Monuments demonstra misticismo e uma estética sombria em In Stasis
Após quatro anos de seu último disco e a saída de Chris Barreto, a banda volta a ativa com seu novo vocalista e um tom marcante e único
Desde seu primeiro trabalho em 2012 (Gnosis), Monuments sempre deixou claro o caminho que eles queriam seguir e a sonoridade que eles queriam ter. Letras fortes e complexas, somadas a riffs técnicos e melodias ensurdecedoras e cativantes, grudando na cabeça desde a primeira ouvida. A banda sempre se destacou pela sua originalidade dentro da cena de djent.
In Stasis é seu quarto álbum de estúdio e traz um ar novo ao grupo. O álbum tem um tom misterioso e intenso, sem perder a essência técnica e melódica original do Monuments e demonstrando uma maturidade maior do que a apresentada em seus álbuns anteriores.
Trazendo tal maturidade à tona, No One Will Teach You conta com a participação de Neema Askari (ex-Monuments) e não mede esforços para nos surpreender de cara com sua agressividade. Um riff pesado e incessante que hipnotiza qualquer ouvinte nos primeiros segundos de música seguida por um vocal intercalado de Neema e Andy, que transporta o ouvinte para o mundo criado pela banda.
Lavos, lead single do álbum, consegue manter o ritmo com facilidade. Trazendo um foco maior nas guitarras dissonantes e na bateria groovada, a música tem um tom épico, contrastando com a letra melancólica e sem esperança. Já Cardinal Red, lançada como segundo single para o álbum, vem mais rápida e técnica do que as músicas anteriores. Com a participação especial de Mick Gordon (trilha sonora do jogo DOOM), a música traz uma letra com uma crítica social implícita, podendo ser transposta para muitos assuntos atuais, focando em falar sobre hipocrisia e a falta de empatia da sociedade como um todo.
Opiate traz um grande destaque para sua melodia vocal e sua letra mais pessoal. A faixa traz uma letra que faz um paralelo a dependência a drogas e os resultados físicos e psicológicos trazidos consigo. Tal assunto é transportado para mente do ouvinte por um riff rápido e um vocal marcante e sentimental, tirando qualquer dúvida de que Andy Cizek foi a melhor escolha para a banda.
Com um começo franco, Collapse marca pela soma de uma ambientação em tensão crescente à uma guitarra amedrontadora e imponente que dá base para os berros intensos e o refrão emocionante da música. Com certeza a faixa traz um pouco mais do gostinho do antigo Monuments, principalmente dentro da questão instrumental.
Passando da metade do álbum, Arch Essence recebe seus ouvintes com uma linha de baixo única e a participação de Spencer Sotelo (Periphery) nos vocais. Com quase 6 minutos, a faixa é uma jornada prazerosa e surpreendente por um instrumental complexo, desde suas notas sutis de piano, até seu breakdown final polirrítmico e escalafobético e um vocal que explora os confins dos berros sujos até as notas mais altas e limpas como porcelana.
Somnus começa violenta e incessante, com um riff pesado e gritos violentamente rápidos. Seguidos por um refrão incrível, trazendo uma sensação de inspiração que harmoniza com o instrumental em tensão contínua e uma letra desesperadora, quase como um pedido de ajuda de alguém prestes a cair de um precipício.
Lançada como último single antes do álbum, False Providence, novamente com a participação de Mick Gordon, adota um ritmo mais lento comparado com o restante da obra. A música é um fôlego das guitarras e baterias mirabolantes e complexas de In Stasis, focada principalmente em ter muito sentimento, não decepciona em momento algum, trazendo uma guitarra sentimental e uma ambientação mais calma, essa faixa pode te levar aos pontos mais altos de uma história de fantasia e nunca mais te fazer querer voltar.
Com um início eletrizante, Makeshift Harmony marca presença com sua guitarra abrupta, uma bateria expansiva e um vocal direto a o ponto, bem mais falado do que as músicas anteriores. É um prato cheio para os fãs de vocais limpos misturados a um instrumental complexo, e uma ótima preparação para as próximas faixas.
Fascinando qualquer um desde os segundos iniciais, The Cimmerian é o fim e definitivamente o ponto mais alto de In Stasis. Durante seus oito minutos a música se mantém numa crescida constante, desde guitarras com delay acompanhadas a um vocal limpo e sentimental até os berros mais profundos e potentes. O refrão não fica para trás, sendo nada mais, nada menos que épico, seguido por um “interlúdio” pacústico, que constrói uma reta final digna de aplausos, deixando aquele gosto agridoce, ansiando por mais, porém com uma sensação divina de fim de jornada.
In Stasis é um marco na história do Monuments. O álbum é um claro exemplo de um trabalho competente e inovador, e mesmo assim mantendo a essência da banda, é uma jornada satisfatória, apaixonante, única e demonstra que um álbum técnico e complexo pode conter muita paixão e emoção envolvida. E esse disco faz isso com maestria e perfeição.
Para fãs de: Periphery, Tesseract e The Contortionist
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