Retrospectiva Downstage: os melhores EPs de 2023
Do deathcore ao post-rock, confira os trabalhos mais curtos que chamaram atenção em 2023
Por Bia Vaccari, André Artigas, Eduardo Vianna, Camila Brites, Pedro Léo, Amanda Victório e Hugo Daflon
Tão lindos quanto álbuns completos, os EPs são tão importantes quanto trabalhos longos, mas muitas vezes não recebem a devida atenção que merecem. Com a duração perfeita para nos acompanharem numa ida ao trabalho, no horário de almoço ou apenas em momentos em que queremos dedicar um tempo menor de atenção a músicas novas, os EPs levam tanta dedicação quanto um disco, e é por isso que o Downstage faz, anualmente, uma lista dedicada aos lançados nos últimos 12 meses, escolhendo a dedo os que merecem uma atenção especial.
Confira agora, os melhores EPs de 2023 escolhidos pela nossa redação:
Magnolia Park – Moon Eater
O Magnolia Park é uma máquina de fazer músicas. Apenas em 2023, a banda liberou diversos lançamentos, como a versão deluxe de Baku’s Revenge, o disco Halloween Mixtape II e, o mais interessante: os EPs que saíram em dupla, SoulEater e MoonEater, este último sendo escolhido como um dos melhores de 2023 pelo Downstage.
Enquanto SoulEater flerta com o público pop punk e “leve” do Magnolia Park, MoonEater viaja pelo lado contrário: trazendo peso, modernidade e fazendo Joshua Roberts liberar os berros dentro de si. Com feats incríveis de nothing,nowhere. (que neste ano também aflorou seu lado metalcore em seu disco de estúdio), Honey Revenge, Ethan Ross e o grupo de metalcore Grieve, o EP é rápido, cativante e mostra mais uma vez que embora o Magnolia Park é um exemplo de criatividade interminável.
chvvv – Chuva
A chvvv chegou em 2022 trazendo um novo nome para o post-rock brasileiro cheio de peculiaridade, metáforas e imagens conceituais. Em 2023, o grupo trouxe seu primeiro EP da carreira, intitulado Chuva (como lê-se o nome da banda), incluindo os já antecipados como single Sono e Náufrago. São cinco faixas completamente atmosféricas e carregadas de existencialismo e as mais profundas emoções humanas.
Jovens Ateus – Jovens Ateus
E falando em sons atmosféricos, outra banda que presenteou o público com seu primeiro trabalho extendido é a Jovens Ateus. Um post-punk cheio de personalidade e com um quê sombrio, o EP autointitulado chegou com seis faixas, sendo cinco inéditas, antecipada apenas pela quien eres, lançada em 2022 com versos cantados em espanhol. Quem assina a produção é o próprio grupo paranaense, que merece toda a atenção do público para os próximos meses.
Inner 29 – Say Goodbye to Everything You Took For Granted
A Inner 29 passou um tempo sem dar notícias, até que no início do ano dividiu a grande novidade: a banda continuaria, porém agora com apenas um membro, Mateus. O resto foi história, a banda lançou o single duplo No Discussion em fevereiro e não demorou muito para o EP Say Goodbye to Everything You Took For Granted ver a luz do dia. Com faixas que bebem do cenário emo e pop punk dos anos 2000, mas repletas de modernidade, o trabalho passeia por assuntos do mais puro existencialismo jovial: corações partidos, perceber seu lugar no mundo entre outros monólogos inquietantes da mente nas mais longas madrugadas.
Rolimã – Retalho
A Rolimã foi um verdadeiro presente de 2023. A mistura de sentimentalismo quando bem trabalhada com um toque de descontração entregou um som cheio de personalidade, instrumentais e o tradicional trompetinho que todo fã de American Football adora, o grupo é um dos queridinhos do cenário que está cada vez mais fortalecido e cheio de projeção. 2024 será interessante, e a Rolimã tem grande parte nisso.
