Thursday: Geoff Rickly fala sobre vinda ao Brasil, livro autoral e novas bandas
Entrevistamos o frontman da banda, que se apresenta no país no próximo sábado (6)
Após uma longa espera, a banda Thursday está de volta aos palcos e fazendo história com sua primeira turnê no Brasil. Em uma entrevista para o Downstage, Geoff Rickly, vocalista do grupo, compartilhou os motivos por trás da tão aguardada reunião e da escolha de incluir o Brasil no itinerário da turnê.
Animado desde o início que ingressou na chamada, Rickly não esconde o quão animado está em pisar no país pela primeira vez. “Sempre quis muito ir para o Brasil, mas na primeira vez tínhamos uma equipe de gerenciamento que preferia nos manter ocupados em lugares onde ganhávamos mais dinheiro”, explica.
“[Agora que temos] mais liberdade após o retorno da banda, podemos fazer coisas que nos deixam felizes, como conhecer novos lugares, tocar para quem nos ama e experimentar diferentes culturas e culinárias. A oportunidade de tocar no Brasil surgiu há cerca de um ano e meio, dois anos, e mesmo com adiamentos, decidimos que iríamos, mesmo que tenhamos que fazer alguns shows nos Estados Unidos para pagar a viagem. Estamos muito animados e agradecidos por isso.”
Falando sobre influências, o Thursday é um grande nome até hoje como referência para bandas, seja novas ou mais experientes. Questionado sobre isso, Geoff Rickly responde que “é muito legal ver que bandas mais novas ainda se importam com o Thursday e tiram algo dele.”
“No entanto, neste ponto da nossa carreira, é mais importante sermos mentores e ajudarmos bandas mais jovens a passarem pelas dificuldades que enfrentamos. Há muitos aspectos difíceis em estar em uma banda, como estar sempre sem dinheiro, constantemente na estrada e longe das pessoas”, continua. “Quanto mais pudermos compartilhar com as bandas mais novas como não entrar em furadas, melhor. E é gratificante ver que nosso impacto vai além da música, também no apoio e ajuda a outros artistas, mesmo aqueles fora do nosso gênero musical.”
Navegando por mudanças
Em atividade desde 1997, o Thursday acompanhou diversas mudanças acontecerem na indústria musical, como o surgimento das plataformas de streaming e até mesmo de aplicativos virais, como o TikTok. Acompanhar esse ritmo pode ser intenso, e para Geoff, “a mudança sempre será um desafio em certa medida.”
“Tentar se adaptar demais pode fazer você parecer desconectado, enquanto não se adaptar pode fazer com que sua música não seja ouvida. É uma saia justa”, revela. “Esta não é mais a nossa era, então tentar se adaptar demais acaba sendo meio estranho, não-natural. Por outro lado, se não nos adaptarmos, ninguém nem mesmo saberá como encontrar nossa música por aí. Então, estamos tentando encontrar o equilíbrio certo e seguir em frente.”
Lançamento do livro
Seu novo livro, Este Não Sou Eu, aborda temas pessoais e intensos como vícios e autodescoberta. Geoff trabalhou na obra por cerca de 12 anos, tratando-o como um projeto integral. “Minha intenção não era apenas desabafar meus sentimentos, mas sim criar uma obra de arte significativa. Não estou tentando ajudar alguém a se recuperar do vício, por exemplo. Quero fazer algo que faça as pessoas sentirem-se conectadas ao mundo e lembrar que a vida é bela, mesmo com todas as adversidades.”
Sobre a diferença de escrever romances e escrever músicas, Geoff explica: “Em muitos aspectos, são processos opostos. Uma música é sobre destilar uma emoção, enquanto um romance é sobre expandir e explorar uma ideia de diferentes maneiras. Mas ao mesmo tempo, ambos são formas de expressão artística e compartilham o objetivo de conectar emocionalmente o público. Eu diria que a principal conexão entre os dois é o desejo de criar algo que ressoe com as pessoas de uma forma significativa.”
E para aqueles que estão ansiosos para vivenciar essa jornada intensa junto com Geoff e sua van durante a tão aguardada passagem pelo Brasil, só temos uma coisa a dizer: esperamos que essa van tenha espaço suficiente para todas as histórias, emoções e, é claro, para alguns novos fãs brasileiros que não veem a hora de embarcar nessa viagem.