Rise Against: O punk rock político e ativista no mainstream
Furando a bolha do underground, o Rise Against mostrou que é possível manter a essência do punk rock no mainstream
O Rise Against é sem dúvidas um dos maiores nomes do punk/hardcore em atividade. A banda formada em Chicago, Illinois, em 1999, conta atualmente com Tim McIIrath (vocal e guitarra), Zach Blair (guitarra), Joe Principe (baixo) e Brandon Barnes. Furando a bolha do underground, o Rise Against consolidou seu nome ao longo dos anos e conseguiu levar o seu punk rock político e ativista até o mainstream, tendo um papel fundamental no cenário musical ao conscientizar o público com o conteúdo necessário de suas letras.
O contrato com a Fat Wreck Chords e os primeiros álbuns
Após o fim da banda 88 Fingers Louie, o baixista Joe Principe e o guitarrista Dan Wleklinski decidiram formar uma banda chamada Transistor Revolt. Com a entrada do baterista Tony Tintari, do guitarrista Kevin White e do vocalista Tim McIIrath, a banda lançou seu primeiro EP autointitulado.
O lançamento logo ganhou destaque na cena punk local, chegando até Fat Mike, vocalista e baixista da influente banda NOFX e co-fundador do selo Fat Wreck Chords. A banda então assina com Fat Mike e muda seu nome para Rise Against, e tem sua primeira mudança na formação com a saída de Tony Tintari e Kevin White.
A banda então recruta o baterista Brandon Barnes e grava The Unraveling, seu primeiro álbum. The Unraveling tem uma sonoridade mais cru e calcada no punk rock, com músicas mais urgentes e diretas ao ponto. Para a gravação de seu segundo disco, Revolutions per Minute, o grupo contou com Bill Stevenson , baterista do Descendents, um dos grandes nomes do punk rock, e com Jason Livermore na produção.
Revolutions per Minute já apresenta uma sonoridade bem mais definida do que seu antecessor, com uma dose melódica bem acentuada e que viria a amadurecer cada vez mais nos trabalhos posteriores da banda. O álbum teve uma boa performance nos charts de discos independentes e recebeu boas críticas da mídia especializada, além de render uma turnê ao lado de nomes como Anti-Flag, No More Black e No Use For A Name, trazendo bons frutos para a carreira em ascensão do Rise Against.
Entrando para uma grande gravadora sem perder sua essência
Com uma base de fãs cada vez maior e turnês extensas, o Rise Against começou a chamar a atenção de grandes gravadoras. O contrato com uma grande gravadora é sempre visto com maus olhos pela cena punk underground, já que as bandas não querem se adequar as regras e exigências impostas pelas gravadoras para conseguirem mais sucesso e popularidade, preferindo manter sua essência e seus ideais.
O Rise Against, fiel aos seus ideias e sempre prezando pela mensagem em suas letras, encontrou na Dreamworks Records um novo lar, já que a gravadora dava total suporte a postura política da banda e deu a eles total controle criativo na gravação de seu próximo álbum, o disco Siren Song of the Counter Culture. A banda acabou migrando para Geffen Records durante a gravação do álbum, já que a Dreamworks acabou sendo adquirida pela Universal Music Group e depois se fundiu com a Geffen.
Para a gravação de seu quarto álbum, o Rise Against contou novamente com a produção da dupla Bill Stevenson e Jason Livermore, que sabia captar a sonoridade punk da banda como ninguém. The Sufferer & The Witness ganhou vida e se tornou um sucesso absoluto na carreira do grupo. A obra chegou no top 10 da Billboard 200 e vendeu mais de 48, 327 cópias, mostrando uma sonoridade mais madura sem se desprender de suas raízes.
The Sufferer & The Witness contou som três singles, sendo The Good Left Undone, Ready To Fall e Prayer of the Refugee, com essa última entrando para o jogo Guitar Hero 3 e popularizando ainda mais o som da banda, fazendo o Rise Against chegar em diferentes públicos. O videoclipe de Ready To Fall é um dos mais importantes na carreira da banda e reforça seu lado político, contestador e ativista, mostrando cenas de caça esportiva, rodeios e desmatamento.
O Rise Against no mainstream
Com o lançamento do álbum Appeal to Reason, o Rise Against ganhou ainda mais popularidade ao redor do mundo. O disco foi um sucesso de vendas e chegou ao número três da Billboard 200, resultado da abordagem mais radiofônica da banda, mas que ainda mantinha sua pegada calcada no punk rock.
A obra emplacou três singles nas paradas de sucesso, sendo eles Re-Education (Through Labor), Audience of One e Savior, essa última acabou ganhando um destaque maior e se tornou presença obrigatória nos setlists da banda.
Na sequência, o Rise Against lançou seu sexto álbum, chamado Endgame. O trabalho trouxe vários temas importantes e relevantes em suas letras como o furacão Katrina e a homofobia, com referências aos suicídios de jovens adolescentes da comunidade LGBT em setembro de 2010. Mesmo em uma grande gravadora e estabelecidos no mainstream, o Rise Against nunca deixou de lutar por causas importantes e usar sua música para conscientizar seu público.
Após finalizar uma extensa turnê divulgando o álbum Endgame, a banda entrou em um breve hiato. O grupo retomou suas atividades em janeiro de 2014 para gravar seu sétimo disco de estúdio, o The Black Market. O álbum também foi um sucesso de vendas e mais a conseguir estrear no top 10 da Billboard 200. Porém, musicalmente é um dos trabalhos mais fracos na discografia da banda, sem canções marcantes e com o espírito incendiante e costumeiro do Rise Against.
Em 2017, a banda lançou o álbum Wolves, que mostrou que o Rise Against ainda tinha muito o que dizer. Liderado pelo single The Violence, a obra retoma a essência punk rock do grupo e tira de cena a inconsistência presente em seu antecessor, se firmando como um grande disco na carreira do Rise Against.
Nowhere Generation, último full da banda, foi lançado em 2021 e foi um dos principais lançamentos de punk rock do ano. A obra mantém a qualidade apresentada em Wolves, reforçando que o Rise Against não tem mais espaço para derrapadas em sua carreira. Uma continuação de Nowhere Generation foi lançado em 2022. O EP Nowhere Generation II é o trabalho mais recente da banda, segue sendo um dos nomes mais importantes e relevantes do punk rock, sempre mantendo a essência do punk rock em seu DNA e falando sobre temas importantes em suas músicas. Todos os membros da banda são vegetarianos e com exceção de Brandon Barnes, todos são straight edges.
O Rise Against furou a bolha do underground e levou a essência e a atitude do punk rock para o mainstream. A banda manteve seu DNA ao longo dos anos e segue trazendo temas e mensagens pertinentes em seus discos, falando sobre política, direito dos animais, desastres ecológicos, homofobia e muitos outros temas que precisam ser discutidos e colocados em pauta. O grupo mostrou que o punk rock pode ser político e ativista mesmo estando no mainstream, e se tornou um dos nomes mais relevantes e necessários do gênero.
A banda se prepara para fazer duas apresentações no Brasil, sendo a primeira no dia 22 de março, no Cine Joia em São Paulo, e a segunda no dia 24, no primeiro dia do Lollapalooza, que acontece no autódromo de Interlagos na capital paulista. Os ingressos já estão disponíveis no site da Tickets for Fun e nos pontos de venda da produtora.