Retrospectiva Downstage: os melhores álbuns de 2023

Do real emo ao thrash metal, o Downstage selecionou os melhores trabalhos dos últimos 12 meses

Arte: Laura Retamero / Downstage

Por Bia Vaccari, Bernardo Gasino, Mariana Meyer, Camila Brites, Luis Antonio, Eduardo Vianna, Talita Feijó, Hugo Daflon, Clarissa Progin, André Artigas, Melissa Buzzatto e Amanda Victório

Em um ano marcado por comebacks de algumas das maiores bandas da cena, retorno de formações antigas e debuts das mais promissoras apostas da geração foi muito difícil selecionar os melhores álbuns de 2023 (isso vai explicar nossa lista extensa). Mas apesar da dificuldade, selecionamos aqueles discos que nos marcaram ao longo desse ano e que certamente também marcaram vocês.

Confira agora, os melhores álbuns de 2023 selecionados a dedo pela equipe do Downstage:

nothing,nowhere. – VOID ETERNAL

VOID ETERNAL é o quinto disco de estúdio do rapper nothing,nowhere., mas que curiosamente, é o que mais se afasta do gênero. Enquanto Trauma Factory (2021) furou a bolha alternativa, VOID ETERNAL inclui uma nova abordagem ainda não vista em Joseph Edward Mulherin: com a tristeza e os versos emotivos ainda muito presentes, agora suas canções ganham uma roupagem mais feroz; apresentando uma luta clara e comovente contra a ansiedade, depressão e agonia emocional.

Perfeito para ser ouvido como um todo, mas também com faixas que performam muito bem sozinhas, o disco uniu diversos feats em apenas um trabalho, mas sem depender das participações especiais para fazê-lo acontecer. Alguns destaques vão para as faixas VEN0M, com Underoath; FORTUNE_TELLER com Static Dress e THIRST4VIOLENCE, com Freddie Dredd e Silverstein.

Arrows in Action – Built to Last

O Arrows in Action está em atividade desde 2017, mas foi apenas em 2023 que o trio pop rock de Gainesville liberou o seu álbum de estreia para o público. Built to Last chega após alguns EPs lançados pela banda, incluindo o Be More. (2021).

O disco chega como uma montanha-russa de emoções e conflitos, com letras tristes sendo contrastadas por melodias alegres e energéticas. Preenchido com uma mistura turbulenta que flerta bastante com o indie rock e um pop alternativo açucarado, Built to Last é um disco coeso, que aborda as dores crescentes da vida, como desgosto, nostalgia, aflição, saudade e arrependimento.

A Foreign Affair – Still Frame

Still Frame encerrou o mês de outubro como uma grata surpresa. O primeiro álbum do A Foreign Affair é uma mistura de rock alternativo com tudo o que gostamos no electronicore. Em atividade desde 2017, a banda é formada pelo ex-vocalista do Incredible Me, Alex Strobaugh, que assume os vocais duma forma cativante e energética.

O disco tem feats incríveis, como o com Aaron Gillespie, que toma conta logo da primeira faixa, Day by Day, mas as demais músicas realmente não ficam para trás. Rearview tem momentos dançantes e Losing the Memory encerra o trabalho com muito fôlego e sentimentalismo. Um álbum que definitivamente não poderia passar despercebido.

Wilmette – Hyperfocused

A Wilmette é uma banda de Illinois cuja proposta de sonoridade é altamente energética e carregada de emoção. Neste ano, o grupo lançou seu primeiro álbum após o EP que lhes deu mais notoriedade dentro da cena pop punk estrangeira: Hyperfocused, que chegou em agosto em todas as plataformas digitais.

Super alegre e com uma abordagem sonora bem democrática, capaz de atrair tanto os fãs da nova geração de pop punk quanto os mais voltados para o old school, o quinteto transborda sentimentalismo em letras que são acompanhadas de um instrumental rápido e dinâmico. O easter egg fica por conta da produção de Seth Henderson, que tem bandas como Knuckle Puck e Real Friends em seu portfólio.

Catch Your Breath – Shame on Me

Shame on Me vinha com muitas expectativas: depois do estouro do single Dial Tone, de 2022, o Catch Your Breath agora se preparava para lançar seu primeiro álbum de estúdio.

Antecipado com singles efervescentes (incluindo o próprio Dial Tone e a incrível Y.S.K.W.), Shame on Me traz um metalcore irresistível e mesclado com elementos eletrônicos e até mesmo dançantes. O disco é um equilíbrio perfeito entre peso e modernidade, com faixas que prometem prender o ouvinte do início ao fim.

Pierce the Veil – The Jaws Of Life

Marcando o ano de passagem pelo Brasil após longos anos de espera, o Pierce the Veil entregou um de seus mais diferentes álbuns da discografia. Dessa vez sem a presença de Mike Fuentes na composição e produção, The Jaws of Life entrega uma proposta que se distancia de tudo o que a banda já fez até então tanto na arte de capa quanto nas próprias faixas.

A Era começou com o pé na porta, trazendo Pass the Nirvana, com claras referências a Deftones e Rage Against the Machine, furando a bolha do post-hardcore e trazendo um público diferente do que o Pierce the Veil estava acostumado durante todos esses anos. Emergency Contact já veio num tom mais familiar, conversando com Collide With The Sky (2013) e Selfish Machines (2010). O disco ainda traz o feat 12 Fractures com chloe moriondo, que traz ainda mais frescor para a tracklist.

