Russian Circles, nome gigante do post-metal, se prepara para 1ª passagem pelo Brasil

Em entrevista ao Downstage, o baixista Brian Cook fala sobre a aguardada estreia no Brasil, o álbum Gnosis, a cena musical brasileira e os 20 anos de carreira

Arte: Tayna Viana / Downstage

Um dos maiores nomes do cenário post-metal se prepara para fazer sua estreia em terras brasileiras no mês de abril. O Russian Circles traz ao Brasil a turnê de seu último álbum, Gnosis, lançado em 2022, em uma apresentação única na capital paulista no dia 3 de abril, no Cine Joia.

Foto: Joshua Simons

Completando duas décadas de atividade, o power-trio norte americano já se apresentou em grandes festivais como SXSW, Psycho California e Roadburn, além de excursionar com grandes nomes do metal como Mastodon, Deafheaven, Tool, Cult of Luna, entre outros. A banda formada por Mike Sullivan (guitarra), Brian Cook (baixo) e Dave Turncrantz (bateria) da continuidade a turnê de seu álbum mais recente, Gnosis, considerado pela crítica e fãs um dos melhores trabalhos na discografia do grupo, que já conta com oito discos de estúdio.

Em entrevista ao Downstage, o baixista Brian Cook falou sobre suas expectativas para o show no Brasil, os 20 anos de carreira da banda, a cena musical brasileira e sobre o álbum Gnosis.

20 anos de post-metal

O Russian Circles iniciou suas atividades em 2004, construindo desde então uma carreira sólida e interessante, mostrando uma constante evolução musical a cada trabalho lançado. “Sonoramente, acho que evoluímos ao longo dos anos, mas a evolução tem sido muito gradual. Gnosis soa muito diferente de Enter, mas acho que a cronologia dos nossos registros tem seu próprio longo arco”, comenta Brian.

Foto: Kim Rudner

Considerados um dos principais nomes do cenário post-metal e uma referência para as bandas do gênero, Brian reflete sobre o legado e carreira longeva do Russian Circles. “É difícil acreditar que somos uma banda há quase 20 anos. Não acho que nenhum de nós esperava que a banda durasse tanto tempo, mas tivemos muita sorte de ainda gostarmos de fazer música uns com os outros, pois pode ser muito difícil encontrar músicos com a mesma visão, ética de trabalho e compromisso com a música. Vejo nossa carreira e legado como consistentes e teimosos.”

Gnosis

Em 2022, a banda lançou seu mais recente disco de inéditas, o aclamado Gnosis. O baixista relembra o processo de gravação do álbum, que foi composto durante a pandemia. “Escrevemos o álbum durante a pandemia trocando arquivos mp3 em vez de ensaiarmos juntos em uma sala. Há algo em escrever junto com seus amigos em uma sala que cria seu próprio tipo de magia, mas não tivemos essa opção por causa do isolamento. Então aprendemos a escrever em grupo, enviando músicas uns para os outros pela internet . E acontece que o resultado teve seu próprio tipo de magia.”

O oitavo trabalho da banda completa dois anos de existência em agosto de 2024, e o baixista comenta sobre sua relação atual com a obra e como o classifica na discografia do Russian Circles. “Como resultado, acho que é o nosso trabalho mais focado. Eu também acho que é um álbum muito agressivo. Acho que ficar presos em casa nos fez querer fazer um disco que fosse uma resposta ao sentimento de confinamento.”

A aguardada estreia no Brasil

Com quase duas décadas de existência, o Russian Circles se prepara para fazer sua primeira passagem pelo Brasil, com apresentação única no dia 3 de abril, no Cine Joia, em São Paulo. Brian Cook nos contou suas expectativas sobre o primeiro show no país e se podemos esperar alguma surpresa no setlist da apresentação. “Quando penso em shows em São Paulo penso em vídeos antigos do Sepultura tocando em ginásios. Mas não somos o Sepultura, então não tenho ideia do que realmente deveria esperar. Em termos de setlist e surpresas…Acho que vamos tocar apenas nossas músicas favoritas, já que não precisamos nos preocupar em tocar músicas novas o suficiente ou em não tocar um set parecido com o da última vez que estivemos lá, porque … nunca estivemos lá!”

Como o músico citou o Sepultura, a curiosidade sobre o relacionamento do baixista com a música brasileira só aumentou. Quando questionado sobre a cena musical brasileira, Brian foi além do Sepultura, citando até Mutantes. “Eu realmente gosto da banda de death metal moderno Fossilization. Já ouvi bastante Sarcofago e Mystifier. Eu gosto de Ratos de Porão. Eu aprecio Os Mutantes. Um amigo meu costumava fazer turnê com o CSS (Cansei de Ser Sexy), então já as vi ao vivo algumas vezes.”

Com a apresentação marcada para acontecer no Cine Joia, uma casa relativamente pequena e intimista de São Paulo, é difícil não pensar em como esse tipo de ambiente combina com a sonoridade do Russian Circles, principalmente pela atmosfera de suas músicas.

Foto: Rubén Navarro Martín

Brian deu sua opinião sobre o som do Russian Circles ser mais compatível com locais menores ou grandes festivais. “Acho que a nossa banda é maleável nesse aspecto. Depois que você começa a tocar em shows maiores, fica um pouco mais difícil levar a energia da primeira fila para o fundo do local. Mas temos tocado em locais maiores e ultimamente fizemos alguns festivais nos últimos 20 anos, então nos sentimos confiantes nesse tipo de palco também.”

O músico ainda aproveitou para deixar um recado e um pedido para os fãs brasileiros. “Estamos muito entusiasmados em visitar seu país! Por favor, venha ao show e me conte sobre todas as novas bandas brasileiras de metal.”

O Russian Circles se apresenta no dia 3 de abril de 2024, no Cine Joia, em São Paulo. O evento é uma realização da Powerline Music & Books com apoio da Heart Merch. Os ingressos estão disponíveis na Pixel Ticket.