Colina – Lar
Diretamente do ABC Paulista, a Colina chega para compor o cenário emo da região metropolitana de São Paulo com um som cativante e cheio de personalidade. Foram dois anos de trabalho para dividir com o público o EP Lar, que chegou às plataformas digitais em maio desse ano, cheio de introspecção e questões de alta identificação, o grupo é uma das grandes promessas para 2024 e que definitivamente vale ficar de olho.
Origami Aquém – A melhor música que já fizemos (e outras quatro)
Há um certo charme em trabalhos com um título longo, mas garantimos que essa não é a característica mais interessante desse EP da Origami Aquém. A banda chegou com o trabalho que sucede seu álbum de 2022 de uma maneira bem divertida e marcante: A Melhor Música que Já Fizemos (e outras quatro) cria curiosidade e uma espécie de brincadeira entre os fãs para descobrirem quai das canções é a do título, mas nisso acaba adentrando um universo com sons cativantes que dão outra roupagem para o indie rock brasileiro — e que definitivamente vale o play e o replay.
Spiritbox – The Fear Of Fear
The Fear Of Fear é o mais recente EP da banda canadense Spiritbox, lançado em outubro de 2023. O EP é extremamente consistente, mostrando que o grupo sabe exatamente o que está fazendo e o que quer transmitir com sua música. A obra une tudo o que a banda tem de melhor, mostrando seu lado pesado e também suas referências ao eletrônico e pop, criando uma sonoridade única e envolvente.
O EP rendeu, pela primeira vez na história do grupo, uma indicação ao Grammy com a música Jaded, que é um dos destaques do EP. A canção combina perfeitamente riffs pesados, vocais melódicos e uma atmosfera sombria, elementos que fazem parte da identidade do Spiritbox. A qualidade de produção e também instrumental se mostra cada vez mais clara, evidenciando ainda mais o talento dos integrantes.
Geminin – Horror Analógico, Pt. 1
Cheio de conceitos e sonoridades que fogem do usual, Horror Analógico, Pt. 1 é mais um dos trabalhos da carreira solo de Lucas Furtado, que leva o nome Geminin. Eletrônico, ambiente e com referências diretas de trilhas de terror e ocultismo, o EP é mais uma página da galáxia criativa densa, maluca e densa do músico.
Picturesque – IYKYK
Com performances vocais poderosas, letras emotivas e um instrumental envolvente, de tirar o fôlego, IYKYK é uma ótima pedida para os fãs de post-hardcore e rock alternativo!
Em IYKYK, o Picturesque amadurece ainda mais sua sonoridade e também mostra uma versão ainda mais sombria e pesada de suas letras. Existem dois grandes destaques na obra que são as músicas Hopeless, a primeira lançada como single e Borrowing Problems.
Texas In July – Without Reason
Com um dos retornos mais aguardados da história do metalcore veio Without Reason. O Texas In July entrou pra festa dos retornos em 2023 e junto a isso, lançaram um dos melhores EPs do ano.
Sendo uma sequência espiritual de Bloodwork, Without Reason traz grandes inovações dentro de sua produção, mas um dos detalhes mais nítidos é o grande investimento em ambiências, que conseguem trazer ainda mais imersão para o mundo de TIJ.
Com riffs cometidos e refrões grandiosos cantados a plenos pulmões, Alex Good, vocalista da banda, guia os ouvintes por essa aventura soturna e violenta criada pelo quinteto.
To The Grave – Offcuts
Offcuts é uma ”DLC” do álbum mais recente do To The Grave, o Director’s Cut, tanto em nome quanto em sonoridade e estética.
O EP conta com uma atmosfera mais crua e seca, focando muito em um deathcore “feijão com arroz” bem feito durante grande parte da sua duração, mas investe também em um vocal mais limpo, e uma sonoridade quase folk em alguns trechos, construindo com isso uma sensação quase cinematográfica e claustrofóbica. Tudo isso apenas fortalece uma nova era dentro da carreira da banda australiana.
