Comeback Kid no Hangar 110: Suor, stage dives e uma aula de hardcore
Com uma apresentação intensa e explosiva, os veteranos do Comeback Kid lavaram a alma dos em uma noite inesquecível
O Hangar 110 serviu de palco para uma verdadeira aula de hardcore dos veteranos do Comeback Kid. Os canadenses retornaram ao Brasil para uma sequência de shows que passou por Porto Alegre (21/02), Florianópolis (22/02), Curitiba (23/02), São Paulo (24/02) e Belo Horizonte (25/02). No último sábado (24), a banda se apresentou na casa que é considerada o CBGB brasileiro, promovendo uma verdadeira catarse sonora.
A última passagem da banda pelo Brasil foi em 2018, no festival We Are One Tour, que também é organizado pela Solid Music Entertainment, responsável pela turnê dos canadenses pela América Latina. O grupo lançou o excelente Heavy Steps em 2022, atualizando o seu setlist e trazendo novidades para os fãs brasileiros.
Para complementar a noite, a abertura ficou por conta das bandas Never Look Back e The Last Station. Com um leve atraso, o Never Look Back subiu ao palco e fez sua estréia no Hangar 110. A banda formada em 2017, em Brasília, vem se destacando no cenário hardcore e após fazer uma turnê pela América Latina em 2023, segue em constante atividade para divulgar sua música.
O show do Never Look Back contou com uma boa parcela do público, o que não costuma acontecer com a frequência que deveria em eventos onde a banda principal é uma atração de fora do país. O grupo mostrou seu hardcore pesado e agressivo, com momentos pontuais marcados por vocais melódicos. Uma ótima escolha para dar mais corpo ao evento. A banda sofreu com alguns problemas técnicos, como o microfone do guitarrista e vocalista Rique Martins, que falhou na maior parte do show e fez o vocalista Kenji Matsunaga dividir seu microfone com o colega de banda. Uma performance rápida, direta ao ponto e bem consistente.
Na sequência, foi a vez do The Last Station se apresentar. Formada em 2012, a banda de Florianópolis se mostrou à vontade no palco do Hangar 110 e entregou doses pesadas de hardcore para um público cada vez mais agitado e ansioso. Outra escolha positiva para a noite, mostrando que a produtora juntou um time de peso para a apresentação na capital paulista. O show foi bem intenso e bem recebido pelo público, que já preenchia quase toda a capacidade da casa.
Com um atraso de 30 minutos, o sistema de som da casa foi tomado pela introdução do hit In The Air Tonight, de Phil Collins, anunciando a entrada do Comeback Kid. Com um Hangar 110 completamente cheio (o evento deu sold out), acompanhado de uma noite quente, bastou o CBK pisar no palco para o clima esquentar ainda mais e a casa se tornar um verdadeiro pandemônio
Com Andrew Neufeld (vocal), Jeremy Hiebert (guitarra e backing vocals), Stu Ross (guitarra e backing vocals), Chase Brenneman (baixo e backing Vocals) e Loren Legare (bateria) no palco, o público liberou toda a energia poupada nos shows de abertura e uma chuva de stage dives e moshpits tomou conta do Hangar, mostrando como um verdadeiro show de hardcore deve ser.
Essa foi a sexta passagem do Comeback Kid pelo Brasil, o que ficou evidente ao ver como Andrew e seus parceiros de palco se sentiam em casa. O vocalista fez questão de deixar claro seu amor pelo Brasil e aproveitou para dizer que a banda tem planos de retornar ao país no próximo ano. A troca de energia entre a banda e o público foi surreal, com ambos aproveitando ao máximo a noite.
Andrew várias vezes ficou impressionado com a entrega do público e se divertiu com os fãs subindo no palco para os stage dives, com alguns aproveitando para cantar trechos das músicas no microfone do vocalista. O setlist foi de tirar o fôlego, com faixas como Heavy Steps, Crossed, Wasted Arrows, Dead on the Fence, Somewhere, Somehow (um dos grandes momentos da noite, com os fãs cantando o refrão emocionados) e Absolute.
A presença de palco do Comeback Kid é muito intensa e incendiária, sendo uma verdadeira aula de hardcore e de como fazer uma apresentação inesquecível. Andrew dividiu o microfone com o público várias vezes, sempre se preocupando em cantar olhando nos olhos de todo o público em volta do palco. O vocalista, que assistiu uma parte do show do Never Look Back, aproveitou para dar um “salve” para as bandas que participaram da noite, além de mencionar o Bayside Kings, outro pilar do hardcore nacional e que tem uma forte ligação com o CBK. Para encerrar a apresentação com chave de ouro, a banda fechou o show com o clássico Wake the Dead, arrancando o fôlego final dos fãs.
O Comeback Kid deu uma verdadeira aula de hardcore no Hangar 110. Com uma apresentação quente, recheada de stage dives e moshipits, o grupo entregou uma noite inesquecível para os fãs, com muitos colocando o show da noite como um dos melhores da banda em solo brasileiro.