma perspectiva lírica que conversa diretamente com o ouvinte, levando o interlocutor a se questionar se também já não viveu algo relacionado a isso. O Downstage trocou uma ideia com o vocalista Milton e, também, com o guitarrista Felipe sobre a rotina da banda, processo criativo, além dos planos futuros do grupo.
A BANDA E OS SENTIMENTOS EM FÚRIA

O Mar em Fúria tem um peso diferente dentro do cenário hardcore nacional, onde a união de amigos e músicos de outras bandas trouxe uma sonoridade única inspirada em tudo o que cada um dos músicos viveu na construção das suas carreiras — tudo isso por simplesmente juntar gostos em comum e transformar em uma nova identidade. “A gente transforma isso em música que às vezes não cabem nas outras bandas que a gente tem, são coisas que a gente gosta, até porque a gente explora outras habilidades que nós temos”, conta Milton.
Mesmo compartilhando do hardcore como base, cada membro vem de um micromundo particular onde ideias, referências e jeitos entram para somar em todo o processo criativo do quinteto, que mesmo acontecendo com pouca frequência, transforma uma simples jam session em músicas de peso, transformando música em respiro para a rotina.

“Nosso processo criativo é muito intenso. Nós estávamos em busca do que é o som do Mar em Fúria, o primeiro EP tem uma ideia, mas esse segundo fica um pouco mais claro. É a primeira banda que eu entro num estúdio e toco algo com alguém seguindo, ou vice e versa, e ali nós vemos se foi só diversão ou se podemos seguir como uma ideia mesmo. Essa é só a primeira parte”, comenta Felipe.
Como já mencionado, o hardcore é feito de emoção e sentimento em todos os aspectos, desde o sonoro ao visual. Algo bem forte no Mar em Fúria é o trabalho junto a estética do hardcore anos 90, olhando para as composições, além das capas dos dois EP’s trabalhadas em ilustrações com cores fortes. Falar sobre batalhas pessoais e transformar isso em arte, é com certeza uma das maiores revoluções dentro da música.
“Nós fizemos a capa em referência ao quadro “Guantanamo Bay”, do Banksy, mostrando alguém como se tivesse sido exilado, onde o grande lance fala sobre você estar sozinho, estar com dor, sobre você se cobrar, sobre se autopunir e ter que conviver com essas coisas e ao mesmo tempo fingir que tá tudo normal, onde cada letra aborda um processo desses”, explora o vocalista.

É nesse sentido que o Mar em Fúria vai construindo mais um capítulo na sua história, e também na história da cena hardcore nacional: expondo sentimentos, entregando peso e colocando para fora aquilo que cada membro tem vontade.
Mesmo com poucos shows na bagagem, a banda cria expectativas para um futuro não tão distante e no próximo domingo (27), se apresenta no festival banda de moshzinho, junto das bandas Declive (PR), Sufoco (SP) e Chibanca (SP), na Casa AlgoHits.