ENVOLVENTE E BRILHANTE: L.S. DUNES SE CONSAGRA NA CENA COM VIOLET
Em novo álbum, banda se entrega à experimentação e mostra uma sonoridade ainda mais madura

É de se pensar que formar uma banda com vários grandes nomes da cena alternativa mundial e produzir um ótimo disco, tudo em plena pandemia e isolamento social, possa ser um desafio. Entretanto, parece que o feito não foi ousado o suficiente, ou até mesmo tão difícil, para o L.S. Dunes.
Três anos após seu primeiro lançamento, o grupo apresenta seu segundo álbum de estúdio, Violet, e mostra para público que iniciar essa banda foi um grande ato de genialidade.

O DISCO
A faixa de abertura já serve como um prelúdio para um disco que, definitivamente, será memorável. “Like Magick” entrega de presente ao ouvinte a voz marcante de Anthony Green à capela e um solo de guitarra que é impossível de deixar passar despercebido. Logo em seguida, “Fatal Deluxe” vem como um perfeito complemento ao álbum, cuja essência se desenrola com muita maestria.
“I Can See It Now…” talvez seja a menos envolvente entre as 10 inéditas, mas longe de ser ruim. O grande destaque dessa faixa é a linha de baixo nas mãos do baixista Tim Payne, que já conquista assim que se aperta o play.
A quarta música da tracklist traz sensibilidade e peso em perfeita harmonia e justifica por que foi escolhida para dar o nome ao disco. “Violet” proporciona aos fãs uma certa melancolia misturada com nostalgia e uma produção excelente que envolve desde o primeiro segundo.
You’re gonna get what you deserve
You are the only star
“Machines” é uma das canções de grande destaque e, por ter sido lançada como single ainda em 2024, tornou possível ver qual caminho o L.S. Dunes seguiria dali em diante. Em entrevista à revista Rock Sound, Anthony comenta que, durante o processo de composição da música, bandas como Interpol e The Strokes foram algumas das referências que a banda tinha em mente. O vocalista também acrescenta o quão bacana é poder explorar a música ao máximo e o quão importante é a liberdade de não precisar necessariamente fazer parte de algum gênero musical específico.
Já a track seguinte, “You Deserve To Be Haunted”, levanta o peso do álbum, tanto na melodia quanto na letra. O riff de guitarra complementa o pessimismo da composição, tornando a música uma forte candidata a ser a preferida entre os fãs.
Sutil e cativante, “Holograms” é a mais diferente de todas. A faixa possui uma linha de baixo e uma guitarra base que dão estrutura para a canção do início ao fim. Outro destaque é o vocal de Anthony sendo explorado de diferentes formas, entregando mais um diferencial.

“Paper Tigers” é outra que merece o devido destaque pelo arranjo tão bem encorpado que complementa perfeitamente a temática da música. A introdução leve com uma simples guitarra imediatamente cresce para uma mistura de riffs e graves com batidas de bateria, tudo conversando de forma muito satisfatória entre si. Enquanto liricamente a canção consagra a ideia de possíveis punições e consequências, a melodia recebe evidência e entrega ao ouvinte uma verdadeira experiência auditiva.
Seguindo na tracklist, e levemente triste como o nome já propõe, “Things I Thought Would Last Forever” entrega o que promete e recebe o prêmio de uma das melhores composições de Violet.
“If we trace the wave
Exists a twin fire
What’s keeping you awake
Upon the screen light”
Sendo um disco tão bem feito, a única opção seria fechá-lo com chave de ouro. “Forgiveness” cumpre o papel com maestria e finaliza o trabalho de forma magnífica.
“Will keep on, pushing on and on until the memory’s dead”
VEREDITO
Não que em algum momento tenha se esperado algo diferente do L.S. Dunes, mas Violet cumpre seu papel ao evidenciar a bagagem que cada integrante trouxe de suas experiências em outros projetos musicais.
Ficou claro como os anos de estrada de cada um do grupo proporcionaram algo especial e autêntico e o lançamento mostrou que, de fato, a banda tem muito o que contribuir para a música e para a cena underground internacional — e tal realização é um verdadeiro presente para os fãs.