O New Found Glory é seguramente um dos grandes nomes do pop punk. A banda está em atividade desde 1997 e coleciona hits e hinos do gênero como My Friends Over You, Hit Or Miss, Dressed To Kill, All Downhill From Here entre outros. No dia 19 de setembro de 2006, lançaram um dos seus trabalhos mais maduros e interessantes, o já clássico Coming Home.

Vindo de um álbum mais pesado e agressivo, o ótimo Catalyst (2004), onde o grupo se permitiu explorar novas possibilidades e ir além do pop punk tradicional, inserindo boas doses de hardcore punk, o NFG continuou experimentando novos caminhos e entregando trabalhos diferenciados.

Com produção de Thom Panunzio e da própria banda, Coming Home marcou uma fase madura do New Found Glory, tanto no instrumental quanto nas letras do disco. O álbum abriu espaço para novas camadas musicais e o uso de outros instrumentos como piano, teclado e instrumentos de cordas, expandindo o escopo sonoro da banda.

O álbum causou estranheza nos fãs, principalmente pela mudança perceptível nas composições, mas foi bem recebido pela crítica e com o passar dos anos ganhou o carinho do público, se tornando um dos favoritos entre os fãs. Coming Home entregou uma abordagem suave, deixando seu lado pop aflorado, com melodias cativantes e um instrumental menos acelerado.

O conteúdo lírico predominante no álbum é sobre o distanciamento nos relacionamentos e sobre as dificuldades familiares geradas pela vida na estrada. A banda colocou muita sinceridade e sentimento nas músicas presentes na obra, expondo abertamente as emoções vivenciadas naquele período.

Com uma sonoridade amena e cadenciada, Oxygen abre o disco mostrando a nova faceta do New Found Glory. Melódica e emocional, a música cativa logo em seus primeiros acordes. Na sequência, a ensolarada e animada Hold My Hand já apresenta teclados tímidos, mas que fazem toda a diferença na estrutura da canção. A faixa é simples e acalorada, porém, especial como o ato de segurar as mãos da pessoa amada.

Um dos hits do álbum, It’s Not Your Fault começa com um belo piano e carrega uma linda melodia. É um dos destaques da obra, com o New Found Glory fazendo uma execução impecável. On My Mind flerta com o rock alternativo, sendo uma das faixas mais diferentes e interessantes do trabalho.

A faixa título sintetiza toda a carga emocional que o álbum carrega, além de ser extremamente agradável e viciante. Make Your Move vem desacelerada e melódica, com uma composição bonita e comovente. Essa dobradinha mostra como o álbum é diversificado e navega com segurança por distintas camadas musicais.

Taken Back By You levanta o ritmo do disco e tem momentos que grudam facilmente na cabeça do ouvinte. Os instrumentos de cordas dão as caras em Too Good To Be, que tem uma vibe intimista e positiva ao mesmo tempo, sendo uma grata surpresa no meio do disco.

Love And Pain e Familiar Landscapes são faixas que não chegam a ser ruins, mas não se destacam muito no álbum, e acabaram ofuscadas pelas  outras músicas. When I Die vem carregada de tristeza, já que foi escrita sobre a morte do pai do guitarrista Chad Gilbert. A música é sensível e sentimental, com uma bela melodia e um instrumental marcante.

Caminhando para a reta final do disco, Connected transborda melodia e é um dos grandes momentos presentes no final de Coming Home. A triste e melancólica Boulders é uma boa música, mas peca por ser muito longa e um pouco cansativa. Making Plans encerra o álbum muito bem, com um clima agradável, como se a viagem tivesse chego ao fim, e a hora de voltar para casa tivesse chegado.

Coming Home é facilmente um dos melhores trabalhos do New Found Glory. Não à toa se tornou um queridinho dos fãs. O álbum é maduro, sincero e conta com ótimas composições, onde os vocais de Jordan Pundik estão impecáveis, além do instrumental da banda soar cristalino e expandido. Completando 15 anos, o disco mostra que envelheceu bem e foi de extrema importância para a carreira da banda. O New Found Glory soube inovar e arriscar no momento certo, provando que é possível se aventurar por novos caminhos no pop punk e entregar uma obra madura, diferente e que manteve viva a essência da banda.