YOU KNOW I’M ALWAYS READY FOR WHATEVER: CONHEÇA CROWNING ANIMALS
Diretamente do underground, a banda é uma promessa única e enérgica que propõe um som familiar, porém com muita individualidade
Support your local animals
Essa frase, que tem marcado presença em shows da cena Curitibana, desperta uma certa curiosidade ao ser lida: “Quem são os tais animais locais e por que eu deveria apoiá-los?”
Aproveitando o gancho e respondendo a pergunta: eles formam um grupo que produz um som de qualidade e, acima de tudo, feito com paixão.
Crowning Animals é uma banda única. Sua sonoridade, que mescla o clima de festa na piscina do pop punk com a agressividade e peso do metalcore, resulta em uma experiência deveras interessante e que merece ser curtida sem moderação.
O Downstage conversou um pouco com a banda a respeito da carreira, hiatos e futuros projetos. Confira:
Como a banda surgiu?
Em 2015, um grupo de amigos queria tocar algo voltado para o pop punk. Porém, ainda não tinham um vocalista. Shaw (atual vocal) recusou o convite diversas vezes, pois não se via cantando este estilo de música. Salles, ex-membro e fundador da banda, contava que era “um tipo de som que o Shaw nem imaginava fazer com um grupo, uma vez que estava muito focado no metalcore/deathcore e em seus estudos de técnica vocal fora do estado.”
Após muita insistência, Shaw decidiu dar uma chance para a oportunidade e relembra: “Conversamos sobre poder fazer um som pop punk e um som mais pesado ao mesmo tempo. Depois de muita conversa e mudanças de objetivo, resolvemos marcar um ensaio com 10 ou 12 músicas de diferentes bandas pra ver qual seria a vibe, e o resto é história! 9 anos depois a banda está aí, mais forte do que nunca.”
Parte dessa criatividade toda vem diretamente de suas influências. Além da clara influência de A Day to Remember, a banda cita também outros grandes clássicos como suas fontes de inspiração. “Com a entrada do Cleyton (guitarra), do Phelype (bateria) e do Caio (baixo), pra Crowning, novas influências de décadas e gêneros muito diferentes vieram à tona!”, completa Shaw. “Hoje diríamos que nossas principais referências são as bandas Blink-182, Goldfinger, Lagwagon, State Champs, Chunk! No, Captain Chunk!, Northlane e Architects.”
A vida dentro do cenário underground
Uma das maiores características da Crowning Animals, e o que torna tão fácil a conexão do grupo com os fãs, é a energia e alto astral que transmitem nos palcos das casas de shows curitibanas. “Escrever músicas é uma troca de energia muito intensa… Escrever sobre nossas vidas e compartilhar nossas histórias pessoais entre nós e com o público é intenso demais, e, se for pra ser verdadeiro como é, que seja intenso nos palcos, também”, comenta Shaw.
O vocalista continua: “A troca de energia entre nós e o público é viciante, literalmente. Você acaba um show já querendo dar o próximo, pra poder sentir aquilo de novo. A gente escreve músicas que são feitas pra fazer as pessoas pularem, dançarem, cantarem no volume máximo, mesmo, então fazemos nosso melhor pra que isso transpareça no nosso show.”
Além da energia insana transmitida pela banda em seus shows, a banda conversou também sobre a receptividade e a fidelidade do seu público.
A vida de artista underground independente é uma constante luta contra a implacável força da internet. Num dia você está no topo, noutro você já não existe mais. Isso se reflete muito na luta por nos mantermos relevantes.
O fato da banda ser independente e não possuir um selo acaba deixando a tarefa um tanto quanto mais árdua. Afinal, ser um artista independente requer muito mais do que apenas saber tocar um determinado instrumento.
É necessário entender como funciona o algoritmo das redes sociais, investir dinheiro do próprio bolso para suas gravações e ensaios e até ser um pouco influencer para que os usuários das redes sociais estejam em constante interação. “Ainda temos que arrumar uma forma de financiar um mínimo de conteúdo que deve ser veiculado a cada tanto tempo pra que as pessoas lembrem que você ainda está lá, fazendo o que faz”.
BLESSTHEANIMALS // Crowning The Fall
Após muitos anos de espera, a lendária banda Blessthefall retornou ao Brasil e fez duas belíssimas apresentações, sendo a primeira na capital paranaense e a segunda em São Paulo.
Foi a primeira vez que estes gigantes do metalcore vieram a terras Brasileiras após o fim do hiato da banda que durou alguns bons anos.
Uma atitude super bacana dos responsáveis pela organização dessa turnê foi a de deixar o público escolher bandas locais dos gêneros metalcore ou post-hardcore para serem responsáveis pela abertura da turnê do Blessthefall em cada uma das cidades.
E, com grande alegria e vontade de fazer acontecer, a Crowning Animals foi a escolhida como banda de abertura dessa noite pra lá de especial.
