Escape The Fate prometeu ‘lindo pandemônio’ e entregou muito mais em shows no Brasil
Em entrevista exclusiva ao Downstage, Craig Mabbitt fala sobre pandemia, colaborações e o que podemos esperar da turnê em solo brasileiro
Se tivéssemos que definir o Escape The Fate em uma palavra, provavelmente seria “consistência”. Consistência porque, mesmo diante das adversidades, a banda soube se manter estável, sobretudo no que se refere à sonoridade. Apesar de percorrerem diversos gêneros musicais ao longo dos últimos 15 anos, a essência do Escape The Fate nunca deixou de estar presente em suas composições e arranjos, e a entrevista concedida por Craig Mabbitt ao Downstage corrobora a tese. Ao ser questionado sobre
o impacto da pandemia e do isolamento em seu trabalho mais recente, Chemical Warfare, Craig foi sincero: “[o álbum] nos lembrou por que começamos a fazer isso todos esses anos atrás, e [isso] é lindo.” Para o frontman, foi como redescobrir a si mesmo e sua paixão: a música.
Essa é a primeira turnê internacional da banda desde o lockdown, e o frio na barriga é inegável ao considerarmos o cenário. Mabbitt relembra que “houve um tempo durante a pandemia em que nós pensamos que estava tudo acabado e nunca aconteceria de novo. Eu sou pessoalmente grato porque fiquei sóbrio durante o isolamento e essa é a minha primeira turnê internacional sóbrio, então estou animado para absorver a cultura e visitar pontos turísticos.”
Consistência também pode significar coerência, e no sentido figurado, perseverança; estado do que é verdadeiro, real – algo que, particularmente, o grupo tem de sobra. A autenticidade dos norte-americanos está espelhada tanto em obras autorais, quanto em colaborações com nomes como Lindsey Stirling e Travis Barker. “Robert é fã da Lindsey e a disponibilidade dela na época definitivamente ajudou a fazer [a colaboração] acontecer. O mesmo com Travis, ele é uma autoridade e um talento na bateria e eu não consigo acreditar que fomos abençoados o suficiente a ponto de termos sua ajuda em algumas faixas.”
Craig se mostra grato quanto ao tópico e ainda acrescenta que “adoraria trabalhar com alguns vocalistas convidados no futuro, minhas escolhas principais seriam Bert McCracken, Gerard Way, Steven Tyler, Luke Struts, Danny Worsnop e Noah Sebastian.”
A pandemia impactou não só a banda como um todo, mas também cada integrante de forma individual. Para Craig, existiu o lado bom e o lockdown foi “tempo de cura, de fazer terapia por problemas que foram enterrados por anos, desde que peguei a estrada pela primeira vez aos 16.”
Atualmente, o único membro restante da formação original é o baterista Robert Ortiz, que trabalha em conjunto com Craig Mabbitt no vocal, TJ Bell no baixo e Kevin “Thrasher” Gruft na guitarra. O segundo álbum de estúdio do grupo foi responsável por alicerçá-los no cenário musical internacional, impulsionando, pela primeira vez, turnês completas pela Europa, Austrália e América do Sul.
Em relação ao processo criativo e influências do disco, o vocalista afirmou ser difícil falar sobre uma influência específica durante uma composição porque não quer que o produto final soe similar demais à determinado produto que inspirou sua criação em primeiro lugar. “Eu normalmente só escrevo qualquer coisa que surge na minha mente ou gravo uma demo de voz no meu celular. Apesar de inspiração vir de qualquer lugar [para mim], vou dar um exemplo: uma vez eu escrevi uma música para o The Word Alive chamada “Casanova Rodeo” e a melodia do comecinho sempre soou muito familiar. Aí eu vi uma propaganda da M&M e percebi que a melodia do fim do comercial ficou gravada na minha mente e foi parar na música!”
A turnê brasileira teve início no dia 26 de agosto e ocorreu exatamente em comemoração aos 12 anos do álbum autointitulado, passando por Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, com direito a casas de show lotadas e muita celebração. Sobre o que os fez retornar ao Brasil, Craig revela: “A mesma coisa que sempre nos leva de volta a algum lugar, os fãs. O Brasil tem uma energia contagiante com a qual estávamos esperando ansiosamente para nos conectarmos! Eu gosto de pensar nesses shows como sessões de terapia, todo mundo é bem-vindo a cantar, suar e esquecer dos problemas em nossas vidas e no mundo por um momento, e transcender juntos na felicidade da música.”
Quanto aos próximos passos do Escape The Fate, Craig prometeu muita música nova e, em suas palavras: “tudo graças a vocês ♥️”.