Simple Plan encerra turnê “Bigger Than You Think” em Houston e Dallas com surpresas
Os últimos shows comemorativos de 25 anos da banda reuniram LØLØ, 3OH!3, Bowling for Soup e um Simple Plan em sintonia com fãs, coroando uma turnê marcada por amizade e conexão

No ano em que os canadenses do Simple Plan celebram os 25 anos de sua trajetória na música, não faltam motivos para dizer que a banda que marcou a cena pop punk dos anos 2000 encontrou nas conexões que fez dentro e fora do palco um caminho para serem eternos na memória viva do passado e presente dos seus fãs. Foi o que deu para sentir na turnê “Bigger Than You Think”, que contou com 21 datas nos Estados Unidos entre os meses de agosto e setembro. E o Downstage aproveitou para acompanhar de perto – do photopit da grade – os dois últimos capítulos que encerram essa jornada da banda ao lado de amigos da cena musical na qual foram forjados: Bowling For Soup, 3OH!3 e LØLØ.

Direto de Houston e Dallas, no Texas, eu, Tadeu Goulart tive o privilégio de estar com Pierre, Chuck, Jeff e Seb no Soundcheck Party – momento especial de encontro da banda com um grupo de fãs – e assistir o que eles preparam para as noites de despedida da turnê. A primeira performance aconteceu em Houston, no 713 Music Hall. Já o encerramento da tour foi em Dallas, no The Pavilion at Toyota Music Factory, um anfiteatro lotado de fãs de todas as idades.
A abertura ficou por conta de LØLØ, que provou ser muito mais do que um nome em ascensão. Sua presença de palco cativante, combinada com vocais fortes, deu o tom inicial da noite. Mesmo com o desafio de se apresentar para um público ansioso pelas atrações principais, LØLØ conseguiu prender a atenção e conquistar novos fãs, deixando claro que sua trajetória ainda deve render passos importantes.

A artista compartilha com o Simple Plan a nacionalidade canadense e tem um estilo musical que passa pelo pop, pop rock, pop punk, indie pop e pop alternativo, com influências de artistas como Green Day, Avril Lavigne, Paramore e Alanis Morissette. O setlist dos shows teve canções como “faceplant”, “2 of us” e “u turn me on (but u give me depression)”. Na última apresentação, em Dallas, os músicos do Simple Plan foram ao palco dançar e distribuir pompoms para o público.

Em seguida, o duo 3OH!3 trouxe uma mudança completa de atmosfera. Sean Foreman e Nathaniel Motte transformaram o palco em um espetáculo irreverente, com piadas rápidas, coreografias improvisadas e uma energia que não deu trégua. O momento mais ensurdecedor foi “DONTRUSTME”, cantada em coro por milhares de vozes nas duas datas, mas a dupla também soube manter o ritmo em músicas menos conhecidas.
A sensação, acompanhando de perto, era de que o público foi transportado de volta aos anos 2000, mas com a leveza de quem sabe rir de si mesmo e ainda se divertir com isso. Na noite em Big D, como Dallas é conhecida, todos os músicos das outras bandas e suas equipes invadiram o palco com roupas fluorescentes, capacetes, baldes e tudo mais que encontrassem pela frente. Foi um dos momentos mais engraçados e inesperados da noite, sem sombra de dúvida.

O Bowling for Soup trouxe sua marca registrada: um show que é metade música, metade stand-up. Jared Reddick, Gary Wiseman e Rob Felicetti provaram mais uma vez porque são queridos pelo público texano. E tiveram mais um motivo para celebrar. Eles encerraram a tour em sua cidade natal, Dallas, com seus familiares. A filha do baterista Gary passou todo o show ao lado do pai, dando um show de fofura e cantando a plenos pulmões todas as canções. O setlist cheio de clássicos como “1985”, “High School Never Ends” e “Girl All The Bad Guys Want” foi entrecortado por piadas sobre idade, cultura pop e a própria carreira. Estar em casa transpareceu na emoção da banda e na resposta calorosa dos fãs.

