Parkway Drive: mergulhe no mundo escuro-azulado de uma das principais atrações do Summer Breeze
Banda australiana de metalcore se apresenta no segundo dia do evento, 30, e promete se lançar de peito aberto à multidão
A terceira vez do grupo australiano no Brasil é algo esperado há quase 10 anos. A banda retorna ao país para se apresentar na edição de estréia do Summer Breeze como uma das principais atrações ao lado de Bury Tomorrow, Avantasia, Lamb of God, Project46 e muito mais.
Parkway Drive foi formada no final de 2022 em um simples porão em Nova Gales do Sul, Austrália. Porão que hoje virou um centro de música, um ponto turístico na cidade. Porão que deu nome à banda e que é usado para ensaios pré-turnê até os dias atuais.
A Parkway House na rua Parkway Drive.
GAZING UPON YOUR FACE, YOUR LOVE HAS RELEASED MY HEART…
No comecinho de tudo, logo após serem descobertos pela indústria musical, Parkway Drive lançou um split EP com a banda I Killed The Prom Queen em 2003.
Em seguida, lançaram seu primeiro EP intitulado Don’t Close Your Eyes, que acabou virando um álbum pelas mãos do produtor Adam Dutkiewicz, guitarrista da Killswitch Engage que também já produziu para bandas como Underoath e Unearth.
A partir de então, Parkway Drive foi acumulando sua base de fãs em toda a Austrália, se apoiando em diversas outras bandas do gênero, como In Flames, As I Lay Dying, Shadows Fall entre outras. Além de participações especiais em festivais, com o Metal for the Brain 2005 e Australia’s Hardcore 2005.
Don’t Close Your Eyes hoje é um trabalho completamente subestimado dentro do metal moderno, mas que serviu bravamente como base para muitas bandas que estavam começando na época. É um excelente álbum para quem realmente quer conhecer Parkway Drive mais a fundo e entender suas origens.
BROKEN HEARTS NEVER MEND, BUT FOOLS NEVER MOVE ON
Em agosto de 2005, na Austrália, era lançado o álbum de estreia da banda, Killing With a Smile, que vendeu mais de 30 mil cópias e lançou o Parkway Drive para o mundo.
Com dezenas de shows para a divulgação do álbum e uma aparição surpresa no Gold Coast leg do Big Day Out Festival em janeiro de 2006, o céu era o limite para o quinteto do metalcore.
Então, em junho de 2006, a banda assinou contrato com a Epitaph Records e lançou seu álbum de estreia em agosto do mesmo ano nos Estados Unidos.
Em maio de 2006 houve uma troca de baixistas. Shaun Cash deixou a banda por motivos pessoais e amigavelmente, enquanto Jia “Pie” O’Connor entrava em seu lugar.
Uma curiosidade sobre Jia é que ele não sabia como tocar baixo quando entrou e teve apenas três dias para aprender, tocando na primeira turnê internacional na Europa e Reino Unido e, logo após, nos EUA.
Já no final do ano, Parkway Drive foi convidado como contingente australiano no Rockstar Taste of Chaos ao lado de Anti-Flag, Underoath, Thursday, Senses Fail, Taking Back Sunday e Saosin. Nessa mesma época também apareceram no Festival Homeback, Sound Fest, Soundwave Festival entre outros.
O ano de 2006 foi o ano em que a banda se provou para o mundo e mostrou do que era capaz. E Killing With a Smile até hoje é um dos álbuns mais elaborados e profundos do Parkway Drive. Um trabalho completamente cru, visceral e o favorito de muitos fãs.
WE’VE BEEN RUNNING BLIND, NOW WE’RE FALLING THROUGH THE CRACKS
Parkway Drive pode lançar diversos trabalhos excelentes, mas nunca mais irá lançar algo como Horizons novamente.
Completamente aclamado por fãs e críticos, o segundo álbum de estúdio lançado em outubro de 2007, Horizons, ganhou todas as dez estrelas de avaliação de um álbum pela Blunt Magazine e estreou em número seis no ARIA Charts.
A banda também foi colocada no projeto de lei dos Estados Unidos na Vans Warped Tour de 2007 como a única banda australiana da turnê, apresentando os dois primeiros singles de seu novo álbum: The Siren’s Song e Carrion.
Após o lançamento do projeto, o quinteto entrou em turnê pelos Estados Unidos, Austrália e Europa com bandas como Killswitch Engage, Bury Your Dead, Darkest Hour e outros.