Nightly – wear your heart out

Os príncipes do indie pop (ou pop alternativo) retornam com o sucessor de night, love you <3, lançado em meados da pandemia, dessa vez flertando completamente com a estética disco, globos espelhados e instrumentais dançantes, mas sem desapegar de sua essência. São 14 faixas que flutuam entre ritmos de festa, melodias divertidas e as tradicionais letras cheias de sentimentalismo que só mesmo o Nightly é capaz de fazer. 

The Mönic – Cuidado Você

A língua portuguesa não é a única característica que marca a nova fase para a The Mönic no segundo álbum da banda, Cuidado Você. O disco traz muito da essência “rock de garagem” da banda, mas já alça voos maiores em direção a um punk rock dançante e cheio de personalidade. Antecipado pelos singles Bateu, Sabotagem e Atear, Cuidado Você chega num momento repleto de conquistas para o grupo: o ano em que colocaram o Não Tem Banda com Mina no mundo, uma turnê inteira pelo Nordeste no segundo semestre do ano e a Sabotagem Tour sucedendo diversos shows importantes para a carreira do grupo, como o Polifonia (RJ) e o Oxigênio Festival (SP).

Point North – Prepare for Despair

O terceiro álbum da banda mostra que eles vieram para ficar. Se em algum momento alguém tinha dúvidas sobre Point North, é melhor que tenha ouvido o Prepare for Despair (ou dê uma chance agora), porque esse disco foi a prova de que eles não chegaram para brincadeira.

Com novos desafios, acertando os pontos em relação ao primeiro álbum e refinando ainda mais o que já estavam acertando, a fórmula é óbvia: um segundo álbum com músicas incríveis e que te fazem pensar “por qual motivo eles não começaram antes?”

Broadside – Hotel Bleu

Em seu quarto álbum de estúdio, Hotel Bleu, Broadside explora a experiência de se hospedar em um hotel para seus ouvintes. De não estar em casa, mas mesmo assim poder descansar e não se importar com o que aconteceu antes e muito menos com o que acontecerá depois, só com o agora e c’est la vie.

As músicas do álbum trazem histórias vividas em quartos de um hotel, é como estar hospedado neste grandioso álbum e cada faixa ser, na verdade, um quarto e, ao abrir uma porta, você acaba sendo absorvido pela história que os músicos construíram com maestria.

Um Quarto (¼) – De Nossas Vidas

Resultado de muito suor, trabalho, amor e uma amizade inseparável, o trio Um Quarto (¼) lançou neste ano seu primeiro álbum.  De Nossas Vidas é literalmente um presente para o público: uma carta aberta das profundezas dos corações de BB, Theo e Pedro para os fãs, a cena emo e, principalmente uns aos outros.

Atmosférico, emocionante e cheio de significados, De Nossas Vidas representa o momento em que a banda vive como um todo, uma pedra que reluz em meio a um ano tão turbulento.

Quarto Vazio – Fábulas

Uma verdadeira revelação de 2023, Quarto Vazio é uma banda alagoana de dreampop nascida no meio emo. Eles apareceram com o single peanuts em abril e logo depois dividiram com o público seu disco de estreia, Fábulas. Coeso, com melodias que são claras referências ao emo a la American Football, suas canções têm uma roupagem muito mais moderna sem desapegar de sua essência. Definitivamente um disco que não pode passar despercebido, e uma banda que tem tudo para surpreender.

chão de taco – difícil

Após o excelente EP autointitulado de 2021, era óbvio que as expectativas para um disco de estúdio da chão de taco seriam altas. Lançado no fim de novembro, difícil cumpre bem a proposta da banda de trazer seu “rock triste”, com dedilhados de se fechar os olhos e deixar a música fluir e correr como sangue por todas as veias. Com faixas rápidas e mais lentas, o álbum entrega equilíbrio, coesão e muita identificação por parte do público — um sentimento presente e muito frequente no público real emo.

chão de taco é uma das atrações presentes na 2ª edição do banda de casinha. Os ingressos estão esgotados.

Deb and the Mentals – DEB

Uma nova viagem sonora. É isso que DEB propõe em seu mais novo álbum, completamente banhado na vibrância e personalidade da cor azul. Com uma nova proposta de identidade, a banda agora leva o nome apenas de DEB e desapega do anterior Deb and the Mentals. Entregando uma sonoridade única e letras profundas, Azul Catástrofe apresenta o grunge com pitadas de post-punk e pop já conhecidos da banda, porém transmitidos como uma experiência excepcional tanto para banda quanto para o público.

Quem é você, Alice? – rolê trevas pt. II

Uma das bandas do cenário emo que mais vem chamando atenção é de Porto Alegre e leva o nome Quem é você, Alice?. Com seu disco de estreia rolê trevas pt. II, aqui a essência do real emo chega completamente escancarada, cheia de existencialismo, nomes de músicas compridos e muitos dedilhados que somente o público desse gênero é capaz de reconhecer de longe. Com esse disco, o grupo gaúcho traz a promessa de tornar-se um dos nomes mais interessantes de serem acompanhados para 2024, e é claro que estaremos de olho.

The Zasters – Hunting Season

O primeiro álbum de estúdio da The Zasters é vibrante, cativante e explosivo em sonoridade. Uma mistura que funciona de tudo o que faz a banda construir a própria identidade, com elementos do rock ao pop, punk, rap e principalmente o indie, Hunting Season é uma verdadeira e deliciosa maluquice musical. Repleto de feats que parecem se encaixar perfeitamente nas vozes convidadas, a presença do álbum era indispensável nessa lista.

