Atlante marca retorno triunfal com novo single e “um mundo de possibilidades”

“Eu Não Tô Bem” é a música que dá vigor à volta da banda, que chega com formação inédita

Capa: Tayna Viana / Downstage

O tempo é curioso, e é ainda mais quando notamos que ele foi necessário para que algumas coisas passassem a fazer sentido. A pausa da Atlante, a princípio, foi vista e sentida como algo para sempre, mas o passar dos dias fez com que Yago Jacques e Kevin Willian pudessem entender a importância de finais de ciclos e a beleza do renascimento das coisas.

Anos após a pausa, a Atlante renasce, fazendo mais sentido do que nunca, com um novo propósito, nova identidade, nova sonoridade e novas motivações.

Foto: Luiz Negri

“2019 foi um ano maravilhoso em alguns aspectos, né? Por mais que as coisas não estivessem tão boas assim na no aspecto… era um ano pesado, com várias questões políticas, inclusive aqui no Brasil, então isso. A banda estava rolando muito, com muitas coisas rolando. Fizemos shows em vários estados e os últimos dois foram fantásticos, no Colina Fest”, refere-se Yago ao evento que eles mesmos organizavam, misturando bandas caiçaras com de outras cidades.

Foto: Luiz Negri

Ele continua: “Foi uma parada que deu um gás absurdo pra gente entrar em 2020, e estávamos com tudo pronto para gravar nosso primeiro disco, então maravilha. Aí tomamos a rasteira que foi a pandemia, né? Sabemos que afetou muita gente, e além de perder pessoas, a gente perdeu uma coisa que a gente não tinha noção do quanto era poderoso na nossa vida: que era o fato da gente sair todo final de semana para tocar, conhecer novas pessoas, fãs, compartilhar nossa música. Perder isso foi horrível, foi um baque.”

Não poder gravar e fazer música foi algo que fez com que Kevin e Yago começassem a se questionar sobre tudo, e então, veio o momento que chocou os fãs: a pausa da Atlante. “A música para nós… sempre foi uma banda muito sentimental; que sempre falou de coisas muito sentimentais, muito emocionais, muito pessoais. E naquele momento aquilo se perdeu”, complementa Yago.

Foto: Luiz Negri

Quatro anos depois, Atlante renasce. “O primeiro momento que falamos sobre o retorno foi em 2022”, lembrou Kevin. “A gente respeitou muito o nosso processo, o nosso tempo e a nossa vontade.”

Como tudo aconteceu? Naturalmente, “como deveria ter sido”, diria qualquer outra pessoa. Com Yago e Kevin em estúdio, juntos novamente, fazendo música. De início, apenas algumas prés, que acabaram surpreendendo demais no resultado para “Foi tipo, totalmente diferente. Mas rolou, né?”, relembra Yago.

Após uma pausa, como alguém que inicia um novo capítulo, Yago completa: “Então a gente foi deixando isso cada vez mais maduro.”

O próximo passo

Nessa nova fase, Yago e Kevin convidaram Matheus Marques para guitarra e voz da nova formação, um amigo “desde sempre”, e que a entrada na banda foi natural. “O ponto chave foi o Matheus, porque em determinado momento a gente se conheceu e ele é amigo de um amigo meu antes de tudo, né? Hoje em dia ele é meu irmão, mas a gente se conhece assim, absolutamente do nada.”

Yago continua: “Começamos a conversar sobre música e ele tem uma voz maravilhosa, então a gente entendeu que era uma mensagem para sermos uma banda. Em dado momento falamos: ‘seria massa se você fizesse uns shows com a gente’.”

Foto: Luiz Negri

Kevin também relembra o momento, principalmente quando começaram a ir para o estúdio. “Começamos a gravar essas músicas de verdade”, complementa, contando que a Atlante começou por faixas antigas engavetadas, até o momento de criar novas.

Matheus revela que para ele, que trabalha com música há anos e nunca fez parte de uma banda, é realmente uma nova experiência ser um integrante da Atlante agora. “É muito engraçado para mim porque eu sempre toquei, mas nunca tive a oportunidade de realmente fazer shows, né? A gente se conheceu ali e se deu muito bem. O engraçado é que a genteb se deu bem pessoal e musicalmente.”

Ele continua: “A gente gosta muito das coisas parecidas, a gente tem influências muito parecidas também. E o que eu falo, que é o que me me atraiu muito para tocar com eles, é que foi que além da música, né? De gostar muito deles, acho que eles são muito iluminados. Então eles têm muito essa verdade.”

Yago aproveita o momento também para comentar de quando foi o encontro dos três em estúdio, oficialmente como Atlante. “Você imagina: você junta a experiência do Kevin, a experiência do Mathes, que também é um produtor… você junta isso tudo. A gente é cheio de coisa na cabeça, pra fazer no estúdio, e começa a ver tudo dando certo. Então falamos: ‘beleza, é a partir daqui que vamos fazer com que isso vire música de verdade’.”

Para iniciar essa fase, a faixa escolhida foi uma escrita em 2019 por Yago, chamada “Eu Não Tô Bem”. Apadrinhados por Caio Weber (Cefa), que os incentivou e ajudou também a gravar as baterias; e Fernando Uehara, do estúdio TOTH, a Atlante agora se prepara para cair na estrada de novo, e sentir mais do que nunca a magia e a chama que é colocar sua arte no mundo.

“Nunca fez tanto sentido fazer música” coloca Yago. “A gente organizou essa volta, mesmo baseada no lançamento desse single que vai ser no dia 15 de março. A gente não vai lançar só uma faixa e desaparecer. Existe um mundo de coisas para acontecer.

Confira a capa de Eu Não Tô Bem com exclusividade pelo Downstage, faça o pre-save aqui.

O que esperar da nova sonoridade?

Diferente é a palavra correta. A Atlante, antes conhecida por ter fortes influências de Thrice, agora chega com uma mistura deliciosa que passeia pelo post-rock, rock alternativo, pop, indie rock e até bossa nova. Ah, e fiquem com os ouvidos atentos, pois há muita identidade dos projetos solo de Yago Jacques e Kevin Willian aqui também.

“Influenciou horrores na Atlante”, confessa Yago, quando questionado sobre isso. “Eu aprendi o que que eu gosto de cantar. Eu aprendi o que eu gosto de escutar. Eu aprendi como eu gosto de me expressar, né? E o Kevin também. Eu fui por um lado muito mais de abraçar brasilidades, o EP Bela Vista que foi o que fez a gente crescer, tinha bastante influência pesada, mas nas novas músicas você consegue sentir uma pegada de The Neighborhood e Clairo, por exemplo.”

“A verdade é que nossa banda virou uma banda brasileira, e não uma banda que canta em português imitando gringo”, complementa.

Kevin comenta também que, algo que jamais vai mudar na Atlante é a parte sentimental da parada. “Na essência, é Atlante, mesmo que seja em outro estilo.”