NECK DEEP: AUTOINTITULADO RECHEADO DE GENERIC POP PUNK COMPLETA SEU PRIMEIRO ANO

Com faixas memoráveis, o disco se consolidou como um dos clássicos modernos do pop punk

Arte: Mariana Meyer

Neck Deep é uma banda super especial. Ganhando cada mais vez notoriedade dentro da cena do pop punk e até mesmo do hardcore, os meninos do País de Gales são apaixonados pelo que fazem e sempre deixam isso bem claro em seus lançamentos.

Foto: Nat Wood

Atualmente com cinco álbuns em sua carreira, a banda sempre mostrou muita competência em brindar seus ouvintes com um pop punk bem chiclete, mesclado a composições únicas que tornam o grupo facilmente reconhecível.

Com muitos sucessos e um horizonte cheio de oportunidades, Neck Deep sempre capricha em seus lançamentos, sejam eles singles ou álbuns de inéditas.

O CAMINHO ATÉ O AUTOINTITULADO

Lançado em 2020, All Distortions Are Intentional foi bastante aclamado, mesmo sendo lançado em meio as dificuldades causadas pela pandemia do Covid-19.

Após este lançamento, a banda ficou um tempo sem lançar um disco de inéditas. Este foi o maior intervalo entre álbuns registrado pelo Neck Deep. Neste período, o grupo lançou singles e versões acústicas de suas músicas.

Foto: Nat Wood

Os fãs ficaram felizes pois, apesar de não serem agraciados com um álbum, a banda estava em constante atividade.

Logo no início de 2023, o primeiro single de seu próximo trabalho (mesmo que naquele momento nenhum álbum fora anunciado) veio ao mundo. “Heartbreak Of The Century” chegou com um clipe recheado de piadas ácidas envolvendo temas contemporâneos dos quais iremos comentar daqui a pouco.

Em Agosto do mesmo ano, “Take Me With You” foi lançada e, ainda assim, nada de novos anúncios.

Porém, um mês mais tarde, em setembro de 2023, chega a faixa “It Won’t be Like This Forever”, e, junto dela, o anúncio do novo trabalho que a banda estava preparando e que fora prometido para janeiro de 2024: seu álbum autointitulado.

TOO PUNK FOR POP, TOO POP FOR PUNK

Neck Deep é, acima de tudo, um presente para aqueles que esperaram pacientemente por um novo trabalho de Ben Barlow e companhia.

Esse trabalho traz toda a vibe de início dos anos 2000 encontrada em álbuns como Enema of the State do Blink-182 e Ocean Avenue do Yellowcard.

“Dumbstruck Dumbf**ck” abre o álbum e prova o ponto citado acima. Toda a atmosfera criada aqui serve como uma viagem temporal, na qual envia o ouvinte para os anos 00’s.

Como faixa de abertura, ela é simplesmente perfeita. Todo o caminho até o refrão é construído com maestria e melodia, o próprio refrão é bem marcante, feito para ser cantado a plenos pulmões e liberar uma carga de energia incrível.

Vindo com toda velocidade, “Sort Yourself Out” é o puro suco do pop punk: uma faixa rápida, melódica, com uma letra que trata de problemas típicos de relacionamentos amorosos e dona de um refrão grudento.

Foto: Nat Wood

“This Is All My Fault” possui uma letra interessante e ao mesmo tempo pessoal, sendo uma espécie de desabafo de teor autodepreciativo onde o autor diz ter perdido o auto-respeito. Algo mais intrigante ainda é que, por algum motivo, essa letra mais cinza combina muito com a atmosfera feliz e colorida criada pelo instrumental e a melodia num geral.

“We Need More Bricks” possui uma mensagem fortíssima: apesar de todas as loucuras acontecendo no mundo atualmente, uma fagulha de esperança habita em nossos corações e tal sentimento jamais deve ser deixado de lado. O clipe é um show a parte e mostra que todo mundo está ficando meio doido.

O primeiro single, “Heartbreak Of The Century”, parece ter sido escolhido a dedo para ser a primeira faixa a ter relação com esse álbum.

É uma música poderosa, dona de um instrumental forte e uma letra que também trata de problemas amorosos e, como comentado alguns parágrafos acima, dona de um videoclipe ácido.

Além disso, ver como a banda não teve medo de brincar com assuntos que causaram um certo rebuliço na internet na época é no mínimo curioso. Um exemplo é o tapa que o ator Will Smith proferiu no também ator Chris Rock. Tal acontecimento ficou eternizado como uma referência no videoclipe, culminando em outro clássico instantâneo.

Seguindo o exemplo deixado por “This Is All My Fault”, a faixa “Go Outside!” também possui uma letra que deixa subentendido um pedido de ajuda feito por alguém que precisa “se encontrar” e ser salvo por alguém.

Mais uma vez a melodia pode enganar o ouvinte, fazendo-o pensar de que se trata de uma música alegre, porém, o que é encontrado é o contrário.

Foto: Nat Wood

Um dos pontos altos do álbum, “Take Me With You” foi outro clássico instantâneo.

É interessante ligar os pontos para entender a mensagem apresentada. Em um primeiro contato, pode soar estranho uma música de pop punk tratar de um tema envolvendo extraterrestres e OVNI’s (Tom DeLonge discorda) entretanto, conforme o ouvinte se aprofunda na letra, é notado que o personagem apresentado na faixa está na verdade solicitando um resgate por estar cansado do planeta Terra (e todo mundo entende o sentimento!).

“They May Not Mean To (But They Do)” apresenta um personagem que teve todas as oportunidades de ser uma pessoa excelente na vida, porém, foi forçado por seus pais a fazer coisas que não queria e isso o revoltou. Certamente, muitos podem se identificar com essa faixa.

Um destaque vai para o solo presente e a maneira pela qual ele foi colocado dentro da música, que entregou uma particularidade muito legal.

“It Won’t Be Like This Forever”, mescla os dois temas mais vistos no álbum até aqui: pedidos de ajuda e problemas amorosos. O eu lírico dessa faixa constantemente clama pelo beijo de sua pessoa amada. Essa é a única música dentro do disco que possui a melodia um pouco mais cinza quando comparada as demais.

E, fechando esse magnífico trabalho, “Moody Weirdo” protagoniza uma mensagem extremamente válida e poderosa: se quisermos mudar algo, seja dentro de nós ou no mundo, precisamos dar um passo de cada vez e não devemos nos frustrar com as falhas, pois isso faz parte da vida.

Curiosidades do universo Neck Deep

Este foi o primeiro álbum sem o baterista original da banda, Dani Washington. Seu substituto foi o próprio técnico de bateria da banda, Matt Powles. Além disso, Seb Barlow, baixista e irmão do vocalista, foi também o produtor do disco.

Foto: Nat Wood

Ride your own wave

Neck Deep é um trabalho extremamente sólido e honrou ser o autointitulado da banda. Não existem faixas ruins, pelo contrário: todas são excelentes e estão em um nível altíssimo de qualidade.

Muitos clássicos instantâneos nasceram neste disco e estão presentes nas setlists dos shows da banda mundo afora.

Contudo, os fãs brasileiros seguem na expectativa de uma passagem por aqui. Será que 2025 é o ano de Neck Deep no Brasil?

Para fãs de: blink-182, Yellowcard, New Found Glory.