Retrospectiva Downstage: nossos EPs favoritos de 2024

Emo caipira, estética cyberpunk, hardcore e mais: confira os trabalhos curtos favoritos de 2024

Arte: Tayna Viana

Por: Bia Vaccari, Hugo Daflon, Eduardo Vianna, André Artigas, Bernardo Gasino, Melissa Buzzatto e Camila Brites

2024 foi um ano muito completo e recheado de novidades para os fãs da cena underground. Muito se fala sobre os grandes álbuns lançados este ano (e foram muitos mesmo!) mas trabalhos mais curtos como os EPs merecem o mesmo destaque e reconhecimento. Afinal, a dedicação e o esforço é o mesmo, principalmente quando falamos de artistas independentes nacionais.

Com o ano chegando ao fim, a equipe do Downstage selecionou os EPs de 2024 que devem ser escutados no volume máximo. Confira agora:

Capote – capote

Formada no fim de 2023, a banda de Santos fechou seu primeiro ano de atividade entregando seu EP de estreia, o autointitulado capote. O material conta com as já lançadas “Joelho Ralado”; “Eu”, “Pesadelo e Céu Aberto”, além das inéditas “Essência” e “Propaganda”. 

glover. – Dessa Vez É de Verdade

O EP lançado em junho de 2024 marca uma nova fase na história da banda diretamente de Piracicaba. O material é o primeiro com vocais em português e chama a atenção pelas letras carregadas de emoção e elementos extraídos do midwest emo dos anos 2000, como as tradicionais quebradinhas sonoras, melodias complexas e acordes intrincados. 

Mais um grupo representando o emo caipira, glover. mostra que o interior de São Paulo vem produzindo bandas e artistas cada vez mais completos. 

Kingdom Of Giants – Bleeding Star

Após quatro anos sem uma nova obra, o Kingdom Of Giants retornou com seu trabalho definitivo, Bleeding Star. O EP é uma combinação de amadurecimento musical, experimentação e uma carta de amor à estética cyberpunk. Com uma sonoridade mais refinada, o grupo mistura riffs pesados e passagens melódicas e emocionais inspiradoras, criando uma atmosfera única e envolvente. 

Todas essas características são complementadas por uma produção imersiva e potente, marcando não só o retorno do Kingdom Of Giants, mas também solidifica seu lugar como uma das principais bandas da cena do metalcore moderno.

Counterparts – Heaven Let Them Die

Heaven Let Them Die é a obra que marca de uma vez por todas o Counterparts como uma das joias mais brilhantes e mais únicas do hardcore melódico. Com uma sonoridade mais pesada e agressiva, a banda adota uma abordagem ainda mais visceral. 

O EP transborda intensidade, desde os riffs impiedosos até as linhas de vocal cruéis, explorando uma estética mais sombria e desesperadora, somando a identidade da banda com texturas mais densas e complexas. Heaven Let Them Die é o ponto culminante da carreira do Counterparts, apresentando uma evolução natural que reforça sua posição como um dos maiores nomes do gênero.

Ameonna – Goddess Wept

Os fãs antigos de Chelsea Grin foram surpreendidos com esse lançamento sólido que faz total jus à qualidade presente nos primeiros discos da antiga banda de Alex Koehler.

Ameonna é uma banda surpreendente que retoma todo o som cru e visceral do “oldschool Chelsea Grin e é explora de uma maneira na qual todos os elementos se encaixam perfeitamente, sem exageros.

Os fãs do “MySpace” deathcore foram bem servidos com este lançamento.

Gradual – Sobre Todos os Atrasos

Diretamente do norte do Paraná, o Gradual lançou seu EP de estreia, Sobre Todos os Atrasos,para dissecar todas aquelas primeiras ideias que a banda já vinha explorando. É um verdadeiro acalanto para os emos old school, recheado com as passagens instrumentais, contratempos, ambientações e letras introspectivas.

O instrumental é delicioso e afiadíssimo, com destaque para a bateria criativa e precisa, e a dinâmica impecável entre os três vocalistas. Para quem curte bandas como Title Fight, Jets To Brazil e Mineral, esse é um forte candidato para lançamento do ano.

Pretty Sick – Streetwise

Clean girl? Que nada. Em Streetwise, Sabrina Fuentes, da Pretty Sick, traz sua essência de rock star no estilo glamouroso, caótico e delinquente que NY, sua cidade do coração, pede. 

Do grunge ao eletrônico, o EP passeia por diversas referências dos anos 90 e 2000 enquanto marca uma nova fase para a banda, dando “um gostinho”, estética e sonoramente, do que deve vir em breve em seu próximo álbum. 

Northlane – Mirror’s Edge

Northlane segue se reinventando a cada lançamento, recusando-se a ser definido por um único gênero. Como um metamorfo musical, a banda troca de pele de um disco para outro, levando seus fãs em uma jornada experimental e bastante única. Em Mirror’s Edge, essa transformação continua, entregando um EP coerente que mistura gêneros sem perder a sua identidade.

Com 6 tracks e participações especiais que destacam sua versatilidade, o EP pode ser tanto um presente para os fãs antigos, repleto de referências a trabalhos anteriores, quanto um ponto de entrada acessível para novos ouvintes. Northlane é uma das poucas bandas capazes de incorporar elementos eletrônicos de maneira tão impecável, criando uma sensação de catarse que só eles conseguem proporcionar.

Mouth Culture – Whatever The Weather

Mouth Culture é uma banda que já deveria estar no radar de todos. No novo EP, que continua o trabalho de Mishaps of my Mid-Twenties, eles adotam uma abordagem mais otimista, deixando de lado as ansiedades do passado para abraçar mensagens de confiança e aceitação. Suas letras refletem um tom positivo que ressoa como lições universais, enquanto a banda demonstra segurança em seu som.

Com um trabalho coeso e novos toques experimentais, o EP é a prova de que qualidade supera quantidade. Para quem é fã de música alternativa, especialmente de gêneros próximos ao pop-punk, este lançamento só reforça o potencial do Mouth Culture como uma das bandas mais criativas em ascensão.