As transformações do AS IT IS em I Went To Hell and Back
Álbum dá continuidade no amadurecimento da banda com uma proposta mais obscura
Depois de três anos sem novos lançamentos, uma pandemia e mudanças entre os integrantes da banda, o AS IT IS está de volta trazendo uma surpresa incrível para os fãs da banda e do bom pop punk: I Went To Hell and Back é a insígnia do melhor que o gênero pode trazer para os dias atuais.
Que o grupo britânico liderado por Patty Walters também surpreendeu o público no último lançamento do álbum The Great Depression (2018), ao apostar numa estética mais pesada, não é nenhuma novidade. O inesperado neste início de ano foi a forma em que o trio conseguiu casar perfeitamente a essência da banda, combinando o pop punk otimista e enérgico que eles trouxeram em meados de 2015, no início de sua carreira, com a proposta do lado mais sombrio que eles criaram em 2018: e o resultado foi o som mais característico para o AS IT IS possível.
IDGAF abre o álbum com pequenos spoilers do que o ouvinte espera: a batida upbeat eletrônica somada ao pop punk clássico do AS IT IS, mas que se misturam a uma composição de uma temática mais séria, esta que vai aos poucos crescendo no álbum.
IDGAF é o clássico exemplo de investir no “arroz com feijão” da banda de maneira bem executada, e por isso, assim como Lie To Me e ILY, How Are You?, que aparecem em seguida no disco, as três faixas demonstram uma maturação da banda em qualidade, mas por enquanto, sem muitas novidades na melodia.
IDC, I Can’t Take It é uma das melhores faixas no sentido em que o trio se propõe a deixar cada um de seus membros brilhar. Tanto a guitarra quanto a bateria ganham um espaço especial nessa música de um refrão de grudar na cabeça. I Miss 2003 também é receita para um grande sucesso com a forma que a banda brinca com a nostalgia e faz referências à outras bandas da Warped Tour, como Mayday Parade e Good Charlotte, sendo como um presente para os fãs do gênero, que gostam tanto da temática.
In Threes, com participação do Set It Off e JordyPurp, já havia sido lançada antes do álbum, e é a torção perfeita na transição do trabalho da banda. É pesada, forte e obscura e traz um lado do AS IT IS que havia sido pouco explorado, mas que demonstra ter um potencial imenso. A batida de fundo e a letra se encontram para demonstrar a angústia ao que o eu-lírico declama: “Misery don’t sleep / Dying to take back what it gave me / Tragedy comes in threes – third-degree apathy”. É intensa e incrível.
Nesse outro lado do álbum, os sintetizadores de I’m Gone chamam a atenção do ouvinte que segue curioso e leva até I Can’t Feel A Thing, com participação do The Word Alive, que também é outro ponto altíssimo desse trabalho. A música é pesada, com direito a muita gritaria mas também pop de sintetizadores; faz lembrar o trabalho de algumas bandas de metalcore que tem seguido essa linha, como o Bring Me The Horizon.
As participações de bandas como Set it Off e The Word Alive nesse álbum se encaixam perfeitamente na nova proposta do As It Is e dão o tom para o que pode seguir no trabalho deles nos próximos anos.
A auto-intitulada I Went To Hell and Back é mais tranquila e fecha a segunda parte do álbum com chave de ouro, mostrando como as 14 faixas são redondas e complementares à mensagem que o trio quis passar com esse lançamento.
Por fim, I Went To Hell and Back é, sem dúvidas, um dos melhores – se não o melhor – trabalhos que o As It Is já se propôs a fazer. O álbum não leva a banda de volta à mesmice e consegue superar o último longa no quesito inovação sem pecar por excessos. O As It Is soube encontrar o equilíbrio entre o novo e o velho de maneira impecável.
Para fãs de: Our Last Night, WSTR e Trash Boat