Hadezi se reconhece e dá vigor à nova fase em single inédito

Com nova formação e nova sonoridade, banda carioca lança “Reconhecer”

Arte: Munique Rodrigues / Downstage

Não há dúvidas que um dos cenários mais impactados na cultura pela pandemia foi o musical, sobretudo entre os artistas independentes. O período foi um tanto turbulento, já que agora diversas bandas tinham que lidar com uma realidade 100% virtual e sem shows, utilizando do período de isolamento para voltarem para dentro de si e encontrar formas de lidar com a falta de previsão para o retorno da normalidade.

Um dos nomes que pertencem a esse grupo de artistas é a Hadezi (lê-se Radézi), banda carioca em atividade desde 2018, mas cujo tempo de distanciamento social fez com que os integrantes buscassem sua própria essência para transbordar para o próprio som. Nesse processo, não houve uma palavra melhor para descrever o resultado final e batizar a música que dá o pontapé inicial na nova fase do grupo: Reconhecer.

Capa do single Reconhecer (Imagem: Divulgação / Hadezi)

A faixa, que chega às plataformas digitais às 20h (horário de Brasília) desta terça-feira (26), traz uma mudança perceptível na sonoridade e na  relação dos integrantes como músicos e como banda. Reconhecer, agora, traz a Hadezi como uma unidade — em que Gustavo Martins (guitarra), Gustavo Ungarato (baixo), Fernando Assis (bateria) e Mateus Bragard (guitarra) permitem-se mergulhar em suas próprias galáxias criativas e sintetizar referências, experiências e propósitos em um só som.

“A principal mudança foi na nossa cabeça”, comenta Gustavo Martins em um bate-papo com o Downstage, referindo-se a esse período introspectivo entre 2019 e o fim de 2021. “É uma experimentação em muitos sentidos, foi natural da gente querer se modernizar, isso acabou refletindo bastante no nosso som”, complementou Mateus.

Uma das principais diferenças, no entanto, da Hadezi de 2018 e 2019 para a atual é a nova formação. O grupo chega com entusiasmo em todas as suas características e esbanja novidades de ponta a ponta, criando uma atmosfera de expectativas para um futuro que está mais perto do que o público imagina.

Dessa vez, Fernando Assis e Gustavo Ungarato complementam o frescor desse ar de novidades, considerando que passaram a integrar a formação atual há dez e seis meses, respectivamente. “As mudanças na Hadezi casaram de uma maneira inexplicável”, pontua Gustavo Martins sobre tudo o que há de inédito no grupo, de um modo geral, mas sobretudo referindo-se à presença dos dois novos membros da banda.

Da esquerda para a direita: Mateus Bragard, Gustavo Ungarato, Gustavo Martins e Fernando Assis (Imagem: Divulgação / Hadezi)

“Eles entraram de cabeça e na mesma onda que a gente”, continua. “Tá perfeito, o que vem por aí é muito influência deles, que vieram de fora.” O guitarrista Mateus complementa: “Eles transformaram muito do que as músicas eram da formação antiga pro que elas são hoje. Tem muito a cara do Fernando e do Gustavo [nelas].”

Relembrando, a dupla não hesita em dizer como sempre curtiu o som da Hadezi, por mais que as músicas atuais soem muito mais diferentes do que o público acompanhava há três e dois anos. “Peguei várias dessas músicas; elas já tinham um corpo maneiro, uma proposta legal e uma coisa que eu me identificava”, comenta o baterista Fernando durante o bate-papo, adicionando que o processo de trabalhar nas faixas foi quase imediato e não demorou muito pro brainstorm entre ele, Mateus e Gustavo Martins iniciar. “Isso é uma das coisas mais saudáveis, a gente não tem vergonha ou medo de expressar para o outro o que a gente gosta ou não gosta.”

“No começo eu entrei tranquilo, mas uma semana depois eu já tava dando pitaco”, brinca o baterista.