NÃO NASCI HERÓI – Vazio de Mim, Cheio de Tudo

Um disco que é amor à primeira vista, já que a capa entrega impacto, beleza e um pouquinho de curiosidade até para aqueles que não conhecem a banda. NÃO NASCI HERÓI lançou seu primeiro álbum em 2023, Vazio de Mim, Cheio de Tudo, que leva contrastes e linguagens de opostos não somente em seu título como em toda a sua tracklist. Repleto de conceitos e influências que vão do hardcore nacional ao pop punk estrangeiro, dar um play é praticamente indispensável.

mães católicas – Feriado Prolongado

Sólido e divertido, Feriado Prolongado sucede os excelentes EPs Queijo Mussarela e Cabuloso, ambos de 2021, de forma coesa e cheia de novidade.  Buscando a cada lançamento renovar sua estética, mesclando elementos de estilos musicais nacionais com referências internacionais, mães católicas consegue se manter cada vez mais original e cativante, trazendo uma sonoridade irresistível e identidade única, impossível de não se prestar atenção.

Gabriel Campos – 12 meses

Gabriel Campos é definitivamente um nome que se deve prestar muita atenção para os próximos meses, e curiosamente seu disco de estreia 12 meses mostra bem isso. Cheio de percepções sobre o tempo, a vida e toda a sua imprevisibilidade, o músico consegue abordar isso de uma forma original sem desapegar de suas influências claras de Lupe de Lupe e Lô Borges.

O álbum ainda conta com feats que só têm a somar no resultado final do trabalho, como os de Fernando Motta, Wagner Almeida e Victor Dante.

KASSEL – This is about leaving

Um resultado de três anos de dedicação, This Is About Leaving do KASSEL exala importância em todos os sentidos. Levando como principal tema as despedidas, o duo traz uma sonoridade única, com muito sentimentalismo e levando o pop alternativo brasileiro para outro patamar, mesclando uma estética intimista e digital com outras expressões de arte, como pinturas e filmagens que exploram diferentes movimentações.

Sound Bullet – Inevitável

Trazendo um novo significado para a cor lilás, em 2023 a Sound Bullet lançou o seu mais novo disco, Inevitável, em que exploram temas profundos que conversam com o título da obra: a vida, o tempo, crescer, mudanças e o luto. Uma das curiosidades mais legais do trabalho é a faixa Lavander Town, que traz o universo de Pokémon como principal inspiração: em suas versões Red, Blue e Yellow, onde a Lavender Town é uma vila assombrada cercada de fantasmas, conhecida por sua atmosfera sombria e melancólica.

O disco ainda chegou a ganhar um EP com as músicas sendo apresentadas ao vivo, num registro intenso e intimista.

TAPESTRY – The Pain You Desire, The Love You Deserve

The Pain You Desire, The Love You Deserve é o primeiro álbum de estúdio da banda australiana Tapestry, lançado em agosto de 2023. Um grupo que ainda pode ser relativamente desconhecido, mas merece atenção pela qualidade musical que entrega. O álbum combina o melhor dos elementos de post-hardcore, metal alternativo e emo.

O impacto emocional é o ponto mais forte do álbum e cada faixa ainda oferece algo diferente. Um sentimento consistente de melancolia envolve o álbum em um abraço estranhamente reconfortante. Para quem procura um disco comovente e sincero, The Pain You Desire, The Love You Deserve é uma ótima pedida.

Silent Planet – SUPERBLOOM

SUPERBLOOM é o quinto álbum de estúdio do Silent Planet e foi lançado em novembro de 2023. O disco é o trabalho mais maduro do grupo até então, uma explosão de energia e criatividade, que explora mais a sonoridade, adicionando elementos industriais e eletrônicos ao bom e velho metalcore.

Além de uma identidade visual muito forte, com uma pegada obscura e sexy, as músicas também transmitem a mesma ideia, com refrões cativantes, letras reflexivas e riffs de guitarra únicos. Escutar SUPERBLOOM é como pegar carona em uma viagem extraterrestre, com uma atmosfera totalmente experimental.

Bury Tomorrow – The Seventh Sun

The Seventh Sun é o sétimo álbum de estúdio da banda britânica de metalcore Bury Tomorrow, lançado em 2023. É o primeiro álbum a apresentar o novo guitarrista rítmico da banda, Ed Hartwell, e o tecladista e vocalista limpo Tom Prendergast. O álbum marca uma mudança de direção para o Bury Tomorrow, que deixou de ser somente uma banda de metalcore, mas também uma banda que explora e expande o seu som.

O disco incorpora não só elementos de metalcore, mas também de death metal melódico, música eletrônica e metal progressivo, mostrando versatilidade e a curiosidade de explorar novos territórios enquanto se mantém fiel a sua identidade. The Seventh Sun é um álbum que mostra que o Bury Tomorrow está em uma nova fase, mais versátil e com uma sonoridade bem mais acessível. E quem sabe até a melhor fase do grupo em anos.

Currents – The Death We Seek

Currents é o tipo de banda que nunca vai decepcionar com um lançamento. E com The Death We Seek não foi diferente. Unindo o que fizeram de melhor nos últimos 4 trabalhos, a banda trouxe um álbum maduro, com uma qualidade instrumental diferenciada e o melhor arranjo vocal da carreira de Brian Wille.

The Death We Seek aborda temas pesados, é brutal e ainda assim acessível. Embora todas as faixas possam soar bastante homogêneas quando escutadas dentro do todo, elas foram executadas com maestria, trazendo o melhor dos riffs e solos de guitarra, além de sintetizadores e efeitos que contrastam muito bem com as melodias. Remember Me, So Alone e Living In Tragedy são pontos altos da obra. 

PVRIS – EVERGREEN

Após quatro discos lançados, em três gravadoras diferentes, PVRIS finalmente encontrou seu caminho em EVERGREEN, um álbum lançado sob seus próprios termos e que inicia um novo ciclo na vida de Lynn Gunn.

