Stranger Things 5, vol. 1: ABBA pode até tentar, mas quem vai dominar o TikTok é a Tiffany

Uma análise da trilha sonora dos quatro primeiros episódios do novo ano da série

Capa: Reprodução / Netflix

A cada temporada nova de Stranger Things, existe uma tradição tão importante quanto caçar easter eggs ou procurar referência a Goonies: tentar adivinhar qual canção dos anos 80 vai voltar das cinzas, dominar o TikTok e fazer adolescente de 15 anos achar que acabou de descobrir a nata da música. E agora, com o Volume 1 da quinta temporada, não é diferente. Com apenas quatro episódios, a série conseguiu — mais uma vez — criar aquela mistura deliciosa de nostalgia emprestada e estética pop perfeita para o algoritmo.

Logo de cara, a temporada já despeja em nós um desfile sonoro que funciona como um mergulho imediato nos anos 80 — e, claro, no caos emocional de Hawkins. Entre rádio pirata, sonhos esquisitos e momentos que já nasceram prontos para o corte no TikTok, o Volume 1 apresenta uma seleção que mistura clássicos absolutos e escolhas certeiras que conversam tanto com fãs da época quanto com quem só conhece estas músicas porque viu alguém usando como trilha no Instagram.

Imagem: Reprodução / Netflix

Confira as faixas presentes nos primeiros quatro episódios:

  • “Rockin’ Robin” – Michael Jackson
  • “Upside Down” – Diana Ross
  • “Pretty in Pink” – The Psychedelic Furs
  • “Running Up That Hill (A Deal With God)” – Kate Bush
  • “Fernando” – ABBA
  • “Mr. Sandman” – The Chordettes
  • “To Each His Own” – Freddy Martin & His Orchestra
  • “I Think We’re Alone Now” – Tiffany
  • “Oh Yeah” – Yello
  • “Sh-Boom” – The Chords

Entre elas, duas se destacam como possíveis novos fenômenos virais: “Fernando”, do ABBA, e “I Think We’re Alone Now”, da Tiffany. A primeira chega com todo o peso de uma negociação gigante, praticamente empurrada pela produção como “a nova Kate Bush”. Já Tiffany, por outro lado, vem na surdina perfeita: refrão grudento, energia de shopping anos 80 e uma cena tão doce quanto perturbadora, que já parece editada sob medida para explodir no TikTok.

Imagem: Reprodução / Netflix

E é aí que entra a magia mórbida que só Stranger Things sabe fazer. A sequência da Tiffany acontece em um momento em que a irmã de Mike, Holly Wheeler, vive um pequeno delírio audiovisual, dançando e assando bolo enquanto, na verdade, está imersa em uma situação bem menos confortável. Esse contraste entre fofura e caos, com cortes rápidos e dancinhas, já nasce pronto. A série sabe muito bem o que está fazendo — e nós também.

Portanto, nada de ficar em cima do muro, aqui vai meu compromisso público, sentimental e de alguém que acha que entende a internet: minha aposta oficial para hit do TikTok do Volume 1 é “I Think We’re Alone Now”, da Tiffany. “Fernando” pode até vir com mais verba, mas Tiffany vem com alma (e algoritmo).

Imagem: Reprodução / Netflix

Mas Stranger Things não vive só de hits ressuscitados. A série continua sendo uma porta de entrada para a nostalgia dos anos 80 mesmo para quem não tem a menor ideia de como era viver naquela época. É um fenômeno curioso ver a Geração Z — que nasce ouvindo trap, K-pop — chorar por músicas que seus próprios pais ouviram mais por osmose do que por escolha. A série cria uma nostalgia que não é vivida, é aprendida. É o equivalente musical de comprar uma camiseta vintage da MTV porque “fica aesthetic” e, que fique claro, isso está longe de ser uma coisa ruim.

E isso tudo acontece enquanto Hawkins desmorona estética e emocionalmente, com a trilha original de Kyle Dixon e Michael Stein torando os sintetizadores que lembram a gente de que, no meio de tantos hits famosos, existe uma assinatura sonora própria desse universo. Stranger Things virou mais que série: virou estética, comportamento, playlist e até catálogo de revival musical — do tipo que faz as plataformas de streaming sorrirem até o limite dos bolsos.

Imagem: Reprodução / Netflix

O Volume 1 chegou com quatro episódios — “The Crawl”, “The Vanishing of Holly Wheeler”, “The Turnbow Trap” e “Sorcerer” — lançados em 26 de novembro de 2025 na Netflix. O Volume 2 chega em 25 de dezembro com mais três capítulos, e o final definitivo “Chapter Eight: The Rightside Up” estreia em 31 de dezembro, terminando com a história e, provavelmente, com o seu emocional para o ano novo.

A trilha sonora sai em três volumes digitais entre 28 de novembro e 1º de janeiro, com versões físicas planejadas para 30 de janeiro de 2026 — incluindo vinil e, obviamente, fita cassete colorida, porque nada mais 80s do que pagar caro para comprar um formato que você nem tem onde tocar.

No fim das contas, o Volume 1 confirma o que a gente já sabia: Stranger Things continua sendo o maior motor de ressurreição musical da cultura pop contemporânea. Tiffany vem aí.