The Album CAMINO: singles explosivos e outras faixas pra ocupar espaço
Álbum é um turbulento e instrospectivo mergulho no eu lírico e relacionamentos insalubres
Desde 2016 na ativa, The Band CAMINO é indispensável para amantes de pop punk com tempero pop rock. A banda que foi o ato de abertura do duo sensação country/pop Dan+Shay, não pode ser contida em um gênero musical ou outro, mas a fórmula mágica não falha: instrumentos orgânicos como estrutura da melodia, efeitos sonoros pra texturizar o instrumental, gang vocals, e um refrão pop que não vai desgrudar da sua cabeça.
O trio se aproveitou da pandemia pra gravar seu primeiro trabalho completo após alguns singles e o memorável EP tryhard e o resultado foi esse: quatro singles oficiais (e dois promocionais) e uma matéria cinzenta e esquecível entre eles. Em entrevista para a Alternative Press, afirmaram que um projeto mais longo significava finalmente ter espaço pra respirar, trazer equilíbrio pro conjunto de músicas, ao contrário do EP de 2019, com apenas sete músicas pra provar o potencial do grupo.
Com a influência pop punk mais esparsa, The Band CAMINO mostra nas 14 faixas que a relação com o produtor Jordan Schmidt está mais consolidada do que nunca e que o forte do grupo é entrelaçar todas as influências e inspirações, desde o trap contemporâneo até All Time Low, com quem fizeram uma parceria impecável em 2020.
O mais novo projeto, autointitulado The Band CAMINO, tem 44 minutos de um turbulento e introspectivo mergulho no eu lírico e relacionamentos insalubres; coesão pode ser a palavra a definir o som que permeia a obra, redundante e derivativo dos projetos anteriores, também cabem aqui.
O primeiro single, Roses, lançado junto a um divertido videoclipe em dezembro de 2020, nove meses antes da estreia do disco, é leve e cheio de senso de humor e uma mensagem positiva: veja o lado bom das coisas, repare nos pequenos detalhes, o que, de acordo com os membros do grupo, é também um lembrete a eles mesmos a não se apegarem tanto à tristeza e aos momentos ruins. A faixa é mais suave e alegre, mas ainda apresenta riffs criativos que acompanham a melodia do começo ao fim.
O segundo single, 1 Last Cigarette, é um espetáculo à parte e um dos melhores trabalhos da discografia da banda. Nessa faixa encontra-se o suprassumo da mescla de estilos, com fortes sintetizadores nos versos e o refrão mais pop punk já mostrado. A música é cheia de atitude, frustração e um humor ácido sobre estar no fundo do poço.
O terceiro single foi Sorry Mom, um enorme contraste tanto na narrativa quanto na produção, que aqui é simplista e acompanha o tom vulnerável que o vocalista Jeffrey Jordan dá a música que compôs sobre sua relação complicada com a mãe. É de longe o momento mais pessoal e tocante, definitivamente inesquecível.
O quarto e último single oficial é Know It All, recheada de referências e o único dos singles a falar sobre um relacionamento, mostrando o leque de possibilidades do grupo. Assim como 1 Last Cigarette, essa música deixa bem explícito o lado mais rock que permeia a banda e promete agradar a todos os gostos com suas seções bem distintas e dinâmicas. E, como se não fosse o bastante, ainda há um solo de guitarra inspirado em ninguém menos que o brasileiro Matheus Asato, amigo da banda, contaram os artistas em entrevista.
Já na semana antecedendo o lançamento do disco, em setembro de 2021, as faixas I Think I Like You e Who Do You Think You Are? foram liberadas de surpresa pra ajudar na divulgação do projeto completo. A primeira música contém inspiração setentista e a linha de baixo é cantada pelo baterista Garrison Burgess num tom grave e divertido; A segunda já é o ponto mais introspectivo do álbum, refletindo sobre quem se tornaram nos dias atuais em relação aos garotos do Tennessee no início da carreira. Promissor, mas como o resto do disco, deixa a desejar na prática.
Outros pontos como Just A Phase e Song About You nem prometem, nem cumprem, são apenas mais do mesmo conteúdo e sonoridade, só que tão diluídas que fica difícil absorver alguma informação. Em momentos, a banda peca por perder a oportunidade de explorar os 2 vocalistas, Jeffrey Jordan e Spencer Stewart, e acabam com sons sem dimensão e que já foram melhor executados em projetos anteriores.
Para fãs de: All Time Low, COIN e Bad Suns