Deafheaven entrega espetáculo memorável em sua única apresentação no Brasil
Com uma presença de palco feroz e marcante, a banda lotou a Fabrique Club e mostrou toda a potência do seu blackgaze
São Paulo enfrentou mais um final de semana com a agenda de shows bem movimentada. A capital paulista tinha eventos para diferentes públicos na tarde nublada e chuvosa do último domingo (12), com shows de diferentes vertentes musicais acontecendo simultaneamente. Um dos principais eventos aconteceu na Fabrique Club, casa de shows situada na região da Barra Funda. A casa foi palco da segunda passagem da banda Deafheaven pelo Brasil, reunindo fãs de diversas tribos.
O Deafheaven é um dos principais expoentes do blackgaze, gênero que mistura black metal com shoegaze, mesclando os vocais rasgados e agressivos do black metal ao instrumental melódico e com várias camadas musicais do shoegaze. Uma combinação inusitada, mas que funciona muito bem, conquistando fãs de diferentes vertentes como o metal, indie e alternativo.
A abertura ficou por conta do quarteto curitibano terraplana, um dos principais representantes do shoegaze no Brasil, que lançou recentemente o seu disco de estreia chamado olhar para trás. Apesar de ter a apresentação afetada pelo som da casa, que deixou a desejar no show de abertura, a terraplana fez um show excelente, com uma performance imersiva e bem intimista.
Com uma iluminação que basicamente deixava o público com a visão da silhueta dos membros da banda, atrelada a uma sonoridade carregada de camadas sonoras, onde as paredes de guitarras se destacavam, a banda fez um show sensacional e interessante. Uma ótima escolha para complementar o evento.
O Deafheaven subiu ao palco e encontrou uma Fabrique lotada e enlouquecida para ver a banda ao vivo. O grupo abriu o show com a faixa Black Brick, uma verdadeira porrada sonora, mostrando todo o peso e agressividade do seu lado black metal. A presença de palco da banda é um show à parte, com destaque para o vocalista George Clarke, que fazia caretas, pirava, dançava e agitava sem parar.
A banda deu sequência com um de seus clássicos, a canção Sunbather. A faixa do disco de mesmo nome, levou os fãs à loucura e promoveu uma das muitas catarses que ocorreram ao longo do espetáculo. Em seguida, foi a vez de explorar as músicas do seu trabalho mais recente, o aclamado Infinite Granite, disco que trouxe uma mudança considerável na sonoridade do grupo, dando destaque para os vocais limpos de Clarke e deixando o lado shoegaze da banda se sobressair.
Shellstar, In Blur e Great Mass of Color mostraram que Infinite Granite já é um favorito entre os fãs, levando o público da casa a cantar a plenos pulmões as três faixas. Canary Yellow contemplou o álbum Ordinary Corrupt Human Love, trazendo novamente o peso para a apresentação e arrancando sorrisos dos fãs da sonoridade mais pesada da banda.
Mombasa levantou o público, afirmando que o Deafheaven ainda tinha muito pra entregar no palco. O encore veio com a cereja do bolo com as faixas Brought to the Water, do álbum New Bermuda, e Dream House, do Sunbather. As duas músicas promoveram uma verdadeira catarse no final do show, com direito a um moshpit intenso que lavou a alma dos envolvidos.
O Deafheaven fez um espetáculo memorável em sua segunda passagem pelo Brasil. Com um setlist consistente e uma presença de palco de tirar o fôlego, a banda entregou um show excelente e arrebatador para o público que compareceu em peso para ver ao vivo um dos maiores nomes da cena atual da música pesada. Certamente os fãs já estão ansiosos por uma nova turnê da banda em terras brasileiras.