O espetáculo principal
O encerramento ficou nas mãos do Simple Plan, que entregou duas noites de pura celebração e com a energia explosiva e calorosa já conhecida. A banda, que tem um carinho especial pelo Brasil, entregou um show de alta qualidade em todas as apresentações. Com um setlist que atravessou diferentes fases da carreira, o Simple Plan fez da nostalgia um combustível, mas sem deixar de soar atual. “I’d Do Anything”, “Welcome to My Life” e “Perfect” foram momentos de catarse coletiva, com fãs de várias idades cantando em uníssono.
O show também teve a mais recente, “Nothing Changes”, música que está no recém-lançado documentário The Kids In The Crowd, que conta detalhes da carreira da banda desde que Chuck Comeau e Pierre Bouvier se tornaram amigos na escola e expõe os altos e baixos da carreira do grupo até se tornaram um quarteto de ouro da cena pop punk./

As canções emocionais como “Astronaut”, “Where I Belong” e a clássica “Perfect” não ficaram de fora. Essas foram as músicas fizeram do Simple Plan um grupo tão conectado com os fãs ao falarem sobre solidão, incompreensão e pertencimento de forma extremamente honesta. “Untitled”, intitulada assim por traduzir sentimentos tão difíceis de expressar – a culpa e o arrependimento – não conseguiu ter um nome na época em que foi criada. Dessa vez, Pierre Bouvier optou por surgir sozinho ao piano para entregar essa performance, longe do palco e no meio da multidão. Quem via de longe sentia que o público o abraçava. Jeff Stinco surgiu com um solo dramático de guitarra, dando um tom ainda maior para a composição.

Em Houston, a apresentação teve um tom de gratidão, com Pierre Bouvier reforçando repetidas vezes o quanto a banda se sente privilegiada por ainda viver tudo isso após mais de 25 anos de estrada. Já em Dallas, último show da turnê, o clima ganhou contornos de despedida e festa ao mesmo tempo. As surpresas da noite ficaram por conta das participações inesperadas: integrantes do Bowling for Soup, 3OH!3 e LØLØ subiram ao palco durante o set do Simple Plan, arrancando risadas e aplausos de todos. No momento em que Pierre Bouvier cantava com a artista a canção “Jet Lag”, cujo videoclipe se passa num aeroporto, todos os outros artistas decidiram trazer suas malas direto dos ônibus da turnê para o palco e simulam situações típicas dos terminais de embarque de passageiros. Essa troca entre bandas, construída ao longo da tour, deixou claro que havia ali mais do que profissionalismo, mas também amizade, companheirismo e um sentimento de família.
O destaque do Simple Plan esteve na capacidade de equilibrar nostalgia e frescor, sem lembrar que eles são uma banda que tem muito a construir. “I’m Just a Kid”, canção que se tornou viral no Tik Tok, talvez o ponto mais alto das duas noites, transformou-se em um grito geracional que ecoou por toda a casa de shows. Outra canção fixa dos shows do Simple Plan é “What’s New Scooby Doo?”, momento em que fãs da banda e do cartoon vestem fantasias de personagens e sobem ao palco.
Em Houston, foram 75 pessoas pulando e cantando com Pierre Bouvier e a banda. O vocalista soltou uma piada bem-humorada sobre terem esgotado a loja de fantasias da cidade.

Encerrar a turnê “Bigger Than You Think” trouxe à tona a essência do pop punk: comunidade, emoção e celebração. Ficou a certeza de que o Simple Plan continua sendo uma banda que se entrega de verdade e segue o caminho que acredita. Como correspondente e fã por décadas, acompanhar esses shows para registrar com minhas lentes e todos os sentidos do meu corpo só confirmou o quanto a música é poderosa e o quanto o Simple Plan é importante para mim. Foi impossível não sair com o coração cheio de gratidão e expectativa por uma turnê igual no Brasil. Será que vem aí? A gente quer…
Simple Plan at 713 Music Hall, Houston, TX, USA // The Pavilion at Toyota Music Factory, Irving, TX, USA
- I’d Do Anything
- Nothing Changes
- Shut Up!
- Jump
- Addicted
- Jet Lag (with LØLØ)
- Can’t Keep My Hands Off You
- Astronaut
- Welcome to My Life
- Summer Paradise
- Untitled (How Could This Happen to Me?)
- Thank You
- The Worst Day Ever / My Alien / God Must Hate Me / Grow Up / Vacation
- All Star / Sk8er Boi / Mr. Brightside
- What’s New Scooby Doo?
- Where I Belong
- I’m Just a Kid
- Perfect