Zero to Hero dá vigor à nova fase em LILO

Com seis faixas, EP estabelece um novo padrão de qualidade para o trio

Arte: Munique Rodrigues / Downstage

É complicado lidar com expectativas quando um artista estabelece altos parâmetros com seu trabalho. Quando a ZERO TO HERO lançou em 2019 seu primeiro disco de estúdio, construiu-se uma ideia inconsciente (e inevitável) do ápice da carreira do trio de Taubaté: Breakwalls and Buildbridges é coeso, fluido e belo em sua mais pura essência.

Porém, mesmo com um intervalo maior do que o esperado por conta da pandemia de COVID-19 entre um trabalho e outro, Nicolas Brown, Danilo Camargo e Pedro Cursino conseguem superar a si mesmos em LILO, o mais novo EP da ZERO TO HERO. Com seis faixas, incluindo a previamente lançada for the first time in a long time, o grupo entrega um trabalho rico, íntimo e capaz de ressoar de diferentes formas em cada um.

(Foto: Vinicius Gon)

Com canções engavetadas desde 2018, LILO é cheio do que algum dia a banda já considerou ser seu “Lado B”, mas que agora, mais do que nunca, estão preparados para vir à público, com uma “nova roupagem e bem variado”, como adiantou Danilo ao Downstage.

“A gente tava em outro momento musical”, revela Pedro em entrevista. “Não encaixavam no que a gente tava fazendo na época; Claro que teve o amadurecimento, mas esse não é o fator principal.”

sleep tight, faixa seis do trabalho, é a mais antiga de toda a tracklist, mas mesmo assim foi revisitada várias vezes até chegar à sua versão LILO. “Tocamos ela desde o primeiro ano da banda e ela mudou muito”, comenta o baixista. “A única coisa que não mudou foi a letra, tudo em volta dela mudou.”

O baterista Nicolas ainda brinca: “[O EP] tá melhor, modéstia à parte”, referindo-se aos trabalhos anteriores da banda.

“O que acontece é a [falta da] necessidade de tentar encaixar em algo específico. Quando a gente lançou os primeiros EPs tinha muito uma necessidade de ser pop punk, e nesse caso, a gente não fez com o compromisso de ser com um estilo ou outro, a gente quer que a música seja boa. Fomos fazendo e a gente achou que ficou bom, não houve uma necessidade de se adequar.”

PEDRO CURSINO, BAIXO E VOCAIS na ZERO TO HERO
(Foto: Vinicius Gon)

A criatividade na quarentena

Enquanto o período de isolamento social foi tempo de colocar a cabeça no lugar, para outros também foi um respiro em meio à rotina caótica para produzir e encontrar novos interesses. Para a ZERO TO HERO, 2020 e 2021 acabaram ressoando de formas diferentes em cada um dos integrantes.

“Eu me vejo um outro baterista depois da quarentena, fiquei muito tempo estudando e criando”, conta Nicolas. “Realmente pra mim deu uma boa diferença, fiquei muito tempo sozinho então a criatividade funcionou pra caramba. Nesse sentido, foi bom.”

Para Danilo, por exemplo, foi um período para encontrar mais tempo para produzir e tentar coisas novas. “Meus primeiros passos foram tentar produzir alguma coisa, e eu acabei compondo também”, conta o guitarrista. “Antes era uma vez ou outra, na pandemia acabou sobrando tempo então deu pra aprimorar nesse sentido.”

Pedro, por sua vez, sentiu a ressaca criativa bater à porta durante os últimos dois anos em termos de composição, mas não deixa de falar como o trabalho dos colegas de banda foram essenciais para o novo EP, especialmente a faixa changes, que partiu de Danilo.

(Foto: Vinicius Gon)

“É a melhor do EP e talvez a melhor que a gente já fez”, comenta. “É engraçado porque na ZERO TO HERO todas as músicas são de nós três, a gente trabalha em cima delas e damos nosso toque pessoal. Essa partiu do Danilo.”

“Curiosidade é que nessa música, a bateria foi o Danilo que fez também”, complementa Nicolas. “Eu mudei uma coisinha ou outra.”

Futuro

Embora a ZERO TO HERO tenha acabado de dividir LILO com o mundo, ainda há muito mais por vir. Segundo Pedro, a banda tem pelo menos vinte músicas na gaveta, incluindo as que ainda não estão finalizadas e outras que o trio já toca em ensaios.

“Tem muita coisa que a gente ainda vai ensaiar e transformar em algo legal”, pontua, enquanto os colegas esclarecem como estão ansiosos para voltar aos palcos e cheio de ideias para desdobrar as novas faixas em conteúdos audiovisuais, como materiais para redes.