Carnifex conversa com os mortos em novo álbum e se prepara para shows no Brasil

Em entrevista ao Downstage, o vocalista Scott Lewis fala sobre o brutal e sombrio Necromanteum e suas expectativas para os shows no Brasil

Arte: Tayna Viana / Downstage

Os fãs brasileiros de Carnifex tem vários motivos para comemorar. A banda se prepara para lançar na próxima sexta-feira, 6 de outubro, seu mais novo disco de inéditas, o brutal e sombrio Necromanteum. E para a alegria dos fãs, o Carnifex finalmente fará sua primeira passagem pelo Brasil. A banda norte-americana irá trazer a Necromanteum Tour para a América Latina em dezembro de 2023. São dois shows no Brasil: dia 2 de dezembro na Fabrique Club, em São Paulo e dia 3 de dezembro no Clube Caterpillar, em Piracicaba.

Foto: Sydney Ellis

Em atividade desde 2005, o Carnifex saiu de San Diego, Califórnia, para se tornar um dos maiores expoentes do deathcore. Com álbuns brutais e seminais como The Diseased and the Poisoned (2008) e Hell Choose Me (2010), que ajudaram a criar a cartilha do gênero, o Carnifex se consolidou como um dos principais nomes da música extrema ao lado de bandas como Suicide Silence, The Black Dahlia Murder e Job For a Cowboy. A banda furou a bolha do deathcore e experimentou novas sonoridades em sua poderosa discografia, sempre mantendo suas raízes e sua personalidade. Prestes a lançar seu nono álbum de estúdio e fazer sua tão aguardada estreia no Brasil, o vocalista Scott Lewis falou em entrevista ao Downstage sobre suas expectativas em relação aos shows e sobre o lançamento de Necromanteum.

Conversando com os mortos em Necromanteum

Em seu nono disco de inéditas, o Carnifex consegue soar mais brutal e sombrio do que nunca. A temática do álbum o o conceito de se isolar em uma sala cheia de espelhos e falar com a morte, ideia que o vocalista Scott Lewis teve ao assistir um programa americano chamado Ghost Adventures. “É um programa de TV muito popular chamado Ghost Adventures. É um grupo de pessoas que viajam ao redor do mundo para todos esses locais assombrados famosos e cada local assombrado que vão, eles fazem todas essas coisas diferentes para tentar entrar em contato com os mortos e espíritos e coisas assim.”

Scott começou a se interessar por temas sobrenaturais enquanto assistia ao programa, e fazendo algumas pesquisas ele descobriu que há cerca de 100 ou 120 anos, se você quisesse fazer uma sessão espírita e conversar com os mortos, você acabaria falando com um doutor ou alguém que é altamente intelectual, o que ele achou uma bobagem. O vocalista se perguntou se daqui a 100 anos as pessoas olhariam para trás e também achariam bobagem as nossas tentativas de conversar com a morte, e esse acabou sendo o ponto de partida para o conceito do álbum.

Quando questionado sobre qual seria sua pergunta para os mortos, caso tivesse a chance, o vocalista demonstrou o mesmo questionamento que todos tem. “Acho que você não gostaria de saber o que vem a seguir, certo? Eu acho que essa é realmente a tese do álbum, são as questões que a humanidade tem tido ao longo de centenas de anos. Quero dizer, mesmo voltando ao início, se você realmente pensar sobre isso, a única razão pela qual a religião existe no mundo é porque estávamos nos perguntando o que vem a seguir, o que há lá fora? E é interessante que essa questão eterna, suponho, seja a grande questão da vida.”

Foto: N. Chance

Necromanteum é um álbum extremamente completo, tendo um conceito e explorando diferentes camadas da música extrema, com momentos sinfônicos, épicos e atmosféricos. Essa experimentação musical, segundo Scott, é a vontade de sempre lançar um trabalho melhor que o anterior. “Eu acho que é um subproduto de olharmos para o álbum que fizemos anteriormente e dizermos como podemos fazer uma versão melhor dele. E essa é a nossa evolução, sim, sempre seremos nós mesmos porque é o mesmo grupo de pessoas que escrevem a música, mas ao mesmo tempo, internamente estamos tentando nos tornar melhores artistas e melhores criadores, e então estamos tentando fazer a melhor versão.”