As faixas iniciais são impulsivas e conflitantes, mas ainda assim atrativas e dinâmicas. À medida que o álbum vai progredindo, as músicas se tornam mais delicadas e introspectivas, mas sem perder sua energia. A proficiência e a confiança de Lyndsey são evidentes em todas as faixas, desde suas performances vocais poderosas até sua combinação de instrumentos inesperados.

Trophy Eyes – Suicide and Sunshine

Suicide and Sunshine pode ser considerado o melhor lançamento do Trophy Eyes até agora, até mesmo como um dos melhores lançamentos de 2023. O álbum soa como um abraço de seu melhor amigo dizendo que tudo vai ficar bem.

O disco mostra a maturidade e o que existe de melhor na banda, suas letras são relacionáveis, pois retratam de maneira nua e crua a realidade de como nos vemos diante do mundo. Além de mostrar sua genialidade, pois, por trás de cada batida dançante, existe um verso triste e pronto para ser despido.

The Word Alive – Hard Reset

Quando o assunto é criar fórmulas perfeitas, o The Word Alive assume a conversa e tira de letra. O álbum Hard Reset é mais um do qual a banda pode se orgulhar, dentro de uma discografia com outros seis trabalhos e todos de muita consistência . Trazendo grandes nomes da cena como Bad Omens, Normandie e From First To Last em feats épicos, o TWA soube dosar novamente sua raiz no metalcore e adicionar batidas dançantes, refrões cativantes e melodias que grudam na mente.

Sleep TokenTake Me Back To Eden

Apesar de toda a discografia do Sleep Token ser irretocável, foi com TMBTE que a banda ganhou seu devido reconhecimento. Misturando R&B, trap, funk e metal, Sleep Token chega mostrando ao que veio, não só com o melhor álbum de sua carreira, mas também com um dos melhores álbuns do ano.

Take Me Back To Eden é o ápice do inimaginável e do perfeito, transformado em formato de música. A voz de Vessel, frontman, e a genialidade dos demais integrantes do grupo entregam um disco totalmente experimental, bonito e que soa como algo totalmente novo.

Holding Absence – The Noble Art of Self-Destruction

The Noble Art of Self-Destruction traz o Holding Absence em sua melhor fase. Lucas Woodland emociona com seus vocais da primeira à última faixa, The Angel In The Marble, a qual remete ao kintsugi, técnica japonesa que repara e enriquece o que foi anteriormente destruído, servindo de base para a concepção e produção artística da nova era.

Com mais de 100 shows realizados nos Estados Unidos, Europa e Reino Unido logo após seu lançamento, a recepção dos fãs confirma a força e a grandiosidade do terceiro disco da banda.

Hot Milk – A Call To The Void

Debutando em grande estilo, Hot Milk prova com A Call To The Void que é, sim, um grande nome na cena. Muito esperado, o primeiro álbum de estúdio traz Han e Jim como protagonistas de letras fortes e melodias de peso, fazendo com que o público se identifique tanto com as canções de conteúdo mais expressivo, como Horror Show, quanto a explosão de sentimentos que existe em Breathing Underwater.

The Maine – The Maine

Com 16 anos de história, The Maine escolhe para ser o seu autointitulado o nono álbum de estúdio. Dessa vez, com músicas felizes e muito dançantes, a banda percorre o disco com positividade e assuntos mais leves e, apesar da estética da era ser toda em preto e branco, as músicas transbordam cor e muito brilho. Com uma fanbase fiel no Brasil, a banda trouxe os primeiros shows do novo lançamento para São Paulo, com duas apresentações que com certeza ficaram na memória.

You Me At Six – Truth Decay

Depois de divulgar os singles Deep Cuts, No Future? Yeah Right e heartLESS no ano passado, You Me At Six volta às origens com Truth Decay em 2023, trazendo referências aos seus primeiros álbuns, como Hold Me Down e Sinners Never Sleep. Com faixas mais puxadas ao pop rock, o quinteto esgotou turnês pela Europa, com a participação do The Hunna, e no Reino Unido, com Waterparks e The Maine.

É com este álbum que a banda aterrissou recentemente pela primeira vez no Brasil, realizando dois shows solo e seus primeiros shows em estádio ao abrir para o Nx Zero, no Allianz Parque.

Cefa – Pra Que A Realidade Não Destrua

Lançado em outubro deste ano, Pra Que A Realidade Não Destrua consolida a identidade musical e visual da Cefa. Feito para ser ouvido em looping, o terceiro álbum de estúdio carrega emoções em cada uma das 8 faixas, tanto viscerais, como pode ser percebido em Marília, como de mensagens de luta e revolta, no caso de Labirinto.

Marcado por experimentações, o disco os levou para um show de lançamento no Sesc Belenzinho e promete uma grande turnê pelo país para 2024.

McFLY – Power to Play

Com muitos solos de guitarra e vocais do baixista Dougie Poynter, McFLY mostra que pode chegar a fãs de toda e qualquer idade. Power to Play revela uma maturidade sonora da banda britânica que buscou influências no rock dos anos 70 e 80 para a composição e estilo das músicas, provando que esse gênero é, sim, bom para a alma.

A importância do álbum para o público brasileiro é gigante, dado que a sua versão deluxe traz um feat com a Fresno. Lucas Silveira, além de emprestar seus vocais para a faixa Broken By You, que contém trechos em português, participou da produção dessa parceria icônica.

Invent Animate – Heavener

Com uma estética minimalista e depressiva, Heavener se destacou no mundo do metalcore progressivo, e na cena como um todo, de uma forma descomunal e acolhedora.

