Analisando a discografia do Good Charlotte

Com 7 discos lançados e inúmeros hits de sucesso na carreira, o Good Charlotte é um dos grandes nomes do Pop Punk. O Downstage fez uma análise de toda a discografia da banda

Arte: Inaê Brandão / Downstage

Em atividade desde 1996, o Good Charlotte veio de Waldorf, Maryland, para conquistar seu lugar no mundo da música. A banda formada pelos gêmeos Benji e Joel Madden, trilhou seu caminho no cenário pop punk até estourar no mainstream em 2002, com o lançamento do álbum The Young and The Hopeless. Com a popularização do emo e do pop punk no começo dos anos 2000, logo se firmaram como um dos principais nomes do movimento ao lado de bandas como My Chemical Romance, Fall Out Boy e Simple Plan.

Joel (vocal), Benji (guitarra e vocal), Billy Martin (guitarra e teclado), Paul Thomas (baixo) e Dean Butterworth (bateria), seguem em constante atividade e olhando para o futuro, lançando álbuns relevantes e com a identidade do Good Charlotte. Chegou a hora de conhecer mais a fundo a discografia de um dos grandes representantes do pop punk ao longo dos anos.

Good Charlotte (2000) Epic Records

(Imagem: Reprodução / Epic Records)

O autointitulado disco de estreia da banda foi lançado em 26 de setembro de 2000, com produção de Don Gilmore, e já apresenta uma sonoridade bem definida. É um álbum bem competente e carrega aquela típica sonoridade adolescente que permeia os primeiros trabalhos das bandas do gênero.

Os irmãos Madden escreveram as letras, que falavam sobre suas experiências pessoais, como na música Little Things, onde contam sobre o momento em que seu pai os abandonou. Little Things é o principal single do disco, que já entrega todo o potencial da banda em uma música com um refrão energético e contagiante.

Motivation Proclamation e Festival Song também foram singles, sendo a primeira uma baladinha bem cativante e a segunda uma música bem animada e divertida de se ouvir. O álbum conta com momentos bem interessantes como em WaldorfWorldwide, com um instrumental puxado para o reggae que funciona muito bem. Complicated tem uma estrutura mais lenta e descontraída, destoando de forma positiva das outras composições. Apesar de não ter sido o sucesso de vendas que a gravadora esperava, é uma estreia bem promissora e consistente.

The Young and the Hopeless (2002) Epic Records

(Imagem: Reprodução / Epic Records)

No dia 1 de outubro de 2002, o Good Charlotte lançava o seu álbum de maior sucesso. The Young and the Hopeless vendeu mais de 4 milhões de cópias, sendo 3x disco de platina. Com produção de Eric Valentine, o disco catapultou a banda para o mainstream, emplacando vários hits nas paradas de sucesso, colocando o GC como uma das principais bandas da explosão do emo/pop punk.

The Young and the Hopeless é um trabalho impecável e muito coeso. O álbum é bem amarrado e todas as faixas funcionam muito bem. Aqui temos a primeira mudança na formação da banda, com a saída do baterista original Aaron Escolopio e a entrada de Chris Wilson.

O disco conta com vários singles de sucesso como Lifestyle of the Rich & Famous, Girls & Boys, The Anthem e Hold On. The Anthem acabou se tornando literalmente o hino da banda e foi escrita pelos irmãos Madden em parceria com John Feldmman, vocalista e guitarrista do Goldfinger. Em A New Beginning, os irmãos tiveram a ajuda de Eric Valentine nos arranjos, com a ideia de fazer algo inspirado pelo trabalho do cantor e compositor Danny Elfman.

Outra faixa que teve grande destaque foi Hold On, uma canção contra o suicídio cujo videoclipe contou com a colaboração do American Foundation for Suicide Prevention. O GC soube diversificar bem ao longo da obra. The Story of my Old Man passeia pelo hardcore melódico, enquanto Emotionless é uma balada triste e sentimental, uma verdadeira carta aberta dos gêmeos a seu pai.

O disco conta com ótimas faixas e já figura como um clássico do pop punk/emo. Com um visual bem característico, carregado de lápis de olho e com letras focadas nas dificuldades da vida adolescente, o Good Charlotte se consolidou como um dos grandes nomes da sua geração com o lançamento de The Young and the Hopeless.

The Chronicles of Life and Death (2004) Epic Records

(Imagem: Reprodução / Epic Records)

Após o sucesso estrondoso de The Young and the Hopeless, o Good Charlotte lança em 5 de outubro de 2004, seu terceiro trabalho de inéditas. The Chronicles of Life and Death explora novas possibilidades musicais e apresenta grandes mudanças em comparação ao seu antecessor.

Com uma abordagem mais séria em boa parte do álbum, a banda se permite flertar com novas sonoridades e incorporar novos instrumentos em suas músicas. Sintetizadores, piano e instrumentos de cordas estão presentes em algumas faixas do disco, deixando tudo mais interessante e diversificado. É possível perceber o flerte com o indie rock em algumas faixas, assim como uma leve influência de new wave em momentos pontuais.

É um álbum muito bom, que permitiu ao Good Charlotte a chance de mostrar que eram mais do que uma simples banda de pop punk presa a uma mesma fórmula. A produção ficou novamente por conta de Eric Valentine e contou com colaborações de John Feldmman e do guitarrista Martin. Destaque para as faixas Ghost of You, The World is Black, Predictable e Walk Away (Maybe).

Good Morning revival (2007) Epic Records

(Imagem: Reprodução / Epic Records)

O Good Charlotte seguiu mudando sua sonoridade e em Good Morning Revival as mudanças ficaram mais evidentes ainda. O álbum segue uma linha mais dançante e com uma boa dose de música eletrônica, sendo um dos trabalhos mais interessantes na discografia da banda.

