Inflamável e energético, Hot Milk lança The King and Queen of Gasoline
Com uma temática rica e talento transbordando, o EP tinha tudo para ter sido um álbum
Se da última vez que falamos de Hot Milk por aqui já falávamos sobre uma banda madura e pronta para alçar vôos maiores, a previsão não apenas se confirmou mas foi superada com o novo EP do grupo de Manchester. The King and Queen of Gasoline chega aos ouvintes um ano depois do EP I Just Wanna Know What Happens When I’m Dead e nos leva a questionar quando teremos o primeiro álbum completo da banda.
A música que abre o EP – e carrega o nome dele – é uma espécie de hino para jovens desajustados e fora da norma. A rebeldia e ira sobre o contexto em que cresceram são a temática central de uma narrativa piromaníaca de incendiar a vizinhança com gasolina. Apesar da letra carregar todo esse potencial prestes a explodir – com o perdão do trocadilho -, o que se ouve, musicalmente, é um pop rock bem menos energético do que os trabalhos anteriores da banda.
Na segunda faixa, Teenage Runaways, o grande trunfo está nos vocais divididos por Han Mee e Jim Shaw. a dinâmica de troca de versos entre os dois, acompanhada de uma batida extremamente chiclete, justificam a escolha da música como um dos singles de trabalho.
Em I Fell In Love With Someone That I Shouldn’t Have o que encontramos é a clássica canção de coração partido com uma promessa de vingança. A letra, apesar de estar inserida em uma temática clichê, tem linhas interessantes que se fossem cantadas a 10 anos atrás certamente estariam nos subnicks de MSN e legendas do Fotolog.
A segunda metade do EP começa com Bad Influence. A música retoma toda a energia punkesca de Hot Milk e mostra ousadia e originalidade da banda enquanto combina os vocais poderosos de Mee com uma orquestra de fundo no último terço da música. Uma faixa que com certeza vai ser incrível de se ouvir ao vivo.
As duas últimas faixas mostram o quão original essa banda pode ser. Em The Secret to Saying Goodbye temos uma levada pop, rodeada de elementos eletrônicos, acompanhada de versos energéticos que levam a mais um refrão de bater cabeça. E aqui precisamos comentar a capacidade dessa banda de fazer refrões incríveis.
Em Chloroform / Nightmares temos a música mais pop do EP. Construída sobre sintetizadores, a faixa é mais tranquila e lenta do que as demais e, aproveitando a metáfora que dá tema ao EP, soa como uma chama lentamente se apagando. Mais uma vez se destacam os vocais de Hannah Mee.
Em resumo, o EP vai desde sintetizadores dos mais pop ao mais punk dos vocais rasgados, passando por todas as nuances existentes nesse meio. A banda não traz muitas surpresas mas aperfeiçoa o bom trabalho que vem construindo. A temática do EP era rica o suficiente para render um álbum completo, mas ainda não foi dessa vez.
Para fãs de: Paramore, girlfriends e Stand Atlantic