O legado de L7: Donita Sparks se abre sobre passado, presente e futuro da banda
Prestes a desembarcar no Brasil, a fundadora e vocalista do L7 fala sobre turnê com Garbage e legado na música

Em conversa com Downstage, Donita Sparks, fundadora, vocalista e guitarrista do L7, nos recebe com a sinceridade e o entusiasmo que sempre foram suas marcas registradas. A banda, uma das maiores representantes do grunge e do rock alternativo da década de 90, tem um legado que atravessa gerações e uma trajetória de resistência e reinvenção.
L7 está prestes a voltar ao Brasil para uma nova série de shows, desta vez acompanhando o Garbage, outro ícone dos anos 90.
A banda estará em turnê pelas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, entre 21 e 23 de março de 2025, e Donita compartilha suas expectativas sobre a volta ao Brasil, as mudanças no cenário musical e a história do grupo. A entrevista, mesmo que de curta duração, revelou um olhar atento sobre a evolução do rock, a luta feminina e a relação do L7 com seu legado.
O encontro com Garbage
Quando se trata da parceria com o Garbage, Donita não esconde a animação ao falar sobre a nova turnê com a banda liderada por Shirley Manson. “Vai ser incrível porque nunca tocamos com o Garbage antes”, conta a vocalista. “Vamos disputar com Shirley quem vai arrasar no visual, na maquiagem e no cabelo, mas, de verdade, estar com eles no palco vai ser um grande momento. Eles são uma banda icônica e temos uma história com o Butch Vig, que produziu nosso álbum Bricks Are Heavy.”

A química entre as bandas promete ser elétrica, mas nem tudo será festa, e Donita é direta: “Não sei se vamos fazer muita festa nos bastidores, porque a turnê vai ser intensa. Três shows em três dias não é moleza, vai ser trabalho duro.”
Mas, uma coisa é certa: a energia que o público brasileiro sempre teve com o L7 será, sem dúvida, um combustível para essas apresentações.
Mulheres no rock: um legado de resistência e o respeito conquistado

Ao ser questionada sobre as mudanças no papel das mulheres no rock desde a década de 1990 até os dias de hoje, Donita não hesita em pontuar que o respeito pelo L7 se consolidou ao longo do tempo, mas há uma diferença na forma como a banda é percebida agora, principalmente pela imprensa e pelos fãs mais jovens.
“Hoje, acho que somos vistas com mais respeito, porque passamos por muito, somos uma banda que está aqui há décadas e isso conta”, reflete. “Antigamente, alguns jornalistas ficavam obcecados com o fato de sermos mulheres. Agora, isso não acontece tanto. O público e os colegas sempre nos respeitaram pela nossa música, e isso nunca mudou.”
Porém, ela também reconhece que, embora a luta tenha sido dura, o L7 não quis ser rotulada como uma banda com uma “agenda feminista”, apesar de ser formada por mulheres. “Não fomos uma banda com uma agenda explícita, fomos uma banda de rock, com mulheres. E isso, por si só, já diz muito”, explica Donita. Para ela, o que define o L7 é, acima de tudo, a música e a intensidade de suas performances.
“Quero ser lembrada como uma boa banda de rock, que sabia fazer boas músicas e entregar um show energético.”
L7 e o impacto nas novas gerações
O cenário do rock não é fácil – principalmente para bandas femininas. Donita considera que o L7, junto com outras “irmãs” do rock, ajudou a abrir caminho para muitas artistas e bandas que, hoje, têm mais espaço. Ela reconhece a importância de outras pioneiras como Sister Rosetta Tharpe e as Runaways, mas acredita que sua geração fez história dentro do movimento grunge.

“Houve pioneiras antes de nós, mas o L7 tem seu lugar nesse contexto. No entanto, também gostaríamos de ser lembrados como boas compositoras”, afirma. Esse legado vai além dos discos: “Quando olho para nossas músicas, vejo que elas resistem ao tempo. Têm boas letras, são engraçadas, e oferecem comentários culturais e políticos importantes.”
Com relação aos festivais mais alternativos, já mencionados por Donita em entrevistas antigas, a evolução da presença feminina segue sendo um tópico sensível. A banda, que tem sido nome carimbado em alguns festivais de metal e punk, recentemente se lançou como curadora de seu próprio evento, o L7’s Fast and Frightening Takeover. “Foi uma resposta a esse espaço limitado para mulheres nesses festivais: decidimos fazer algo sobre isso”, revela. “O festival foi um sucesso, e tivemos muitas bandas bacanas, muitas delas compostas por mulheres.”
Para Donita, essa ação foi uma maneira de afirmar o papel fundamental das mulheres no cenário musical alternativo e dar visibilidade a novas vozes.

Expectativas para a turnê no Brasil: a energia única do público brasileiro
Donita não esconde seu entusiasmo quando se trata dos shows em solo brasileiro. “Esperamos a energia incrível do público brasileiro. Aquela energia única que só o Brasil tem”, diz. “Se eu pudesse pedir algo, seria ouvir muito o ‘olé, olé, olé, olé’ vindo da plateia. É algo que sempre nos faz rir e nos dá uma energia incrível.”
A interação com o público brasileiro é um dos maiores prazeres para artistas internacionais, e a promessa de um show repleto de interação é clara. Embora a banda tenha sua setlist planejada, ditando o ritmo do show, ela deixa claro que o espírito da apresentação também é feito pela audiência. “Espero que eles cantem junto com a gente, porque a energia do público brasileiro é sempre contagiante”, completa.

O retorno do L7 ao Brasil é, mais uma vez, uma oportunidade de celebrar a música que, há mais de três décadas, desafia convenções e continua a ser um símbolo de resistência e potência.
Com a promessa de shows repletos de eletricidade e interação com o público brasileiro, Donita Sparks e companhia estão prontas para incendiar os palcos e deixar sua marca novamente. Se você ainda não garantiu seu ingresso, não perca a oportunidade de ver L7 ao lado do Garbage em Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
Serviço
L7 no Rio de Janeiro
Data: 21/03/2025
Local: Sacadura 154
Endereço: R. Sacadura Cabral, 154 – Saúde
Horário: 19h
Ingressos no Fastix.
L7 em São Paulo
Data: 22/03/2025
Local: Terra SP
Endereço: Avenida Salim Antônio Curiati, 160 – Campo Grande
Horário: 19h
Ingressos no Clube do Ingresso.
L7 em Curitiba
Data: 23/03/2025
Local: Ópera de Arame
Endereço: R. João Gava, 920 – Abranches
Horário: 18h
Ingressos no Fastix.
A produção é da Liberation MC.