Apoio, mentoria e suporte: quem são os padrinhos da cena

No Dia do Padrinho, conheça quem ajudou as bandas que amamos hoje a conquistarem seu lugar no mundo

Arte: Munique Rodrigues / Downstage

O Dia do Padrinho é celebrado neste dia 30 de janeiro visando predominantemente homenagear os chamados “padrinhos de batismo”. No entanto, aqui no Downstage nós escolhemos uma forma diferente de comemorar a data: falando um pouco dos “padrinhos” da cena, aqueles que foram (ou são) mentores de bandas que amamos tanto.

Seja entrando inicialmente como produtor, atuando como mentor ou até mesmo descobrindo uma banda ou artista, há diversos músicos que são considerados padrinhos da cena. Nessa matéria, vamos falar um pouco de cada um deles. Confira:

Benji e Joel Madden

(Foto: Joel Madden / Grammy Awards)

Os irmãos Madden são figurinhas carimbadas no cenário emo e pop punk, já que sua banda, o Good Charlotte, foi e ainda é um dos grandes nomes da cena. Com o imenso sucesso do Good Charlotte, era natural que a banda se tornasse referência e influenciasse nomes da próxima geração. E foi exatamente o que aconteceu com a 5 Seconds of Summer.

A banda de power pop (e com umas pinceladas de pop punk) acabou criando uma relação muito bacana e próxima com os irmãos Madden, como se fossem seus irmãos mais velhos. Essa relação acabou se intensificando com a presença da dupla trabalhando em seu segundo álbum, Sounds Good Feels Good.

Além de aconselhar os garotos e trocar experiências sobre a vida na estrada, os irmãos Madden, que já escreviam músicas para outros artistas, também acabaram compondo junto com a 5 Seconds of Summer o single She’s Kinda Hot. A importância dos Madden para a 5SOS foi imensa, ajudando o grupo em vários setores de sua carreira, permitindo que a banda crescesse ainda mais musicalmente.

Tim Armstrong

(Foto: Guitar Center / Ryan W Hunter)

O eterno vocalista do Rancid e um dos responsáveis por colocar o punk rock em evidência novamente na década de 90, também é dono da gravadora Hellcat Records, que promove bandas de punk e ska. Tim Armstrong já trabalhou com grandes nomes do punk e ska em sua gravadora, sendo o The Interrupters um dos destaques nos últimos anos.

Tim esteve envolvido com a banda desde o início, já que nos primeiros anos do Interrupters a banda esteve em turnê junto com Rancid e o Transplants, ambos projetos de Armstrong. Tim produziu todos os álbuns do The Interrupters, além de lançá-los por sua gravadora e também participar de algumas músicas da banda.

O The Interrupters fala em seu documentário This is My Family! sobre a importância de Tim Armstrong em sua carreira. Eles o consideram um mentor e são extremamente agradecidos por todo o apoio do músico ao longo dos anos. Sem dúvidas o suporte de Tim foi importantíssimo para o The Interrupters, além de criar uma relação bem forte e verdadeira entre os artistas.

John Feldmann

(Foto: Matt Benton)

Além de ser o vocalista e guitarrista do Goldfinger, um dos principais nomes do ska punk, John Feldmann também é um compositor e produtor de mão cheia. O músico já trabalhou com vários nomes relevantes do universo musical como blink-182, Avril Lavigne, The Used, MOD SUN, Papa Roach, Atreyu entre outros.

Por ser referência quando o assunto é composição e produção musical, John já contribuiu com inúmeros artistas e tem seu nome atrelado e vários hits de sucesso. Um de suas parcerias mais duradouras é com a banda The Used, com a qual John trabalha desde o começo de carreira.

Feldmann também tem uma ótima relação com o blink-182, e produziu os últimos álbuns da banda, que marcaram a nova fase do grupo com a entrada de Matt Skiba nos vocais e guitarra. Querido e respeitado por todos, Feldmann é um músico que entende a realidade dos artistas com quem trabalha, já que também tem sua banda e tem as mesmas vivências de estrada. É um nome importante e que está sempre disposto a trabalhar e ajudar outras bandas/artistas em suas carreiras. Sempre fazendo um trabalho impecável e exemplar.

Philip Strand

(Foto: Lucas Englund)

Philip Strand, além de vocalista da banda Normandie, vem desde 2019 lançando algumas contribuições com artistas dentro e fora da cena. De início, o musicista iniciou sua colaboração com a cena participando de feats com artistas como a banda Suasion (Bélgica) e Valiant Hearts (Australia e Rússia).

Seu auge enquanto compositor e produtor musical foi durante 2020, com a pandemia do COVID-19. Philip passou a se profissionalizar cada vez mais e participou de dois grandes lançamentos de 2021: Lost Souls, álbum da banda Caskets, onde ajudou a compor músicas como Glass Heart e Lost in Echoes e o álbum Bittersweet do grupo Those Without, onde auxiliou com a produção de todo o trabalho.

