Bring Me The Horizon e Motionless In White: A influência no metalcore e o Knotfest
Ambas bandas possuem trajetórias únicas no gênero e o fato de estarem presentes no topo deste line up, mostra o peso e influência de cada uma delas ainda hoje, após mudanças propostas nas suas mais recentes eras
O Knotfest, festival de metalcore com curadoria da banda Slipknot, chega pela primeira vez no Brasil no dia 18 de dezembro, em São Paulo, no Sambódromo do Anhembi. Sua primeira edição aconteceu nos EUA, em agosto de 2012, e teve dois dias seguidos, sendo um em Council Bluffs, Iowa, cidade natal da banda, e outro em Somerset, Wisconsin. Antes de chegar no Brasil, o festival passou pelo Japão, México e Colômbia, onde também se estabeleceu.
Para a edição de 2022, o Knotfest anunciou duas bandas bastante conhecidas na cena atual: Bring Me The Horizon e Motionless in White, a qual não está mais no line up, devido a problemas de saúde por parte dos integrantes do grupo e da equipe da turnê. No entanto, as duas possuem trajetórias únicas no metalcore e, o fato de estarem presentes no topo deste line up, mostra o peso e influência de cada uma delas ainda hoje, após mudanças propostas nas suas mais recentes eras.
Bring Me The Horizon e suas diferentes fases
Formado há 18 anos em Sheffield, o Bring Me The Horizon já transitou por diversos gêneros musicais, trazendo inovação a cada nova fase de sua discografia. O grupo mostrou grande versatilidade em seus últimos álbuns, sendo eles o amo, produção com ritmos mais leves em relação às anteriores, e o POST HUMAN: SURVIVAL HORROR, trabalho que mostra um pouco da pegada agressiva explorada em seus primeiros discos.
Eles, Count Your Blessings, Suicide Season e There Is A Hell Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven Let’s Keep It A Secret possuem a predominância do metal e do deathcore, que foi onde a banda formou suas raízes. As mudanças e variações de estilos, em questão, ficam mais claras a partir de Sempiternal e That’s The Spirit, quarto e quinto álbum de estúdio do grupo, seguidamente.
Apesar de não estar inserido por completo no metalcore em suas eras mais atuais, o Bring Me The Horizon possui força neste meio graças a sua trajetória e influência no gênero a longa data. Isso comprova a importância de seus primeiros lançamentos ainda hoje e o suporte entre as bandas dessa cena.
O que também vale menção, é o ativismo de Oliver Sykes. O vocalista sempre visa se posicionar diante de causas e pautas sociais, o que é bastante apreciado e feito neste meio. Um exemplo recente foi quando, na premiação da NME Awards deste ano, Oliver prestou homenagem à Ucrânia, ao final de sua apresentação. Este e outros posicionamentos mostram a voz que a banda possui diante do público.
Esses fatores mostram, também, que Knotfest não se limita apenas a bandas ativas no metalcore para compor seu line up e, assim, também busca por grupos com ligação e peso no gênero. O Bring Me The Horizon é um desses grupos e, além de estar presente nesta edição, fará parte do side show do evento no dia 16, que acontecerá no Vibra São Paulo. Nele, também se apresentaria Motionless In White que, por outro lado, é uma banda moldada completamente no metalcore.
Motionless In White e a modernização do metal
Formado há 17 anos em Scranton, o Motionless In White, por outro lado, é totalmente idealizado em meio ao metalcore. Seus álbuns, além de serem centrados nesse estilo, buscam apresentar características e conceitos novos a banda, o que traz inovação e originalidade para seus trabalhos.
Graveyard Shift, quarto álbum de estúdio do grupo, carrega aspectos góticos e neons em seus clipes, o que, ao unir-se ao metal, resulta em traços visuais marcantes, se tornando, também, característicos do grupo. Disguise, quinto álbum, apresenta tons mais vibrantes, mas não abandona a estética gótica, mostrando, assim, um pouco da essência de seus trabalhos anteriores. Por fim, o último álbum lançado, Scoring The End Of The World, apresenta o conceito cybermetal, o que lembra elementos e paletas de video games. Visto isso, é possivel notar que conforme os aspectos visuais vão ficando mais quentes, a discografia da banda vai se tornando cada vez mais agressiva e intensa. Isso parece, até mesmo, ter sido pensado desde seus primeiros lançamentos, para que, dessa forma, eles se encaixem e, também, façam sentido em conjunto.
A modernização do metal é predominante nos trabalhos do grupo, visto que, para eles, não basta trazer o estilo “cru” em suas músicas, ele precisa estar acompanhado, ou melhor, repleto de coisas novas.
O que também atrai atenções e deixa a banda mais única e marcante são as maquiagens, que sempre variam e ganham destaque por serem carregadas. O interessante é que, com cada novo disco, elas tomam uma forma de acordo com seu conceito, o que também mostra o cuidado do grupo com o que criam e com o que unem.
A banda ganha força por não se prender a padrões comumente vistos no metal e por trazer coisas novas para seus trabalhos, para que cada um tenha suas particularidades. As cores, maquiagens e conceitos modernos são a base para que isso aconteça e, sem dúvidas, funciona e mostra exatamente a marca que a banda quer deixar na cena do metalcore atual.