Sobre as expectativas para o lançamento de Necromanteum, o vocalista não demonstra muita preocupação. “Meu Deus, eu não tenho expectativas porque neste momento você tem que abandonar as expectativas, senão você fica com o coração partido. Minha esperança é que seja um álbum que conecte o maior número possível de fãs e conecte-se com novos fãs.”

Deathcore e histórias em quadrinhos

O Carnifex coleciona capas de discos de tirar o fôlego, com artes que podem ser consideradas obras de arte sombrias. A capa de Necromanteum, criada pelo quadrinista E.M. Gist, mantém o nível lá em cima e entrega mais uma arte atordoante. Scott tem uma forte conexão com o universo das histórias em quadrinhos O vocalista lançou alguns anos atrás um quadrinhos chamado Death Dreamer, mostrando outra paixão além da música. O quadrinho foi pensado como uma trilogia, mas a editora optou por lançar em um único volume, então o vocalista afirmou que a segunda parte da história já está finalizada e a terceira está quase pronta, confirmando que logo teremos mais novidades vindo de seu lado quadrinista.

Imagem: deathdreamer.net

O músico tem uma relação muito forte com os quadrinhos e confessa que é mais uma forma de se expressar. “No que diz respeito à minha relação com os quadrinhos, eu adoro porque dá a você muitas liberdades semelhantes às que você obtém com a música. Mas é uma forma de arte diferente. E há coisas que posso fazer com os quadrinhos e com esse formato que não posso fazer com a música. E vice-versa. Há coisas na música que você não pode fazer com os quadrinhos.”

Mesmo gostando das duas mídias, Scott entende que certas coisas funcionam apenas em determinada mídia, mas não considera isso ruim. “É um formato

muito específico de escrita de letras, e eu definitivamente fiquei muito interessado em ficção e escrita narrativa há cerca de 10 anos. E os quadrinhos realmente permitem que isso prospere, ao passo que não funcionaria tão bem com a música se você estivesse tentando colocar personagens e narrativa na música. Quero dizer, sim, você pode, claro, mas ainda é muito limitado. Você sabe, você não vai ter diálogo. Em uma música, você sabe que terá profissionais. E então tem sido apenas mais uma plataforma para continuar sendo criativo e alcançando os fãs.”

Mesmo gostando das duas mídias, Scott nunca pensou em conectar os dois mundos, já que a banda é algo colaborativo e os quadrinhos é algo que ele escreve sozinho. Mas o vocalista confessa que se fosse escolher um disco do Carnifex para transformar em história em quadrinhos, com toda certeza seria o Hell Choose Me.

A tão aguardada turnê pela América Latina

Prestes a fazer seus primeiros shows no Brasil, Scott se mostra ansioso em finalmente poder tocar com o Carnifex no país e conhecer os fãs brasileiros. O vocalista promete um setlist especial para os shows no Brasil. “Será com certeza um setlist especial. Porque, você sabe, temos o novo álbum lançado, mas como não fomos lá antes, queremos ter certeza de tocar algumas músicas de cada álbum. Porque eu sei que temos fãs que amam álbuns diferentes. Então sim, será um set list especial com certeza.”

O vocalista ainda deixou uma mensagem especial para os fãs brasileiros. “Mal podemos esperar para ver vocês também e estamos muito animados para vir em dezembro. Teremos um ótimo setlist planejado e estamos prontos para alguns dos melhores shows que já fizemos. Estamos ansiosos por isso.”

O Carnifex se apresenta no Brasil no dia 2 de dezembro na Fabrique Club, em São Paulo e dia 3 de dezembro no Clube Caterpillar, em Piracicaba. A turnê é uma realização da Liberation Tour Booking e os ingressos estão disponíveis no Clube do Ingresso e Byma.