Seu mais recente projeto na cena foi o lançamento de uma artista chamada Harpy, que tem um som gótico, melódico e puxado para o pop, a música lançada tem o nome de Into The Dark e contou com o apoio de rádios como BBC e Kerrang!

Kellin Quinn

(Foto: Alexandra Snow)

Além de ser o frontman de uma das mais populares bandas de post-hardcore da década de 2010, o Sleeping With Sirens, o músico Kellin Quinn atua por puro prazer e diversão como um mentor para novos e pequenos artistas. O cantor literalmente leva a mentoria musical um passo adiante, deixando um pouco de lado as exigências de algoritmo e financeiras que a indústria exige atualmente e dá valor ao que realmente alimenta as bandas menores atualmente: a capacidade de sonhar.

Utilizando essa principal característica como combustível, o cantor criou a organização Dreamer, cujo único propósito é ajudar bandas e artistas a alcançarem seus sonhos. Kellin se apega ao que move (e mais importa) na carreira de músico, e é exatamente isso que o torna um padrinho da cena. Atualmente, o casting da organização possui apenas duas bandas: os americanos de Oregon da Roseburg e o quarteto de Tennessee Manic.

No entanto, Kellin também utiliza sua história e seu nome consolidado na cena emocore para colaborar com artistas iniciantes e bandas pequenas por meio de feats. Entre 2020 e 2021, foram 25 faixas de outras bandas da cena que contaram com a participação mais do que especial do músico do Sleeping With Sirens nos vocais, com destaques para Story Untold, Point North, Loveless, Halflives, Crashing Atlas e muito mais.

Travis Barker

(Foto: Alexandra Snow)

Talvez o mais popular nome da lista atualmente, Travis Barker começou sua carreira como produtor trabalhando em remixes hip-hop de músicas que estavam no topo das paradas entre 2007 e 2008, o que acabou fazendo-o ter a ideia de lançar um álbum solo. Na época, o blink-182 encontrava-se em hiatus e seu projeto paralelo com Mark Hoppus, o +44 também encontrava-se perdendo o fôlego.

Give the Drummer Some foi lançado em 2011, pouco depois do baterista recuperar-se do acidente de avião e do blink-182 anunciar seu retorno. Na mesma época, Barker continuou a colaborar com artistas, só que dessa vez numa frequência muito maior do que como fazia na época do Transplants, em 1999. Sua bateria apareceu em faixas de artistas como Kanye West e Ghostemane, mas foi apenas em 2019 que ele lançou seu próprio selo, a DTA Records, para lançar o single Gimme Brain, com Lil Wayne e Rick Ross.

Seu nome tornou-se popular (e bem requisitado) entre artistas jovens e com carreira solo na nova onda do pop punk em 2020, no auge da pandemia de COVID-19. Barker buscou nomes novos e promissores em nada menos que o TikTok, onde assinou com Jxdn, fenômeno do aplicativo que veio a se tornar o primeiro artista do selo.

Quando trabalhou com Machine Gun Kelly no álbum Tickets to my Downfall, Barker viu (literalmente) seu nome decolar. A partir daí, sua participação na bateria em faixas de artistas como WILLOW, MOD SUN e YUNGBLUD levaram-no ao ser mentor de iann dior, LILHUDDY, KennyHoopla, LiL Lotus, Sueco entre outros artistas que acabaram sendo trazidos aos holofotes por conta do baterista.

Gabriel Zander

(Foto: Fernando Duarte)

Vocalista e compositor do Zander, o famoso “Bil” abriga hoje em sua gravadora independente, a Flecha Discos (essa formada em conjunto com Cyro Sampaio) um portfólio repleto de nomes incríveis da cena atual, como Molho Negro, demonia, Chuva Negra, Deb and the Mentals, Radical Karma, Putz e, é claro, menores atos e Zander.

Contudo, poucos sabem como Gabriel Zander fora importante para a trajetória do menores atos, uma das mais consolidadas bandas do underground nacional atual. Em 2018, a banda lançou o disco Lapso, com doze faixas gravadas, mixadas e masterizadas por Bil no Estúdio Costella, em São Paulo — na época, Cyro até chegou a morar na casa do colega por um tempo.

Alexandre Capilé

(Foto: Fe Fotografia)

Frontman da banda de punk rock Sugar Kane, o músico Alexandre Capilé também é um nome fortíssimo do cenário nacional quando se trata de produção e mentoria. Atualmente, ele possui a gravadora de música alternativa Forever Vacation Records, que possui Putz, O Carlos, Ator Morto e, é claro, Sugar Kane em seu casting.

Uma curiosidade, no entanto, é que Capilé iniciou sua carreira como produtor com ninguém menos que a banda Deb and the Mentals, auxiliando imensamente nos primeiros dias do quarteto de rock paulistano e tornando-se um verdadeiro padrinho. O produtor também já trabalhou com nomes como Violet Soda, Hellbenders e Al Marky.