Paralelo ao fim e quando a música serve como a celebração de uma amizade

Duo de rock alternativo de Campinas lançou recentemente seu primeiro single, “Grito”, que antecipa álbum de estreia

Arte: Tay Vianna

Arte pode ser mágico, principalmente quando está entrelaçada à memórias afetivas. Para Vini Almeida e Gui Medeiros, a música sempre foi um pilar, que vem desde a adolescência. Isso porque ambos cultivaram uma amizade desde Paralelo, banda que mantiveram enquanto mais jovens e que foi a razão de não somente muitos sonhos se realizarem como também o motivo de olharem com tanto carinho para o passado atualmente.

Anos depois, em tempos que a vida adulta pode ser vista como um rolo compressor, a música ainda é o que mantém essa chama acesa no coração dos dois. Agora, mais velhos, com outras preocupações, outros problemas e outros sonhos, coexistir com arranjos e melodias ainda é algo essencial para Vini e Gui. E é justamente nesse contexto que nasce a Paralelo ao Fim, banda de Campinas, São Paulo, que chega para ser, definitivamente, uma das melhores surpresas de 2025.

Foto: Luiza Meneghetti

“Esse início ou retorno da Paralelo ao Fim marca um processo de não deixar os sonhos morrerem”, inicia Gui, em entrevista exclusiva ao Downstage. “Eu e o Vini somos amigos de infância e tivemos uma banda na adolescência que era uma paixão enorme, a gente vivia para essa banda, mas com a chegada da vida adulta, ela se desfez.”

“Aí agora, passado alguns anos, a gente voltou a olhar com muito carinho pra essa época — até porque a gente nunca deixou de ter essa vontade de gravar nossas músicas e compor”, conta o músico.

Olhar com tanto saudosismo para esse projeto adolescente fez com a dupla mantivesse (ou pelo menos referenciasse) o nome original da banda antiga, Paralelo, fazendo um trocadilho para que o sonho agora não se desfizesse. “A gente decidiu que seria Paralelo ao Fim, um projeto para celebrar a nossa amizade. Que vem da Paralelo e vai até o fim”, explica ele.

Foto: Luiza Meneghetti

O duo lançou recentemente seu single de estreia, “Grito”, que chegou acompanhado de um clipe feito no modo do it yourself, o que só entrega o tamanho carinho, dedicação e capricho que Vini e Gui têm com esse trabalho — e contagia todos ao redor.

O single chega para antecipar o primeiro álbum do duo, “A Nostalgia Me Abraçou”, que será lançado ainda em 2025 em parceria com o selo downstage. O título, dado em primeira mão ao Downstage, tem como objetivo ser um complemento dessa história contada com o retorno da banda: ”o embrião de todas as músicas do disco vem lá de trás também: fragmentos de ideias, trechos de composição. A gente reviveu eles e desenvolveu as composições a partir da cabeça que a gente tem hoje”, conta Gui ao site.

Ele continua: “Inclusive duas músicas do disco eram dessa época, mas foram rearranjadas com as referências atuais e tudo mais.”

“Grito”, inclusive, é uma dessas músicas repaginadas da adolescência de Vini e Gui. “Ele significa basicamente um alívio”, conta o vocalista, detalhando que a primeira versão da música não era algo que agradava o duo, muito pela “falta de experiência” da época. “Não ficamos satisfeitos com o resultado final em questão de produção [na época]. Agora a gente deve esse alívio ao Gabriel Zander, que produziu a nossa música. Ele é um cara que, velho, produziu as bandas que a gente gosta, então foi muito fácil chegar no som que a gente queria.”

O CLIPE

Seguindo a temática nostálgica do disco, “Grito” chegou acompanhado de um clipe dirigido por Giovana Padovani, que também é amiga de longa data de Vinicius e Guilherme. Gravado em Campinas, o filme traz elementos da infância dos dois amigos, principalmente da época em que ambos mantinham a Paralelo, mas também brinca com referências de filmes e séries como ET – O Extraterrestre e Stranger Things, que conseguem abordar muito bem a estética oitentista nas telas.

“O clipe mostra o que a gente gostava de fazer quando era adolescente: andar de bike, ouvir música juntos”, conta Gui. “A praça que aparece, inclusive, é uma praça que fica em frente a uma casa de shows underground aqui em Campinas, que foi o lugar que a gente mais tocou na vida, incluindo quando a gente tocou juntos pela primeira vez.”

“A gente tá muito feliz e satisfeito com o resultado do clipe”, comenta Vinicius. “Enquanto a gente tava gravando, a gente já sabia que ia sair algo legal. Mas quando a gente viu a primeira montagem, todas as expectativas foram superadas. Todas as pessoas que participaram do clipe participaram da nossa adolescência, então durante as gravações a gente sentiu muito essa nostalgia — e quando a gente assistiu também. Então [ele] documentou um pouco essa parte da nossa infância e adolescência, isso fez com que tudo se tornasse mais especial.”

Foto: Calu Belhassen

Sobre as referências e inspirações, a diretora Giovanna Padovani revela que a banda já tinha vindo com uma ideia praticamente pronta para o clipe, mas que alguns elementos foram incorporados durante a produção. “Então tem várias cenas que foram bem pensadas em cima dessas duas referências cinematográficas”, explica ela. “Outra coisa que adicionamos foi a handycam, uma ideia minha, para dar esse ar de nostalgia que a gente queria. E acho que foi um dos melhores complementos que tivemos, acho que rendeu as cenas mais legais e que deu o resultado que a gente queria.”

Ela finaliza: “Foi um trabalho bem longo de pré-produção, produção e pós. Foi meu primeiro videoclipe então eu tive muitos aprendizados e acho que atendeu todas as expectativas que os meninos tinham. A gente quer levar essa nostalgia pro pessoal que vai assistir agora.”

A Nostalgia Me Abraçou, o primeiro disco da Paralelo ao Fim, chega ainda em 2025 pelo selo downstage. O primeiro single, “Grito”, já está disponível em todas as plataformas digitais.