A melancolia presente nas faixas somada com a técnica do grupo deu um toque único para este trabalho que certamente virou um clássico absoluto do gênero desde o momento de seu nascimento.

Considerado por muitos como um dos melhores álbuns do ano, Heavener mostra a verdadeira face da Invent Animate

Polaris – Fatalism

Fatalism é a junção perfeita de críticas sociais e desabafos pessoais, somados dentro de uma obra que vai pra sempre ser marcada na história do Polaris e do mundo da música eternamente.

O disco traz toda melancolia e agonia que a banda já havia deixado registrado em The Mortal Coil e The Death Of Me, mas mesmo assim explora diferentes formas de fazer, seja dentro de afinações, melodias ou conceitos. Não é o melhor álbum do grupo, mas definitivamente é um álbum maravilhoso e traz todo legado do quarteto e do eterno Ryan Siew.

TesseracT – War of Beign

O sexto álbum do TesseracT explora ainda mais todo cosmos de técnicas e progressões, trazendo ainda mais emoção e alma para todos seus riffs e refrões adicionando em cada faixa uma camada sombria e mórbida, que abraça o ouvinte, e não o solta.

War of Beign é definitivamente para os fortes que gostam de  músicas “longas” e cheias de mudanças, sejam elas de ares melódicos ou técnicos. E mesmo com essas “barreiras” a banda consegue extrair o melhor de si na obra, sejam em suas melodias, riffs ou fills de bateria, eles conseguem fechar esse capítulo dessa grande odisséia que está sendo contada diante dos nossos olhos e a plenos pulmões. 

Hollow Front – The Fear Of Letting Go

Esse disco define o metalcore moderno, é tudo necessário para descrever The Fear Of Letting Go

O álbum traz consigo uma segurança enorme, e um ar familiar para fãs de bandas já consagradas, como August Burns Red e ERRA, tendo inclusive um feat com JT Cavey da mesma.

Mesmo com a saída de Dakota Alvarez, principal vocal clean do grupo, Hollow Front se manteve forte e de pé, inquebrável e inabalável, mensagem passada por grande parte da obra de uma forma absurdamente pesada, durante uma jornada inesquecível.

Veil Of Maya – [m]other

Provavelmente o maior underdog dos álbuns do ano, [m]other concretiza a fase cyberpunk/anime do Veil Of Maya, e traz consigo breakdowns de tirar o fôlego, melodias inesquecíveis e riffs únicos, que casam em uma distopia musical criada intencionalmente pelo quarteto.

De início a fim, o ouvinte é sugado para um mundo roxo-neon onde toda ambiência e todos os perigos são transpostos para as melhores faixas já escritas pela banda. Com essa obra o Veil Of Maya cumpre mais uma vez a promessa de serem uma das bandas de metalcore mais inovadoras e experimentais da história.

Humanity’s Last Breath – Ashen

O thall prova mais uma vez ser um subgênero em ascensão constante em Ashen. O Humanity’s Last Breath consegue mais uma vez fabricar uma obra grotescamente pesada e intensa (no melhor dos sentidos) com suas afinações extremamente graves, mudanças de tempo e mudanças de tom, o grupo mostra quem são os reis do peso na música.

De início a fim, Ashen, se mantém em um limiar entre o agonizante e o simples e efetivo peso bruto, intercalando entre ambiências dissonantes e Riffs colossais. É um prato cheio para os ouvintes da música pesada, e ainda mais cheio para apreciadores de uma produção absurdamente profissional.

Periphery – Periphery V: Djent It’s Not A Genre

Os reis do djent voltaram, e pra valer, o quinto álbum (da série principal) do Periphery mostra tudo que eles ainda tem a mostrar depois de quase 20 anos de carreira, e acredite, não é pouco!

Djent It’s Not A Genre é o suco do amor dos integrantes por jogos e histórias emocionantes, trazidas da melhor forma possível. Todo álbum é incrivelmente maduro, feito e produzido com um amor nítido, seja em suas melodias quanto em sua produção e se consagra como um dos melhores álbuns da banda.

Sylosis – A Sign Of All Things To Come

Casando novamente o thrash metal com metalcore, Sylosis lança uma obra importantíssima na sua carreira. Marcando o retorno definitivo de 100% da atenção de Josh Middleton para a banda, A Sign Of All Things To Come é uma obra fantástica, exploratória e potente. 

O álbum é um refinamento feito cautelosamente de tudo que a banda já fez desde 2008 em Conclusion of an Age e ainda mais aprimorado do que o esperado. Com riffs absurdos, trechos de arrepiar e uma atmosfera sombria, o disco com certeza marca a fase mais madura do grupo até então, e deixa um gosto de saciedade e curiosidade do que está por vir.

Beartooth – The Surface

Se consagrando como o melhor álbum do Beartooth, The Surface é uma grata surpresa para os fãs do grupo e uma bela porta de entrada para novos ouvintes. A obra é marcada por sua vibe bem mais alegre, diferente de tudo que a banda já havia feito durante sua carreira, com foco em cores pastéis e quentes para os singles, melodias mais esperançosas e claro, muitos breakdowns. The Surface é uma carta de Caleb Shomo para todo o mundo, é um “estou aqui, e vai ficar tudo bem” para o mundo, representando que a vida é feita de ciclos, e os ciclos ruins, também tem fim.

Magnolia Park – Halloween Mixtape II

Não é muito comum vermos sequências de álbuns (ao menos sequências que dão certo). Mas se depender de Magnolia Park essa máxima não vai se confirmar. 