“Foi difícil de acreditar quando recebemos o primeiro e-mail! É como o cão que corre atrás do lixeiro e nunca alcança, né? No dia que chega lá, não sabe o que fazer [risos]. O frio na barriga foi crescendo depois que vimos as centenas de comentários de amigos nossos no post de sugestão de bandas de abertura para o BTF, mas apesar de estarmos 100% preparados pra abraçar uma oportunidade assim, você nunca espera que ela vá chegar, e chegou mesmo. Ligamos pros nossos pais pra contar e tudo mais, foi uma verdadeira festa, até pizza teve!”
Ao serem questionados sobre como esse acontecimento impactaria a carreira da banda, Shaw responde: “Ser selecionado pra participar de um evento desse porte é um selo de qualidade que poucas empresas podem te dar, e a Liberation nos concedeu essa oportunidade, que também funciona como um atestado! Isso muda a visão que o público e as produtoras de evento têm sobre a nossa banda, isso ajuda o grupo a dar um passo que é muito difícil de dar e que muitas bandas acabam travando nele, também.”
O vocalista continua: “Através de muito esforço e dedicação conseguimos esse carimbo na nossa carreira, e ele nos ajuda a fortalecer a marca dos Animais, nos possibilitando fazer movimentos que eram previamente impossíveis de se realizar.”
Algo muito interessante de citar é o fato de que a Crowning Animals sempre foi muito fã de Blessthefall, e é em momentos como esse que o coração de fã fala bem alto. “Demos tanta, mas tanta sorte no dia do show, que o BTF concluiu a passagem do som rápido o suficiente pra sobrar uma meia hora antes de começar a nossa… Parecia cena de filme.”
Como forma de deixar esse dia ainda mais memorável, a Crowning Animals desenvolveu um merch exclusivo e super especial que foi, além de tudo, uma espécie de homenagem para a banda que tanto os inspira. “Como alguns viram, desenvolvemos um merch exclusivo pra esse show, chamado BLESSTHEANIMALS, e produzimos unidades pra dar a eles como presente e forma de agradecimento por tantos anos fazendo músicas que influenciaram nosso gosto e formação musical dentro do metal.”
O grupo ainda teve a oportunidade que muitos fãs sonham: conversar com seu artista preferido! A banda teve a oportunidade de colocar os papos em dia com seus ídolos.
“Depois que a passagem deles acabou, abordamos o Eric (guitarrista da Blessthefall) e perguntei pra ele se podia ”grab them for a minute” e ele nos respondeu com um sorriso ”you guys can grab us for five!” e daí pra frente foi a realização de uma side-mission, praticamente [risos]. Poder conversar olho no olho com nossos ídolos, compartilhar algumas histórias e entregar as camisetas e a bandeira do Brasil que produzimos pro evento.
Todos humildes, gente como a gente. Deu um calorzinho no coração ver que a fama não afeta a todos que a possuem e que eles, mesmo depois de mais de 20 anos, ainda fazem por amor, assim como a gente. Uma verdadeira inspiração”, finaliza Shaw.
Além da abertura para o Blessthefall, a Crowning Animals se tornou a banda queridinha para participar de diversos outros shows em Curitiba ao lado de nomes muito influentes. Já foram convidados para eventos com Bullet Bane, e, dia 22 de setembro, estarão com Aurora Rules no Belvedere para um show muito especial.
O que o futuro reserva?
A banda está animada para entregar suas novas composições e fez grandes promessas para o futuro no qual os fãs podem esperar ansiosos. “Esperem uma fase de mudança, com certeza. Não só musical, mas de perspectiva visual, também. Com essa nova formação, chegamos com a visão não só musical, mas também da nossa posição como banda e onde estamos inseridos no mercado fonográfico brasileiro.”
Eles completam: “Uma visão diferente até de vida, né? Estamos numa fase mais adulta, com mais responsabilidades, porém com a mesma energia jovial, só renovada. Nosso álbum vai deixar isso tudo bem claro.”
Além de novos álbuns, novas singles e novos clipes, a banda se vê dando muitos shows. Tendo conquistado cada vez mais espaço no underground, não só curitibano mas também nacional, a banda já tem seu lugarzinho especial estabelecido e promete que seus futuros shows serão um melhor que o outro.
A banda comenta que estão determinados a preencher uma lacuna vazia no cenário nacional que, na opinião deles, precisa de um novo representante da cena core. “Graças ao tipo de som que produzimos, sabemos que podemos nos tornar a banda que irá preencher essa lacuna sonora enorme no país, que hoje está muito mal representada, e isso deixará de acontecer em menos tempo do que imaginamos.”
A determinação do grupo é algo extremamente revigorante na cena. Artistas com essa energia e disposição são muito necessários para manter a cultura underground viva e crescendo. E, é possível perceber que a Crowning Animals será o ato que abrirá as portas para uma nova era no cenário nacional.
Faixas em destaque
A própria banda fez uma seleção das faixas que melhor representam seu som, passando por todas as eras da banda: “Lunchbag”, “Catharsis”, “Bus Stop” e “It’s True”.
Já sabe o que fazer, certo? Escute Crowning Animals no último volume e curta a vibe única da banda.