Diretamente da caverna, Cold Mold lança seu EP de estreia

Quinteto curitibano entrega sonoridade violenta e reta em seis faixas de apresentação da banda no cenário hardcore

Foto por Vitor Dalben

Neandertal Hardocre. Essa é a definição para o quinteto curitibano da Cold Mold, banda que nasceu de ideias ainda não exploradas de Gueorgue Soares e Lucas Redekoop, ambos membros da banda de hardcore Declive. Com uma sonoridade bruta e direta, a banda lançou seu primeiro EP, Straight Outta Cave, no último mês de agosto, trazendo 6 faixas que permeiam assuntos como política, racismo, depressão e abuso policial, já figuram o cenário nacional e internacional no universo do hardcore. O Downstage trocou uma ideia com os músicos sobre processo criativo, underground nacional e próximos passos.

Foto por Vitor Dalben

O universo do hardcore é vasto e extremamente frutífero, vemos exemplos de várias bandas espalhadas pelo nosso território nacional. Olhando para Curitiba (PR), podemos enxergar uma gama enorme de bandas consagradas como é o caso da Your Fall, além da mais atual Declive, onde Gueorgue e Lucas fortaleceram seus laços dentro do gênero. Apesar de diversos lançamentos e shows, existiam ideias que precisavam vir à tona. Foi aí que nasceu a Cold Mold.

“A gente já tava com um projeto de talvez ter uma banda um pouco mais pesada no sentido mais pro beatdown, né, porque a gente entende e obviamente às vezes acaba caindo na subjetividade ali, a gente deixa o pessoal entender o que quiser também, né? Então, até as primeiras ideias da Declive já eram um pouco mais diferentes daquilo que ela acabou virando. Mas acho que a mudança veio da contribuição dos outros integrantes também. Então foi um trabalho de tirar o áudio do Whatsapp e colocar no projeto, depois pegar esse projeto e ver que faltava, começando a conciliar os rifs, os trechos e as ideias”, comenta o baixista Lucas.

Além da sonoridade, a Cold Mold também contou com uma forte sinergia entre Gueorgue e Lucas, que usaram dessa proximidade para unir diversos pensamentos e influências musicais, chegando no resultado final que deu vida ao EP Straight Outta Cave, com faixas curtas e retas, mostrando que ser simples não é o mesmo de ser simplista. Com a entrada dos outros membros, fechando a formação, a banda pôde perceber a força que o que estavam construindo tinha. 

“Eu vim com as ideias, o alemão (Lucas) foi escrevendo, dando vida pro som ali. Aí então como a gente já estava com o EP fechado, a gente chamou os moleques e aí a composição, a gravação, mano, tudo “sem peita”, na raça, né? Foi o nosso querido alemão. Então foi tudo na casa ali do alemão, na manha mesmo”, relembra Gueorgue.

Na busca pela autenticidade, a dupla optou por fazer o que de fato fazia sentido para eles, transformando o projeto em algo de sonoridade violenta e original. “E aí, tipo, até o nome, né, Straight Outta Cave, tipo, Diretamente da Caverna assim, casou muito. E, mano, é isso, a gente vai fazer o que a gente achar que é massa, não porque é uma tendência em algum lugar assim, mas é porque, sei lá, é, nem que seja, é só divertido pra gente e daí, tá ligado? Vamos fazer nessa linha assim”, ressalta Gueorgue.

Com menos de um mês lançado, o EP da Cold Mold já chama atenção não só em território nacional, como também em streams internacionais, reforçando o poder que um hardcore bem executado tem de furar bolhas e lugares. Isso mostra como o Brasil é forte no quesito qualidade musical, não perdendo para outros países onde a cultura do criar e lançar acaba sendo um pouco mais recorrente. Nisso a banda já começa a pensar em seus próximos lançamentos.

“Cara, se a gente conseguir atingir 10 pessoas de uma cena de hardcore de outro lugar, a gente já ganhou, entendeu? A gente vai trabalhar para alcançar mais, mas tipo assim, o Brasil ele vai ser referência, ele já é referência em alguns pontos e está cada vez mais caminhando para isso. Não tenho dúvidas de que o Brasil vai ser uma referência também no quesito musical, quem sabe uma referência do hardcore. A gente já tá com essas ideias de começar a trabalhar em novos sons até para dar uma encorpada no set, né? Logo vem coisa nova por aí!”, afirma Lucas.