Um ano depois do aclamado álbum temático Halloween Mixtape, chegou ao mundo a sequência Halloween Mixtape II. E o quinteto da Flórida vem se estabelecendo como uma verdadeira autoridade na categoria “álbuns de halloween”.

Pop-punk, pop, alt-rock, nu-metal, phonk e emo. Tudo isso pode ser encontrado ao longo das 17 faixas. Na parte vocal temos desde rap, até gritos rasgados e muitos momentos melódicos para cantar junto. No final das contas, tudo isso resultou em um álbum envolvente e cativante. 

O álbum carrega as duas faixas mais pesadas de todo o repertório da banda: Do or Die e Animal. Mas não temos apenas faixas pesadas. E aqui destaco a divertida Fell In Love on Halloween e a digna de trilha sonora de filme de terror Haunted House, Candles and Dead on Arrival.

blink-182 – One More Time

Um dos álbuns mais aguardados do ano, One More Time marca não apenas o retorno da banda após o hiato marcado pelo tratamento de câncer de Mark e o acidente de Travis, mas também o retorno de Tom DeLonge àquela que ficou marcada como a formação mais importante dos 20 anos da banda. 

E como não podia ser diferente, o disco exprime tudo aquilo que conhecemos como blink-182. O álbum é uma verdadeira viagem pelos 20 anos da banda, carregado de nostalgia, homenagens, fan-services e até uma mea culpa pelos desentendimentos que levaram à separação do trio na faixa One More Time que carrega o nome do álbum. 

O disco é um presente para os fãs da banda mas, para além disso, é um acerto de contas que passa a limpo todas as glórias, conquistas, desentendimentos e conflitos do trio, tanto para o público quanto para eles mesmos.  

Honey Revenge – Retrovision

Formada durante a pandemia e tendo como principal campo de atuação as redes sociais. Esse é o contexto no qual o duo de Los Angeles, Honey Revenge, trouxe ao mundo seu primeiro álbum. E o resultado superou muitas expectativas.

A maior parte do álbum já havia sido lançada como singles ao longo do último ano, e apesar de fazer muito sentido enquanto músicas separadas, o álbum é incrivelmente coeso e coerente quando escutado em conjunto. 

A dupla vem marcando sua sonoridade com versos e riffs chicletes que definitivamente grudam no fundo da cabeça. Mas, diferentemente da superficialidade que acompanha versos chicletes, Devin e Donny conseguem cativar o ouvinte com composições que soam familiares e fáceis de gerar identificação.  

Hot Mulligan – Why Would I Watch

Terceiro álbum do grupo, Why Would I Watch, é um reforço de todas as características já apresentadas pelo Hot Mulligan até aqui. Músicas energéticas que contrastam com letras melancólicas fazem da banda o correspondente do midwest emo mais próximo do mainstream – ou como eles mesmos dizem, post-emo.

Entre as temáticas abordadas no disco temos a fragilidade da saúde mental, sentimentos incessantes de arrependimento e nostalgia, além de questões familiares. E graças a versatilidade do Hot Mulligan cantamos sobre tudo isso enquanto dançamos e pulamos.

Paramore – This Is Why

Após quatro anos de hiato que passaram por uma pandemia global, o Paramore retornou com seu novo álbum This is Why, lançado em fevereiro deste ano. Considerado o mais colaborativo da banda pelos próprios membros, o DNA de cada um deles é notável em cada faixa por qualquer um que conheça minimamente suas influências modernas. Para quem esperava as guitarras altas e bastante distorcidas da gênese pop-punk da banda, This is Why pode ter sido um álbum um pouco abaixo, mas para aqueles que acompanharam e adotaram as idéias dos últimos álbuns, foi um prato cheio de uma banda no que é até então seu auge criativo.

Movements – RUCKUS!

A assinatura artística do Movements sempre esteve muito amarrada com a composição de suas músicas. Álbuns que mexem com as emoções do ouvinte, letras melancólicas que apertam o coração junto com um som de post-hardcore envolvente. RUCKUS! chega para trazer um lado diferente da banda — ainda tocante, porém destacando outras qualidades do grupo que se mostram tão boas quanto (talvez até mais).

A predominância do baixo e a sonoridade sensual e envolvente de músicas como Killing Time e Cour D’Alene, junto com muita agressividade em tracks como Lead Pipe e I Hope You Choke!, trazem um lado mais intenso da banda. Ele vem ainda mais à tona com os ritmos carismáticos e o groove que não era tão presente em trabalhos anteriores.

O que torna esse disco tão especial — o suficiente para marcar presença nesta lista — é, justamente, o desenvolvimento das linhas de baixo e da bateria que cativam o ouvinte, oferecendo uma atmosfera muito marcante e única, elementos que são perfeitamente sustentados pelos vocais. 

RUCKUS! é uma lavagem cerebral perfeitamente executada — e todos que escutam se tornam parte do movimento.  

Fall Out Boy – So Much (For) Stardust

So Much (For) Stardust é um disco divisor de águas para o Fall Out Boy

Após os últimos trabalhos da banda não terem sido tão bem recebidos pelos fãs e pela crítica, o lançamento de 2023 compensa com um combo de genialidade: composições que trabalham os anos pandêmicos com fervor e ironia, sonoridade orquestral rica em elementos compondo cada faixa de maneira coesa e impecável, referências musicais desde Michael Jackson até Earth, Wind & Fire e um conceito amarrado da primeira track à última, interligando toda a narrativa e entregando um álbum redondo, intenso e memorável.

Você sabe que é um ótimo disco quando o ouvinte termina de escutar e precisa parar por alguns minutos para processar tudo que ouviu. So Much (For) Stardust é um exemplo especial deste ano que faz exatamente isso.