Já Gustavo, o integrante mais recente do grupo, acompanhava a Hadezi de perto há um tempo, sempre presente nos ensaios e cultivando uma amizade de longa data com Mateus e Gustavo Martins. “A pandemia fez com que todo mundo ficasse afastado desse rolê de fazer música”, comenta o baixista. 

(Imagem: Divulgação / Hadezi)

O músico estava sem banda na época e caiu como uma luva na banda, visto que a Hadezi tinha acabado de ficar sem baixista: não houve dúvidas. “O primeiro nome que me veio na cabeça foi o do Gustavo. ele sempre tava com a gente nos ensaios e eu sabia que ele virtuoso em relação à música”, adiciona Mateus.

Essa atmosfera leve e criativa é algo que contamina todo o processo de produção dos novos sons da Hadezi. A liberdade existe, assim como cada um dos integrantes derrama sua identidade nas faixas combinadas de uma maneira que criam algo totalmente novo e diferente, mas sobretudo único. 

Essas mudanças extendem-se à ousada (mas interessante) escolha de incluir toda a disposição vocal da banda nas novas faixas. Misturando agudos, graves e diferentes timbres, a Hadezi possui uma cartela de quatro vozes para extrapolar os limites criativos e musicais que as novas canções poderão oferecer, além de usufruir das habilidades artísticas e sonoras de todos os seus integrantes.

Por conta desses diálogos e “conflitos de gostos”, como a banda mesmo descreve, que Reconhecer levou dois meses de produção para enfim ser finalizada. A espera, por mais longa que possa parecer, mostrou-se necessária e, agora com o lançamento marcado para essa noite, válida. 

Apoio do público

Em 2013, Michael Clifford da 5 Seconds Of Summer publicou em seu Twitter uma mensagem que acabou se tornando um lema para diversas pessoas que acompanhavam o grupo australiano. “Real bands save fans, real fans save bands”, e essa frase cabe muito bem para a Hadezi e sua relação com os fãs.

Hadezi em julho (Imagem: Captura de tela)

Em julho, a banda publicou um vídeo nas redes sociais anunciando que abriria um financiamento coletivo para a produção das próximas músicas. Em uma realidade sem shows e levando uma vida como músico independente, toda ajuda conta, e com o apoio do público, o grupo conseguiu financiar as gravações da bateria para o próximo disco.

“É um dinheiro que quem pôde ajudar foi muito bem-vindo e fez uma mega diferença”, relatou a banda.

O financiamento coletivo da Hadezi permanece disponível, para contribuir acesse este link.

Pandemia e rotina

“A rotina é incessante e puxada, mas em contrapartida, por estarmos mais em casa e termos esses recursos de gravar, acabou sendo muito bom”, comenta Gustavo Martins. “Demos uma evoluída legal nesse início […] Foi bom pra gente ter mais tempo de trabalhar em cima das músicas, o que não falta é material pra trabalhar e lapidar.”

A evolução e amadurecimento é nítida apenas nos primeiros segundos de Reconhecer, que entregam uma surpresa genuína e impactante para os ouvintes logo no princípio. Para quem reproduzir a nova faixa logo após ouvir todas as músicas de Plano B, trabalho de 2018 e relançado em 2019, estará preparado para conhecer uma Hadezi mais segura de si, única e, sobretudo: escrevendo, produzindo e cantando o que transparece em sua essência.

Futuro

“Temos uma previsão por alto porque é muita coisa pra fazer”, adianta Gustavo Martins, sem deixar o entusiasmo do novo ser diminuído pelo espaço de tempo até os lançamentos novos. “Se tudo der certo, vamos lançar mais um single em dezembro e outro em janeiro.”Na agenda, há ainda um novo álbum previsto para o primeiro trimestre do ano que vem, além do primeiro material audiovisual com a nova formação da Hadezi, previsto para os próximos meses.