Além de outras diversas turnês, shows e festivais, em 2009 a banda entra em uma turnê especial no Japão ao lado de Shai Hulud e Crystal Lake. E em maio do mesmo ano a banda anuncia um DVD ao vivo e uma turnê australiana junto com August Burns Red e Architects.
Horizons até hoje é um marco na história do Parkway Drive, alcançando um status de multi-platina na Europa e um espaço enorme no coração de muitas pessoas.
Com singles explosivos e viciantes, letras intensas e guitarras vibrantes, Horizons é um álbum que jamais será esquecido dentro do universo do metalcore.
MY CONVICTIONS LAY BARE BEFORE THE TEMPEST AS CHAOS EXPLODES AROUND ME
Deep Blue começou a ser gravado em março de 2010 com o produtor Joe Barresi. Segundo relatos do vocalista Winston McCall, o álbum era para ser o registro mais cru e pesado da história da banda.
As atualizações da gravação eram sempre feitas no Myspace da banda juntamente com projetos especiais, como um diário em vídeo e algumas partes das músicas do álbum, para ver como o público receberia.
Algumas das faixas foram ao ar pela primeira vez durante a turnê na Europa em 2009 e, mais tarde, em maio de 2010 a arte do álbum com a tracklist era lançada no site da All Music.
Todo o período de composição do álbum até sua divulgação foi feito em peso através do Myspace, onde a banda tinha acesso direto aos fãs e podia postar “backstages” exclusivos.
Em 25 de junho, nascia o tão aguardado Deep Blue no Australian iTunes Store que, quatro horas depois, alcançou a segunda posição nas paradas do iTunes álbum no país.
Após o debut do álbum no Warped Tour, Parkway Drive entrava em turnê na Austrália com The Devil Wears Prada, The Ghost Inside e 50 Lions.
Em setembro, o quinteto do metalcore era indicado e ganhava pela primeira vez o Australian Independent Record (AIR) de Melhor Álbum Independente de Hard Rock ou Metal em 2010 com Deep Blue.
E, desde então, Parkway Drive apenas escalou e escalou, sem jamais olhar para baixo.
Deep Blue foi tudo o que prometeu ser e muito mais. É o álbum com o lírico mais denso e metafórico, com melodias pávidas e berros ensurdecedores. Hoje em dia não tem como falar de Parkway sem pensar em tudo o que o Deep Blue representa não só para a história da banda, mas para a história da música australiana.
DEAR SKY DON’T CRY FOR ME, BE THE HOPE I COULD NEVER REACH
O processo de criação para o quarto álbum de estúdio da banda foi totalmente diferente do que o grupo estava acostumado, revelou Winston em uma entrevista ao NME, na época.
Com a explosão do Deep Blue, o quinteto australiano jamais imaginaria tocar e cantar para multidões em todo o mundo. Antes, eles criavam e escreviam para eles mesmos, mas a partir desse ponto, tudo mudou.
Apesar de um pouco mais diferente, mais melódico e melancólico, Atlas conseguiu ser mais sombrio e pesado do que qualquer outra coisa que eles tenham feito antes.
Com uma turnê digna de aplausos com participações inéditas de Northlane, The Word Alive e Emmure, a banda australiana também foi confirmada na Warped Tour pelo reino unido no final de 2013 juntamente com o início do Australian Warped Tour com The Offspring e Simple Plan.
Com turnês de peso e uma fanbase crescente, não tinha como contestar a posição que o grupo havia ganhado na indústria.
Uma história tão inspiradora que teve que ser escrita e publicada em um livro intitulado “Ten Years of Parkway Drive”, falando de seus 10 anos de caminhada pela Austrália e pelo mundo.
IF MY FEAR IS TOMORROW THEN YOUR MEMORY’S THE FIGHT IN MY VEINS
Muitas coisas aconteciam pelo mundo entre 2014 e 2015. Tantas coisas que todo o processo de criação do quinto álbum de estúdio, Ire, foi pouco divulgado.
Apesar dos singles marcantes como Vice Grip e Crushed, Ire não explodiu tanto quanto seus antecessores. Tem a sua história e deixou a sua marca, mas não teve um impacto tão grande quanto Horizons e Deep Blue.
Em Ire conseguimos ver o amadurecimento da banda como um todo. Vemos de perto a passagem de uma banda que tinha aprendido muito com outras grandes bandas, mas que hoje passa o bastão.
Os últimos três álbuns do Parkway Drive são completamente intensos e viscerais de uma forma singular. São trabalhos que mostram que o quinteto encontrou o seu lugar dentro da música e achou o seu espaço.