Koyo – Would You Miss It

Desde 2020, quando lançou seu primeiro EP, o Koyo já era apontado como uma promessa da nova safra do hardcore melódico. 

Em seu debut, Would You Miss It, o quinteto de Nova Iorque mostra sua evolução e apresenta uma sonoridade mais completa, com influências do emo e post-harcore noventista. O disco ainda conta com a participação (e a bênção) de Daryl Palumbo do Glassjaw e Vinnie Caruana do The Movielife

terraplana – olhar pra trás

Caótico, barulhento e emocional. Neste ano, o terraplana lançou seu álbum de estreia, olhar pra trás. Um trabalho impecável, que se tornou um clássico instantâneo do shoegaze brasileiro.

Por detrás da cama de guitarras distorcidas e etéreas, a vocalista Stephani Heuczuk canta frases curtas e magnéticas, perfeitas para serem repetidas como mantras pelos fãs em cada apresentação ao vivo.

Inhaler – Cuts & Bruises 

Contando com 11 faixas autorais, Cuts & Bruises, segundo álbum de estúdio da banda irlandesa Inhaler, chegou ao público em 17 de fevereiro deste ano e, como o próprio título sugere, mostra uma nova forma de expressão para Elijah, Bobby, Josh e Ryan, que não é, necessariamente, mais madura, apenas mais “densa”. Afinal, ninguém passa pelos primeiros anos da vida adulta ileso dos machucados e marcas, né? O sucessor de It Won’t Always Be Like This explora o som alternativo e indie rock dos anos 90 e 2000 de maneira versátil e cativante aos ouvidos, além de provar que Inhaler não é só “a banda do filho do Bono do U2” e que o quarteto tem talento de sobra. 

Cuts & Bruises foi a trilha sonora de um ano glorioso para a banda, lotando shows e embalando apresentações marcantes como a abertura para Harry Styles, no Slane Castle, e para Pearl Jam durante sua passagem pelos Estados Unidos. 

magnólia – o dia em que a maré carregou nossos corpos

magnólia não tem medo de ser melancólia em o dia em que a maré carregou nossos corpos. Aqui o lirismo permite-se despejar e transbordar por cada canto do disco, seja em seus longos títulos de faixas, misturas de sonoridadese toda a atmosfera criada por si só. É puro, visceral e tem uma beleza que não tem medo de ser mostrada mesmo que repleta de dor e sentimentalismo. Com certeza um disco que vale o play e o replay.

Peter McPoland – Piggy

Quem viu muito “POV: Indie” nas retrospectivas do Spotify e não faz ideia do que se trata, precisa conhecer o brilhante Peter McPoland para desvendar esse mistério.

Queridinho no TikTok por alguns meses com a faixa Digital Silence, McPoland presenteou o público que permaneceu após o viral com um disco provocativo, hipnotizante e orgânico. O artista americano apresenta em Piggy, disco que sucede o EP Slow Down (2022), um trabalho repleto de detalhes e camadas, perfeito para quem gosta de barulho e algo fora do convencional, Numa mistura de Indie Rock, Lo-Fi, Noise Rock e Shoegaze, os destaques ficam para as faixas Dig, Find Me Out e Blue

Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo – Música do Esquecimento 

Dois anos depois de uma belíssima estreia com o seu álbum homonimo, o grupo Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo retornou, em 2023, em seu segundo disco. Em Música do Esquecimento, eles apresentam um trabalho ainda mais experimental para o conjunto da obra que, ao longo de 14 faixas, mistura pop, noise rock e elementos da música brasileira, captando uma essência jovem já conhecida no som da banda. Nesta nova fase, a fusão de sentimentalismo, ironia e questões pessoais (e profundas), resultam em um trabalho repleto de caos, sem deixar de ser coeso. 

Música do Esquecimento escancara o grande potencial do quarteto paulistano, que termina o ano como um dos grandes destaques da cena indie brasileira e, de quebra, uma apresentação na edição 2023 do festival Primavera Sound São Paulo. 

City and Colour – The Love Still Held Me Near

Em The Love Still Held Me Near, Dallas Green mostra seu lado mais vulnerável ao lidar com o luto em suas canções. Com faixas extremamente sentimentais e emocionantes, o músico desabafa e atravessa o seu período de luto após perder dois amigos próximos. Dallas transforma sua dor em músicas de conforto, que funcionam como um abraço para o próprio músico, assim como para ouvintes que passaram por algo semelhante. Com a beleza de sua melancolia, Dallas cura suas feridas com acordes de guitarra e violão e reforça o poder que a música tem em determinados momentos. Destaque para as faixas Meant to Be e Fucked Up.

Code Orange – The Above

A mistura de hardcore e metal com outros gêneros musicais aflorou ainda mais no trabalho mais recente do Code Orange, o excelente e diversificado The Above. Sem medo de experimentar e se permitir, a banda mostra mais uma vez por que é um dos nomes mais interessantes e relevantes da música pesada atual. The Above tem peso e estranheza na medida certa, aflorando a criatividade e reforçando a evolução constante do grupo ao longo dos anos. Faixas como Never Far Apart e Take Shape, que conta com a participação inusitada de Billy Corgan (The Smashing Pumpkins), são apenas algumas pérolas que você encontra no álbum.

Mee – Mee

Um dos nomes mais interessantes e criativos do underground nacional, o Mee traz uma mistura cirúrgica de metal e hardcore em seu disco de estreia. O álbum autointitulado mostra que a linha criativa da banda não tem limites, misturando metal e hardcore com diversas influências, dando vida a uma sonoridade única e original. Com um trabalho que vem além da música, transbordando para o audiovisual e sendo complementado pela estética da banda, o Mee entrega uma obra completa, que coloca o ouvinte em uma profunda imersão ao absorver todo o conceito de seu trabalho. Destaque para as faixas Dobre, Pidgeon Standart e Messiah Hands.

