Those Without, Bittersweet e a dependência emocional em sua essência
Quinteto sueco traz narrativa agridoce em álbum de estreia
Há quem goste de iniciar álbuns com uma faixa introdutória, quase que um prólogo, que visa apresentar ao público toda a narrativa que ouvirá a seguir ao longo de todo o trabalho. No entanto, em Bittersweet, o quinteto sueco Those Without prefere iniciar com o pé na porta, com os vocais de Oskar Westlin ganhando exposição nos primeiros segundos de Happy Ever Disaster.
Em atividade desde 2018, a banda formada por Oskar Westlin (vocais), Martin Spåman (guitarra), Felix Lindquist (guitarra), Filip Burman (baixo), Dennis Thunell Karabegovic (bateria), escolheu 2021 para dividir com os fãs seu álbum de estreia. Após quatro excelentes singles (com destaque para Pink Alligator, a segunda faixa do trabalho e também de divulgação), Bittersweet vê a luz do dia e compartilha uma narrativa agridoce sobre relacionamentos que impactam todo o âmbito pessoal e emocional do eu lírico, passando por todos os estágios de mudanças drásticas do ser humano — o que faz com que o nome do disco caia como uma luva em seu resultado final.
A sensação é de angústia e confusão emocional ao longo das quatro primeiras faixas. O eu lírico se questiona inúmeras vezes sobre seu sentir diante de uma situação em que não é capaz de controlar, com a Those Without colocando em palavras dores e alívios difíceis de serem descritos pelo público, o que gera uma identificação quase que imediata com o caso.
Desde Pink Alligator, passando por Voodoo Doll e finalizando em Weightless, o eu lírico viaja por opostos emocionais em questão de segundos, derramando todos os seus medos ao longo dos versos. No entanto, é em Good Thyme que ele finalmente encontra sua catarse, desabafando logo no primeiro verso como sempre enxergou o mundo monocromático.
É momento de entrega novamente, mas dessa vez Those Without mostra que não há medo em sentir. O tempo de confusão emocional e indecisão enfim passou e embora haja receio e desconfiança em alguns momentos (como os versos pontuam em Oblivious, na faixa seguinte), a tempestade já acabou.
“Se estamos sendo honestos, você sente que nós somos para ser?”, indaga os vocais de Oskar na segunda metade de Bittersweet. Os questionamentos dão um novo passo a medida que a música se aproxima da faixa seguinte, Cleopatra, talvez a de composição mais atual do CD (e a mais romântica também), visto que fala sobre um possível fim do mundo — mas cujo impacto não parece ser tão grande se vivido ao lado da pessoa amada.
Contudo, é em Under the Water que o público observa o eu lírico mergulhar em seu próprio colapso. Bittersweet dá jus ao significado mais genuíno da palavra ao viajar para os extremos da mente humana, que agora, nessa faixa, exploram não a dor, e sim a dependência emocional de alguém contrastando em versos melancólicos e leves; vocais limpos e gritos; até chegar em seu ápice em que o protagonista praticamente implora para que o destinatário de suas canções deposite confiança em si.
A obra encerra com A Name for Myself e Webspinner (esta sendo o último single de trabalho antes do lançamento), ambas faixas explorando o mais puro excesso da insegurança. Those Without traz em Bittersweet mensagens sobre pertencimento, acolhimento e dúvidas sobre deixar sua marca no mundo e sobretudo em alguém, ao mesmo tempo em que consolida seu debut de forma impecável, entregando uma narrativa completa e cheia de significados na forma em que é contada.
Bittersweet é poético, original e coloca ainda mais a Suécia como um forte nome na cena do easycore — e a Those Without como uma banda que devemos prestar atenção.
Para os fãs de: Neck Deep, Boston Manor e Trash Boat.