Psycho-Frame – Remote God Seeker e Automatic Death Protocol
Com dois EPs de estreia lançados esse ano, o supergrupo de deathcore formado por membros do Vatican e do Moodring, Psycho-Frame, consegue inovar sucintamente e se destacar dentro de um gênero difícil de se ganhar espaço.
Remote God Seeker e Automatic Death Protocol são complementares entre si e essenciais para qualquer fã de música pesada na atualidade. Ambos EPs tem a essência do deathcore clássico, com intervalos dissonantes, baterias rápidas e um vocal incrivelmente grave, mas a estética e a imagem criada pelo grupo eleva todos esses fatores para um novo nível grotesco de peso.
Sentinels – In Limbo
Após dois anos desde o lançamento de sua última obra, o Sentinels retorna com um EP enigmático, técnico e nefasto.
In Limbo inova tudo feito em Collapse By Design, e mesmo assim, consegue manter a essência principal do grupo: um instrumental técnico e totalmente “incoerente”, quase como se fosse um curto circuito. Apesar disso, a obra consegue balancear ainda mais toda sua loucura com algo mais linear e digerível para grande parte dos ouvintes, sem espantar antigos fãs da banda.
Moodring – YOUR LIGHT FADES AWAY
Trazendo aquele bom e velho shoegaze misturado com metal, Moodring dá as caras com um EP curto mas diferente e impecável.
YOUR LIGHT FADES AWAY tem apenas três faixas mas um coração enorme, navegando lentamente por águas misteriosas, e junto a isso, trazendo ar futurista e distorcido da realidade, conseguindo assim sair aos poucos da sombra de bandas como Loathe e Deftones, criando ainda mais uma cara única para o grupo. A obra transita extremamente bem entre o ambiente e o peso, não se tornando algo chato e repetitivo e balanceando ambos de forma perfeita.
To Octavia – Wonderland
Donos de uma sonoridade marcada pela harmoniosa fusão de rock moderno com a sensibilidade pop-punk e impulsionada por sintetizadores, os australianos da To Octavia apresentaram sua mais nova combinação de melódico e enérgico em Wonderland. O EP é uma compilação de histórias que exploram a conexão e interação humanas,
Com refrões que atingem alturas impressionantes e doses generosas de elementos vibrantes, a To Octavia mais uma vez evidencia seu potencial como líderes da próxima geração da música pesada.
Yonaka – Welcome to My House
A banda britânica Yonaka mais uma vez marcou presença com seu novo EP, Welcome to My House. No projeto, o trio traz de volta os habituais elementos de pop, do rock alternativo, e de punk que tem em seus outros trabalhos, sempre mantendo a energia e expressividade da vocalista Theresa Jarvis. Aliás, os melhores momentos do trabalho estão justamente quando a banda abraça essa energia e expressividade, especialmente nas faixas By The Time You’re Reading This, I Want More, e I Don’t Care.
menores atos & Nova Orquestra – Ato I
O último trabalho ao lado do baterista Bola não poderia ser diferente: um marco para a banda entregue ao público com chave de ouro.
A colaboração entre menores atos e Nova Orquestra, que começou na edição do Festival Polifania do ano passado, entrega um EP único, rico em detalhes e cheio de carinho, feito com amor e com o mais singelo toque de cada uma das pessoas que passou pela construção do projeto.
Our demise – Insidious
Mostrando que o deathcore é um gênero que está longe de cair na mesmice, os australianos da Our Demise tiveram um bom destaque dentro da cena com o lançamento do seu EP Insidious.
Insidious traz aquilo que faz deathcore ser um gênero destaque: é pesado, técnico, sem muitas enrolações e perfeito para ser colocado no churrasco em familia no domingo (especifico, não?)
Certamente um lançamento que mostrou a banda para o mundo, e que irá impulsionar a banda a começar de fato a sua carreira, visto que este é seu primeiro trabalho contando com várias inéditas.