Bayside Kings – DUALIDADE #LIVREPARATODOS

O Bayside Kings é um dos grandes expoentes do hardcore nacional e segue conquistando seu espaço e criando uma comunidade legítima ao longo dos anos. Com o lançamento de DUALIDADE, a banda dá continuidade ao seu álbum #LIVREPARATODOS, projeto fragmentado em uma série de Ep’s que dão vida a uma obra completa. Em seu mais novo trabalho, o grupo acerta o ouvinte com uma dose agressiva do mais puro hardcore. Com letras relevantes que conversam com a atualidade, o BSK segue passando sua mensagem com muita verdade e honestidade, agora atingindo todo o território nacional com letras em português. Mais um lançamento que reafirma a qualidade e o comprometimento da banda com seu público e com o hardcore. Destaque para as músicas (DES)OBEDECER, PARE(SER) e para a catarse explosiva que são as apresentações ao vivo da banda. 

Eskröta – Atenciosamente, Eskröta

Se destacando cada vez mais no cenário nacional, a Eskröta entrega em 2023 mais um álbum com uma qualidade musical fora da curva. Atenciosamente, Eskröta vai além da sonoridade Crossover característica da banda, para flertar com o hardcore na faixa Pertencer e Conquistar, que conta com a participação de Milton Aguiar (Bayside Kings). É a Eskröta se permitindo explorar novas vertentes musicais sem perder a sua essência. Um disco brutal e com mensagens necessárias que refletem as problemáticas que assombram o modelo de vida atual, como o efeito das redes sociais, que é abordado na letra de Instagramável. Um dos principais lançamentos da cena underground e que conta com pedradas como Cena Tóxica e Fantasmas.

Asking Alexandria – Where Do We Go From Here?

Com riffs marcantes, berros do Danny Worsnop e vocais do guitarrista Ben Bruce, Where Do We Go From Here? é um passeio pela trajetória do Asking Alexandria. Como um presente aos fãs, a banda resgatou elementos de todos seus discos anteriores e os mesclou em uma combinação que deu muito certo!

Além disso, a própria faixa-título traz a nostalgia à flor da pele, não pela melodia, que está longe de ser o metalcore pelo qual AA se destacou no início da carreira, mas sim pela temática: já são 15 anos de banda e muita história aconteceu até aqui. Os próximos passos são incertos, mas fica uma certeza: o Asking Alexandria ainda tem muito para mostrar!

The Amity Affliction – Not Without My Ghosts

Com lançamentos mornos que não fizeram muito a alegria dos fãs nos anos anteriores, estes mesmos estavam sedentos por um álbum queremetesse a era clássica da The Amity Affliction.

Em Not Without My Ghosts, estes fãs puderam se banquetear com diversas faixas que se tornaram clássicos instantâneos da banda. As melodias características, as citações a problemas emocionais e referências à água (quem é fã sabe) estão todos reunidos aqui. Tenho certeza de que os fãs estão bem satisfeitos com esse disco.

A Tiger Made of Lightning – A Tiger Made of Lightning

Com uma união única de hardcore, metalcore e eu diria até um pouco de thrash metal, o segundo álbum da A Tiger Made of Lightning mostra uma banda madura, com composições concisas e muito precisas.

Tudo neste álbum é feito com uma maestria sem igual, desde sua mixagem, composição de riffs, vocais, tudo está no ponto e pronto para ser ouvido sem moderação.

Crown the Empire – DOGMA

DOGMA vem em um momento para o Crown the Empire muito delicado: é o disco com a formação mais “quebrada” da banda, visto que a maioria dos integrantes originais deixaram o (agora) quarteto ao longo dos anos. No entanto, é justamente por saber o contexto que torna o trabalho admirável e respeitoso: em seu sexto disco, o Crown the Empire se mostra uma banda de extrema resiliência e adaptabilidade.

Antecipado por singles excelentes como Black Sheep (que cresce absurdamente na tracklist), DOGMA entrega um Crown the Empire muito mais pesado do que já foi. Se Andy Leo algum dia se apoiou nos berros de uma segunda voz, neste disco parece que o vocalista sempre foi responsável pelos guturais do grupo, no entanto, aqui ainda contamos com a excelente surpresa de Hayden também ajudando nos versos mais pesados. Algo como “não sabíamos que precisávamos disso… até agora.”

Existe equilíbrio, coesão, modernidade e muito peso até a quinta faixa – quando vemos uma quebra de ritmo acontecer com o feat do Palaye Royale (talvez a única canção que destoe do resto, podendo ser muito bem encaixada em álbuns como Limitless ou Sudden Sky). Pela primeira vez na carreira, o Crown the Empire está mergulhado até a cabeça no metalcore moderno, sem medo de ser pesado e rápido.

Knuckle Puck – Losing What We Love

Quem acompanhou o lançamento de The Tower sabe que as expectativas para o novo disco do Knuckle Puck estavam altíssimas. Felizmente, a banda não decepcionou nem um pouco nesse sentido: Losing What We Love é inteligente e intenso, mantendo a alma emocional que vem com todo o bom pop punk que a banda sempre entregou, mas, é claro, sem cair no clichê. Afiado e potente, o quarto álbum de estúdio flerta com a visceralidade do emo em sua mais pura essência; talentoso, repleto de material que não fará com que os fãs da banda esgotem seu amor tão cedo.