A volta rockeira do Scalene em Labirinto
Banda brasiliense aborda temáticas introspectivas em seu quinto álbum de estúdio
“É sobre iluminar os becos da alma” é assim que Gustavo Bertoni, vocalista do Scalene, em entrevista ao Downstage, definiu o novo álbum da banda, Labirinto, lançado nessa última sexta-feira nas plataformas digitais. Com 13 faixas, Labirinto emerge de um lugar sonoro que concilia as mais diversas fases do Scalene, desde o som mais pesado e rockeiro da maior parte de sua trajetória, aos elementos típicos brasileiros abordados em seu último longa, Respiro, lançado em 2019. O resultado é um som contemporâneo que se encaixa na discografia da banda de uma maneira inédita.
Misturando conceitos de ciclos e introspecção, o álbum aborda temáticas reflexivas e propõe um questionamento aos ouvintes, no que compila as suas fases ao longo da década de banda, para criar o conceito do Labirinto.
“No Éter, falamos sobre explosão. Magnetite foi sobre encontrar um caminho pra casa, se conhecer […]. Respiro e Fôlego foram um mergulho na música brasileira, e eu sinto que Labirinto veio para mostrar que as vezes não temos resposta sobre tudo,” afirma Gustavo. Essa abordagem fica clara logo no início do álbum, quando Ouroboros introduz a ideia de ciclos e passa por músicas como Tantra, com a ideia de autoconhecimento e os pontos contemplativos de 27.
De inédito em Labirinto, o Scalene passeia por gêneros do underground incomuns à banda, com destaque para o pop punk de Revés e o trip hop de Sincopado, que também aparece em Febril. Em Sincopado, Tomás Bertoni, guitarrista da banda, explica que a influência do trip hop encontra o rock para encontrar um trip rock com cara do Scalene. “Apesar de estarmos muito felizes com essa volta rockeira, eu sinto que em Sincopado, como nós costumamos colocar o pé em novos lugares, foi um dos nossos melhores resultados tentando agregar algo que a gente já gosta há alguns anos,” conclui.
Um outro destaque no álbum vai para Jardim, que Gustavo explica que surgiu como uma proposta complementar ao Respiro, mas que desdobrou e se tornou uma canção característica do novo disco. “É uma proposta mais dark, mais urbana, de uma forma bem criativa. Eu gosto muito dela porque ela começou no violão, mas foi criando uma trajetória com alterações de riffs de guitarra e sintetizador. Esses pequenos passos para um lugar desconhecido tem muito a ver com o álbum,” afirma.
Seguindo a linha do seu longa antecessor, o novo disco também é recheado de parcerias, dessa vez com participações nacionais e internacionais. Se o último trouxe nomes como Hamilton de Holanda, Xênia França e Ney Matogrosso, Labirinto vai mais próximo de casa ao Scalene, com a participação de Gabriel Zander, da banda de hardcore carioca Zander, em 1=2, do rapper Edgar em Ouroboros e dos colegas dos Estados Unidos, O’Brother, em Fortuna.
“O Bill (Gabriel Zander) é uma pessoa que a gente sempre ouvia falar na estrada, quando estávamos começando. Ele tem uma mentalidade que a gente se identifica do que ainda tem em nós e do que admiramos no underground. Foi uma parceria em que tudo congruiu,” conta Tomás sobre a parceria em 1=2.
Sobre os próximos passos, a banda quer mergulhar nesse lançamento e promete uma turnê em breve. “Estamos para soltar datas de shows e vamos lançar vídeos para todas as músicas do álbum ao longo das próximas semanas,” promete Tomás.