Terror entrega caos e energia em Pain Into Power
O disco foi lançado no início de maio deste ano e conta com produção do ex-guitarrista Todd Jones
Prosperar por vinte anos em qualquer cena musical, arranhar o mainstream e se manter “true”, são atos invejáveis por milhares de bandas, que, muitas das vezes morrem prematuramente sufocadas pela indústria – ou pelo próprio movimento. Quem sabe o que é isso é a banda Terror. Em seu mais recente lançamento, Pain Into Power, os veteranos do hardcore de Los Angeles mostram o que ainda sabem fazer: um som rápido, pesado e sujo, como sempre foi.
Lançado em 6 de maio de 2022, o oitavo álbum do Terror foi produzido por Todd Jones, guitarrista da primeira formação da banda, ainda durante os momentos mais críticos da pandemia do coronavírus nos Estados Unidos.
Com a canção Pain Into Power, a banda introduz o disco de maneira brutal. O vocal de Scott Vegel emerge em um ataque de fúria, por entre riffs afiados e uma bateria precisamente marcada pela violência. São pouco mais de 50 segundos de gritaria sobre ser fiel à cena. Ao entoar “Still dedicated to Hardcore.” (“Ainda dedicado ao Hardcore”) no fim do som, Vogel mostra o caminho do que o ouvinte encontrará no repertório adjacente.
Como uma montanha russa rítmica, Unashamed – a segunda faixa do disco -, apresenta uma bateria fugaz e uma linha de baixo rápida e cortante, elementos sonoros encarrilhados em uma letra sobre recusa ao arrependimento e à resignação. Para complementar o vocal de Vegel, a música conta com a participação de Madison Watkins (Year of the Knife) e Crystal Pak (Initiate).
A terceira música do disco, Boundless Contempt é amarga e furiosa. O vocal – quase que demoníaco – de Vegel conduz o ouvinte a navegar em um mar de vingança. “Driven by vengeance to the bitter end” (“Conduzido pela vingança até o amargo fim”)
Igualmente rápido e feroz, o quarto som do disco é recheado de palavras de ordem proferidas pelos integrantes da banda. Outside the Lies, música escrita pelo guitarrista Jordan Posner, é sobre confiar em si mesmo e rejeitar o status quo, uma atitude trivial do hardcore.
One Thousand Lies é como uma antítese ao som anterior. Resignado, o eu-lírico canta sobre acreditar piamente em mentiras, arrependimento e perdas. A guitarra é densa e é cadenciada ao longo da música, trazendo um groovy a composição – elemento que era buscado por Scott Vegel, como declarou ao Heavy Consequence.
Can’t Let it Go surge despretensiosa, mas logo arrebata o ouvinte, como um empurrão diretamente para o mosh de um bar inóspito, cujo chão, imundo de cerveja, tenta segurar os pés da multidão.
O disco continua sendo inclemente com os alto falantes que o reproduzem. O sétimo som do álbum, Can’t Help but Hate, mostra-se violento e perturbador, ao encontrar-se com o gutural de George “Corpsegrinder” Fisher, do Cannibal Corpse.
The Hardest True, a oitava faixa do disco, é visceral do início ao fim – com uma bateria cortada por guitarras em um noise infernal. Ao fim do som, o ritmo diminui, abrindo espaço para a nona e última música.
On the Verge of Violence é enérgica, com o vocal poderoso de Vegel, que se sobressai de uma composição de gritos, guitarras distorcidas e ataques de bateria, alimentados pelo ódio de um mundo doente.
Prepare for the Worst é um posfácio melódico: inicia com uma guitarras lentas e uma linha de baixo metálica e latejante, que surge cortando a composição. Com um vocal rápido e não menos violento, Vogel finaliza o oitavo disco da banda de maneira realista. “No one cares if you hurt./ So I’ll prepare for the worst.” (“Ninguém se importa se você está machucado./ Então se prepare para o pior”)
Realista. Esse pode ser um bom adjetivo para resumir o Pain Into Power, que entrega exatamente o que qualquer fã de hardcore quer: energia e caos, em uma torrente avassaladora de 18 minutos. O Terror é aquela banda que refuta os ‘tiozões do rock’, que adoram dizer que não existe mais nada bom na cena musical.
Para fãs de: Comeback Kid, GEL e Modern Life Is War