Mais rock e sem amarras: VENVS consolida fase ousada em I Think I Like Girls
Nova música narra a descoberta da sexualidade com clipe dirigido por Evie e Elektra
Depois de se reapresentar ao público com uma sonoridade completamente diferente em Me Reencontrar, a banda VENVS, liderada por Lívia Elektra e Evie Dee, se estabelece como banda de rock no sensual clipe de I Think I Like Girls. Questionadas sobre a mudança na sonoridade da banda, Evie respondeu: “A gente sempre se sentiu mais próxima desse estilo, dessa coisa mais alternativa, do rock. Então isso sempre foi muito forte nas composições e era algo que a gente queria muito fazer”, declara a cantora em entrevista exclusiva ao Downstage.
Para Elektra, a pandemia teve um papel decisivo nesse processo. “A gente ficou presa em casa na pandemia e teve uma urgência em nós mesmas de fazer o que a gente realmente gosta sem se preocupar muito se vai dar certo ou não, o que vão achar ou não. A gente tá lançando as músicas do jeito que a gente gosta”, contou durante o bate-papo.
A música lançada nessa sexta-feira (26) é a primeira composição em inglês da banda — e as artistas garantem que não vão parar por aí. “Se seguir do jeito que tá na nossa cabeça – que sempre muda – as próximas quatro músicas lançadas devem ser em inglês”, confidenciou Evie.
Para Elektra, o desapego da ideia de fazer uma música puramente comercial é o que dá liberdade para que a banda varie em estilos, idiomas e no que mais desejar. “Eu não consigo mais enxergar com essa cabeça de que ‘nós somos um produto, então temos que fazer dessa forma’. Nós somos seres humanos e a gente consome todo tipo de música, consome várias línguas então, por que não fazer algo na linha do que a gente consome e do que faz a gente feliz?”
Além da mudança no estilo musical a banda ganhou em 2021 os reforços de Jota C (bateria) e Luk (guitarra). Questionadas sobre os desafios de estar em uma banda mais numerosa, Elektra confessa: “Ir atrás de pessoas que tenham os mesmos interesses, a mesma cabeça, o mesmo ritmo… essa parte é sempre mais difícil. Lidar com seres humanos é sempre difícil. Então se antes éramos nós duas fazendo tudo e agora entraram duas novas opiniões, duas novas cabeças na banda. […] A mudança mais difícil vai ser sempre aquela que envolve pessoas.”
Ainda sobre a mudança na sonoridade da banda, Evie coloca a nova onda do emo e do pop punk como um elemento de grande influência. “Era uma vontade que a gente tinha, mas ficava sempre com um pé atrás também […] com certeza a gente ter visto que tava voltando [para o mainstream], fez a gente se sentir mais seguras e até se inspirar mais por escutar artistas novos e ter toda essa dinâmica de que é parecido com o que a gente tinha antes”, revelou. “Mas ao mesmo tempo é novo, é diferente. Isso deu bastante inspiração pra gente, acho que até mais nas próximas músicas que vão ser lançadas.”
Questionadas sobre quais são os artistas que vêm inspirando essa nova VENVS, Evie conta: “A gente escutou muita coisa, conhecemos muitos artistas novos no processo de produção dessas músicas. Temos nossas referências de sempre que continuam sendo muito parecidas, que são Paramore, Twenty One Pilots, que são nossas bandas favoritas. E pegamos artistas mais novos também, até numa pegada mais pop, como Nessa Barrett… artistas que estão crescendo agora, que estão bombando agora”.
Ainda sobre referências, mas agora falando da VENVS enquanto uma das poucas bandas de rock com vocais femininos no Brasil, Elektra lembra dos tempos de Fake Number e do legado inspiracional que deixou: “Eu tinha 15 anos quando o Fake Number surgiu e 18 quando começou a fazer sucesso. Então eu acabei sendo colocada como referência pra um monte de meninas daquela época que estavam querendo fazer música […] Eu me vejo nesse lugar de referência sim, ainda mais hoje, vendo o carinho das pessoas em relação ao Fake Number; recebo muitas mensagens até hoje. Muitas pessoas que vão trabalhar com a VENVS hoje falam ‘caramba, você era a vocalista do Fake Number’. Então tem essa coisa que marcou realmente as pessoas que ouviam e isso é muito legal.”
I Think I Like Girls
I Think I Like Girls, lançada nessa sexta, narra a descoberta da sexualidade e é acompanhada de um clipe bastante usado, como pede a temática. Questionadas sobre os possíveis receios de fazer músicas com letras e clipes de temática LGBTQIA+ em um país ainda conservador como o Brasil, Evie respondeu: “As músicas que a gente vem escutando, de artistas novas até, que aqui no Brasil não são tão conhecidas, tem letras que são bem debochadas, carregadas de raiva, falando bem abertamente de sexualidade. Então acho que essa nova geração tá vindo com isso também e a gente quis puxar isso assim […] É o que a gente traz, nem tanto nas nossas letras, mas nos nossos clipes, por exemplo, a gente sempre tentou trazer essa pegada de casal, de sensual”.
Ainda sobre o tema, Elektra completa: “E é o que a gente é, sabe?! Talvez com a entrada dos meninos na banda mude um pouco mas pra gente não fazia sentido ter um casal hétero no nosso clipe.”
Apesar da naturalidade e confiança, Evie relata as dificuldades que podem surgir dessa postura: “Com certeza em questão de oportunidades isso influencia. A gente sabe que nosso trabalho tem que ser diário e persistente porque as oportunidades às vezes acontecem e às vezes elas podem ser barradas até mesmo um clipe que aborde o assunto de uma forma um pouco mais crua”, relata. “A gente torce pra que chegue um dia que a gente não precise nem colocar isso em questão.”
Sobre os planos para o futuro, Elektra confessa que não dá pra prever muitos passos a frente: “Há uns 4 meses talvez eu conseguisse te dizer o que esperar da VENVS”, comenta a vocalista. “Mas a gente é tão louca e resolveu fazer tantas coisas que nunca imaginamos que faria, que eu sinceramente não sei o que as pessoas podem esperar da banda. […] Eu acho que o que podem esperar é que vem muita música, clipes e shows.”
“Nesse processo que a gente tá a gente tem, pela primeira vez, bastante músicas semi prontas para serem lançadas”, revela Evie Dee. “São músicas que vêm numa pegada bem parecida com I Think I Like Girls. Então arrisco dizer que até março dá pra esperar coisas nesse estilo.”, finaliza a cantora.