The Perfect In Between: A autenticidade orgânica da Zero to Hero

O novo álbum na banda que não tenta ser nada além de “muito Zero to Hero”

Arte: Carol Moraes / Downstage

Sem perder a modéstia, é seguro dizer que os maiores fãs da Zero to Hero são seus próprios integrantes. Admiradores uns dos outros – e às vezes até de si mesmos -, o trio de Taubaté, formado em 2017, acaba de  lançar seu segundo álbum The Perfect In Between e a gente conversou com eles sobre o novo material e sobre o momento do gênero no Brasil e no mundo. 

E o começo da banda, conta Nícolas em entrevista ao Downstage, partiu da insistência de um baterista, então com 17 anos, em convencer os músicos que ele recém conheceu, de que as letras de Pedro precisavam sair do papel e ganhar os palcos. “Assim que eu ouvi as músicas dele eu falei ‘deixa eu ser seu baterista’. Eu novo, com 17 anos, aquele fogo de querer tocar com todo mundo […] nisso eu já envolvi o Danilo também. Ele já tinha uma banda e não queria muito ter outra, mas quando ouviu o som também se apaixonou.”, conta Nicolas. 

Foto: g.iugiulia

Para os músicos, o gênero no Brasil vem vivendo um bom momento e construindo uma segunda grande onda propícia para o surgimento de novas bandas.

“A gente vê as pessoas voltando a achar legal tocar instrumentos. Tem muitas bandas novas surgindo, como a galera da Chococorn que são bem novos, ganhando projeção, e ao mesmo tempo bandas como o American Football, que não tiveram um real reconhecimento no tempo deles, agora estão conseguindo colher esses frutos […] e a gente tenta fazer um mix dos dois. Fazer coro a esse som novo que tá surgindo e ao mesmo tempo buscar nossas referências lá de traz”, comentou Nicolas. 

Novo álbum

E é nesse cenário que nasce o The Perfect In Between. O segundo álbum da banda é, segundo eles mesmos, “o som mais Zero to Hero que a gente já fez”. E para Nicolas, esse resultado é fruto do desapego com uma série de compromissos: “Depois de sete anos de banda você não tem mais aquela pressão de acertar, de precisar estourar. E com isso a gente não fica mais na neura de precisar soar emo, precisar ser midwest emo.” E complementa falando um pouco sobre a musicalidade do novo material: “Inclusive no álbum a gente tem algumas influências de percussão mais voltadas pra música latina”. 

Foto: g.iugiulia

Ainda nesse tema, Danilo conta um pouco das diferenças entre o novo álbum e o Breakwalls e Buildbridges, lançado em 2019: “Além da maturidade musical da banda, a gente se permitiu experimentar e misturar mais. Então a gente trouxe alguns elementos de ska, de reggae. Tem uma das faixas que a gente incluiu um tambor de língua de aço, e até alguns toques de música latína”. E Nicolas complementa, “antes eu tinha muito a ideia de ‘quero tocar igual a tal batera’, ou de ‘precisa soar mais pop punk’, e hoje a gente se desprendeu um pouco disso. Nós somos nossa própria influência”.

Entre as faixas do álbum, chama a atenção a presença de uma música inteiramente em português, algo inédito no repertório da banda. Quando perguntado sobre isso, Pedro justificou: “A maioria das músicas que eu consumo são em inglês, então às vezes vem muito mais naturalmente uma letra em inglês. Mas no caso de Amargo a música veio inteirinha em português na minha cabeça.” E acrescentou que não se limita a compor em qualquer idioma específico. “Quiet Quitting tem uma parte que a gente fez em português também porque sentimos que aquela mensagem era melhor passada em português, mas se um dia eu entender que uma música precisa ser em espanhol ela também pode ser”.

Foto: g.iugiulia

Sobre o processo de composição, Pedro conta quais são suas principais inspirações: “Eu gosto muito de ler e gosto muito de filosofia. Então tem músicas que a gente tirou inspiração de contos e mitos. No álbum aparece Icarus, tem uma faixa que a gente traz também o mito grego de Sisyphus.” ao que Nícolas brinca, “em termos de composição a Zero to Hero é muito melhor que o blink-182. Nossas letras são muito mais cabeça que as do blink”. 

Perguntados sobre qual seria a faixa favorita de cada um no novo álbum, Pedro responde: “Eu gosto muito das músicas que o Dan escreve porque ele tem uma forma de escrever que é muito diferente da minha. Então eu vou ficar com Quiet Quitting, que é uma que ele escreve”. Já Nicolas, escolheu But Doctor, I am Pagliacci e justificou: “Pra além da ideia por trás dela ser muito boa, eu acho que se você colocar ela na voz de grandes artistas como o Post Malone, por exemplo, ela ainda caberia. Então eu gosto dessa versatilidade nessa música”. Já Danilo escolheu Jimmy Neutron, Boy Neutral e, não por acaso, são esses os três singles de trabalho do álbum.