Não é nada muito inovador. É Parkway Drive em sua forma mais pura e sólida.
I AM ETERNAL AND NOTHING STANDS AGAINST ME
Parkway Drive soube como levar todos à loucura com Wishing Wells, primeiro single do sexto álbum que ainda não tinha sido anunciado até então.
Em seguida, The Void é lançado junto ao anúncio do Reverence, com o terceiro single, Prey, lançado também pouco antes do álbum.
Reverence é um álbum que exige reverência antes de ouvir. A majestosidade que ele apresenta, as peculiaridades que fazem dele um álbum tão diferente dos outros, mas ao mesmo tempo parte de tudo o que a banda vem construindo até hoje… É fenomenal.
É um trabalho menos complexo, que mostra a estranheza da banda ao mundo atual. Tanto que, um ano depois do lançamento do álbum, Parkway Drive traz ao mundo seu filme-documentário, “Viva The Underdogs”, que detalha a história e o crescimento da banda desde os dias de hardcore em 2003 até a grandiosa apresentação da banda como headliners do UK Festival em 2019.
É impossível não se emocionar ao ver o audiovisual. Sentir a euforia do começo e a adaptação e aceitação do meio para o “final”. O Parkway Drive já conquistou muito, mas… E se for só o começo?
I’M WISHING HARD UPON THE NIGHT. WITH EVERY WISH, A NEW STAR DIES
Esqueça tudo o que conhece sobre Parkway Drive. Esqueça toda a discografia do grupo e foque no sétimo álbum de estúdio lançado em 2022 quando a banda completava 20 anos de história.
Ouça Darker Still sem interrupções pelos próximos minutos. Pare, respire e aprecie o fim do mundo.
Um tempo depois do lançamento do documentário em 2020, com a pandemia apavorando o planeta inteiro e a internet adoecendo muita gente, o grupo australiano decidiu dar uma pausa de tudo. Winston McCall estava entrando em uma depressão profunda e precisava de um tempo. Todos precisavam.
E foi desse tempo, dessa penumbra, que nasceu o Darker Still. O trabalho mais cru, perverso e cruel já feito dentro do metalcore moderno.
“Os últimos anos foram difíceis para todos. Tendo excursionado sem parar por 17 anos, o encerramento foi um grande desafio. Enquanto definimos nossas mentes em outros caminhos criativos, também ganhamos uma perspectiva maior do impacto que essa banda teve sobre nós”, declarou a banda em suas redes sociais na época. “A saúde é uma questão sempre presente em nossa sociedade e nós não somos exceção”, justificou o quinteto australiano.
Tudo indicava o fim de um ciclo, de uma era, e reforçava ainda mais a ideia de que “Viva The Underdogs” tinha sido uma despedida.
Mas, então…
Não conseguimos imaginar como foram aqueles meses para o grupo e nem como está sendo até hoje. Mas o que sabemos é que Parkway Drive sabe como esculpir uma obra de arte com apenas instrumentos musicais e passar o que a dor e o sofrimento podem fazer com alguém.
Não é à toa que o álbum chegou ao primeiro lugar das paradas australianas e segundo nos charts do Reino Unido.
Darker Still pode não ser o que esperávamos de Parkway Drive, mas ele certamente é necessário para o mundo.
É como Winston explicou e orientou à Metal Hammer sobre a depressão que vem assolando cada vez mais a nossa geração:
“Eu não posso enfatizar o suficiente o valor de uma voz que está fora das experiências que você já está tendo. Mesmo com seu esforço positivo, as vozes que você tem agora continuarão o ciclo que está acontecendo, e esse ciclo precisa ser quebrado”, explicou o vocalista. “Você precisa de uma voz externa para ajudá-lo a obter uma perspectiva diferente e fornecer novos caminhos. Existem sistemas maciços de pessoas maravilhosas por aí especificamente para tentar ajudar com isso. Não é nada para ter medo ou vergonha. É como qualquer outra coisa na vida: se algo não está funcionando para você, traga um novo elemento para realmente fazer a mudança. Caso contrário, você fica com os mesmos elementos para tentar descobrir uma coisa nova”.
O que Parkway Drive vem fazendo dentro da indústria do metalcore é algo que vai ficar marcado para sempre na história. Uma banda que mostrou consistência e originalidade desde o começo sem nunca perder a essência da Parkway House independente dos obstáculos.
O Brasil está com vocês.
VIVA THE UNDERDOGS!!!