Em Good Morning Revival, eles voltam a trabalhar com o produtor Don Gilmore, que cuidou da produção de seu disco de estreia. Mais uma mudança de formação ocorre com a saída do baterista Chris Wilson e a entrada de Dean Butterworth. Apesar de se aventurar por um território novo, o Good Charlotte soa bem confortável e seguro, entregando faixas bem construídas e com uma qualidade acima da média.

O começo do álbum é matador, onde faixas como Misery, Keep Your Hands off my Girl e Dance Floor Anthem roubam a cena com sua sonoridade dançante e contagiante, sendo um grande acerto da banda. A música The River conta com a participação de M. Shadows e Synyster Gates, vocalista e guitarrista da banda Avenged Sevenfold. Uma parceria muito assertiva, que garantiu uma das melhores canções do disco.

Good Morning Revival tem um início bem promissor, mas não consegue se sustentar tão bem na segunda metade do álbum. As faixas não são tão marcantes e o trabalho fica um pouco apagado no final. Mesmo soando inconsistente, Good Morning Revival apresenta bons momentos e algumas das melhores faixas da banda.

Cardiology (2010) Capitol Records

(Imagem: Reprodução / Capitol Records)

Depois de algumas experimentações e mudanças em sua sonoridade, o Good Charlotte retorna às suas origens em Cardiology, deixando o pop punk se sobressair ao longo da obra. Ainda estão presentes resquícios dos elementos eletrônicos utilizados nos álbuns anteriores, o que se torna um ponto positivo em Cardiology, já que é um adendo à simplicidade do pop punk.

Mesmo voltando às origens do pop punk, combinado as novas nuances presentes em trabalhos anteriores, Cardiology é um trabalho fraco e sem momentos memoráveis. O disco mantém uma constância e se mostra um trabalho tímido na discografia da banda. Os singles Sex On The Radio, 1979 e Like It’s Her Birthday são os melhores momentos do álbum, com destaque maior para a última citada, que é uma combinação perfeita do começo de carreira com a fase Good Morning Revival.

A produção ficou novamente por conta de Don Gilmore e marcou a entrada para a Capitol Records. Lançado em 27 de outubro de 2010, Cardiology é um disco morno, que mostra uma banda tentando combinar passado e presente com pouca criatividade.

Youth Authority (2016) MDDN

(Imagem: Reprodução / MDDN)

Após a turnê de divulgação de Cardiology, o Good Charlotte entrou em hiato. Neste período, os irmãos Madden criaram seu próprio selo, o MDDN, além de trabalharem com bandas como All Time Low e 5 Seconds of Summer. Os outros integrantes decidiram focar em suas famílias e projetos pessoais.

Em novembro de 2015, a banda anunciou o fim do hiato e retornou às atividades com o lançamento do single Makeshift Love. Youth Authority ganha vida no dia 15 de julho de 2016, com produção do colaborador de longa data, John Feldmman.

O álbum traz de volta a sonoridade dos primeiros trabalhos da banda, onde o pop punk era o elemento principal nas composições. Mesmo com essa “volta às origens”, é possível notar leves pinceladas das experimentações feitas ao longo da carreira.

Youth Authority tem um começo empolgantee promissor, abrindo com Life Changes e Makeshift Love, músicas que remetem aos anos de ouro de The Young and the Hopeless e The Chronicles of Life and Death. 40 oz. Dream é um single que talvez funcionasse melhor em 2002, já que no álbum a música soa bem descartável e datada.

Diferente de Cardiology, Youth Authority consegue se sustentar mesmo com alguns momentos fracos. O disco conta com a participação de Kellin Quinn (Sleeping With Sirens) e Simon Neil (Biffy Clyro) nas faixas Keep Swingin e Reason to Stay, ambas muito boas. Outro destaque é a canção War, que vai crescendo e tem um refrão bem marcante.

O Good Charlotte mostra que mesmo flertando com outros gêneros ao longo dos anos ainda consegue entregar um álbum competente de puro pop punk. Sem dúvidas uma grata surpresa aos fãs após um longo hiato.

Generation RX (2018) MDDN, BMG

(Imagem: Reprodução / BMG)

Em 14 de setembro de 2018, o Good Charlotte lança seu sétimo álbum, o ótimo Generation RX. O disco foi produzido por Benji Madden e Zakk Cervini.

Generation RX é o trabalho mais distinto e maduro da banda. Diferente de seu antecessor que era calcado no pop punk, aqui vemos uma grande influência de rock alternativo, além de letras que abordam temáticas mais sérias como problemas de saúde mental e a dificuldade de lidar com a autoestima.

Musicalmente o álbum soa muito bem e o GC se adaptou com segurança à nova estética musical. É possível perceber como a banda soube aplicar de maneira orgânica, elementos usados em trabalhos anteriores à sua nova roupagem.

O álbum conta com nove faixas e pouco mais de 30 minutos, o que também se mostra um acerto, já que todas as músicas estão bem amarradas, entregando um trabalho coeso e sem ressalvas. Destaque para as faixas Shadowboxer, Actual Pain e Leech. Essa última conta com participação do vocalista do Architects, Sam Carter.

Em Generation RX, o Good Charlotte consegue se reinventar e repaginar sua sonoridade de maneira muito competente e assertiva. A banda entrega um de seus melhores trabalhos e cria boas expectativas para seus futuros lançamentos.

Conhecer a discografia do Good Charlotte nos mostra que a banda nunca teve medo de se aventurar em novas sonoridades e sempre teve um carinho especial pelo pop punk, gênero que os consagrou. Com sete discos na carreira, segue olhando para o futuro sem esquecer do passado, sempre lançando trabalhos no mínimo interessantes e que merecem atenção.