Novidade Média: Sugar Kane retorna com álbum excepcional
Com intensidade e paixão, os curitibanos da banda Sugar Kane lançam seu oitavo disco de estúdio, revitalizando a chama deixada em 2014
Sete anos após o último disco Ignorância Pluralística, os curitibanos do Sugar Kane, banda fundada em 1997, presenteia os fãs com 10 faixas inéditas e muito, muito alto astral. Apesar do momento de reclusão, falta de shows e aquele contato olho no olho que o hardcore proporciona, o quarteto soltou nas pistas, no último dia trinta de julho, o álbum Novidade Média, onde abordam esse momento que estamos vivendo, ensinamentos de vida, críticas ao nosso (des)governo, e aquela dose de metáforas líricas que a banda sabe bem proporcionar.
O Sugar Kane que hoje é formada por Alexandre “Capileh” Zampieri (vocal e guitarra), Vinicius Zampieri (guitarra), Igor “Moderno” Tsurumaki (baixo) e André Dea (bateria), continuam despontando e explodindo a internet como uma das bandas de maior expressão no hardcore nacional, entregando, mais uma vez, um ótimo disco de sonoridades variadas e atitudes diversas.
A Casa abre o disco nos questionando: Foi bom mudar? É certo revisitar? Abrindo um leque de pensamentos e sentimentos para o ouvinte, entrelaçando tudo isso a um instrumental poderoso e sinestésico. A faixa seguinte, Novidade Média, que leva o nome do álbum, constata ainda mais a extensão vocal, e a qualidade técnica tanto de Capileh, quanto do restante da banda (prestem atenção nos drives da música). A terceira faixa trás um pouco daquele melódico lúdico, trabalhando tanto o emocional, quanto o carnal figurado, algo que o Sugar Kane sabe expressar com perfeição em suas composições (vide o álbum A Máquina Que Sonha Colorido). Dependência é um abraço na alma.
Crítica social foda? Temos! Todo Mundo Burro é aquele grito de desespero entalado por tempos, algo que é visto, e também é necessário dentro do hardcore, apontando a cegueira de quem apoiou este caos que perpetua com tempo contado (se Deus quiser!). Contra Mim brinca dentro do punk ‘romântico’, apostando em uma sonoridade linear e marcante, com guitarras homogêneas, mas que te fazem balbuciar o riff diversas vezes após ouvir. Escuridão é aquela típica faixa que exalta todo o ser do Sugar Kane, vocais fortes, riffs pesados, groove característico e uma bateria belissimamente marcada, dando destaque também para a letra que dança entre aceitação e pertencimento. Ligada nela, Dois Lados tem aquela pegada skate punk, que também corre nas veias do Sugar Kane, mostrando ainda mais a diversidade sonora que consiste na banda.
Em contramão de todas as outras faixas do disco, Não Me Rendo é a faixa peso, externalizando sentimentos dentro de um instrumental cadenciado e intenso, alternando com solos lineares e virtuosos. Indo no caminho da crítica, Traidor passeia dentro de uma narrativa social que é possível ser observada dentro de qualquer círculo: o mentiroso/inescrupuloso, aliado, claro a um instrumental marcante e característico. E fechando o disco, a banda traz Ela Me Disse, recheada de figuras de linguagem acerca da vida e do caminho que todos nós percorremos. Sugar Kane finalizando mais um trabalho de modo impecável!
E esse é o resultado de sete anos de espera: um álbum coeso, completo e pronto para rodar o mundo da forma como ele bem entender. Obrigado, Sugar Kane! Se você ainda não ouviu, vamos deixar aqui no final o disco completo para apreciação. Até!
Para fãs de: Rancore, DEAD FISH e Chuva Negra