DAY e Di Ferrero vão “Muito Além” em parceria

Em um encontro de gerações, os artistas colocam a mão na massa e fazem eles mesmos um novo hit para a cena “sofrer pulando”

Arte: Rafah Antunes / Downstage

Finalista da sexta edição do The Voice Brasil, em 2017, Day Limns toma as rédeas de sua mais nova parceria com Di Ferrero no single Muito Além. Com uma mistura de rap, trap e rock, que influenciam – e muito – a cantora, a faixa já está disponível em todas as plataformas digitais para que todos se deliciem, reflitam e, principalmente, sintam a mensagem da música.

Depois de muita terapia, Day se entende muito mais hoje em dia e afirma que quanto mais cria, mais se conhece e, consequentemente, quanto mais se conhece, mais cria. O autoconhecimento foi peça fundamental para todo o processo criativo da música, que, pela primeira vez, é como a cantora imaginou desde o começo.

Todas as sessões de terapia trouxeram Day onde está hoje e a ensinaram a ter mais paciência consigo mesma e sua mente criativa. Essa é uma Day “mais segura, confiante e que não abre mão de suas ideias”, conforme a cantora conta em entrevista ao Downstage. Nessa obra, ela sente que foi diferente e dona do próprio projeto.

Por mais que muitos possam interpretar a música como sendo sobre um relacionamento em que duas pessoas diferentes deram tudo de si pelo mesmo objetivo, o que Day acha completamente válido, “ela é, na verdade, sobre o autoconhecimento e entender que, às vezes, tudo o que você fez foi muito além do que tinha no momento.”

“É sobre ter a consciência de que você tentou de tudo para chegar aonde chegou, o que muitos podem se identificar, e entender que as nossas mentes são muito criativas ao se colocarem e saírem de determinadas situações”, completa.

Muito Além é sobre bancar o que foi dito, compreender que tudo o que você fala tem um custo e traz consequências, e o que você não fala também. Day percebe, e sente, também que “muitas vezes custa mais caro não falar. Afinal, ao não liberar um sentimento, ele faz morada em você, podendo aglutinar com outras sensações que implodem em algum momento.” E, por mais que entenda que não tem controle sobre as atitudes de outras pessoas, é uma escolha decidir qual o preço quer pagar por falar – ou não.

Sobra o conceito de “DIY”, do it yourself (“faça você mesmo” em português), Day conta que é sobre ter o controle, mas não necessariamente sozinha. Essa foi a primeira vez que se sentiu na frente da coisa toda. Antes, “deixava algumas ideias passarem e acabava frustrada porque o resultado final não era uma ideia sólida dela.” Ao ser mais paciente e incisiva com seu próprio processo, esse lançamento mostra ao público quem é Day Limns em sua essência.

Foi ela a responsável por direcionar todas as ideias e vê-las executadas. Ela sabe que, dessa vez, tudo foi diferente por confiar cada vez mais em si e ouvir o que tinha a dizer ao longo de todos os meses, afinal, o processo todo da música começou em fevereiro desse ano.

Day compreendeu que tomar a iniciativa também faz parte do seu autoconhecimento e se ouvir

A geminiana com ascendente em câncer ainda contou que cria para se conhecer e, só depois de escrever no bloco de notas de seu celular, é que se entende melhor. Ela, que “se sente sufocada quando acha que não pode falar o que está sentindo, acredita que outros tagarelas vão se identificar com a música.”

Antes frustrada por falar demais, hoje entende que precisa filtrar mais o que tem para dizer com cuidado para não ultrapassar seus limites e os do outro. Em mais uma analogia ao mar e o oceano, entende mais que, por mais profundos que seus sentimentos sejam, existem barreiras.

Ela, que na vida real não sabe nadar, diz que frequentemente se afoga nesse mar de intensidade. E, ao contrário de 7 vidas, em que é salva por uma sereia, decide ser a própria heroína e se salvar para mostrar sua força interior.

Ao entender mais o próximo, principalmente aqueles mais calados e diferentes dela, a cantora vê uma evolução pessoal. O que para ela é simples, falar e não guardar o que sente para si, pode ser um processo mais difícil para outras pessoas. Com esse pensamento, Day contou ao Downstage que “aprendeu a falar sobre tudo isso na terapia e fez as pazes com si mesma, antes se julgava por falar demais, se perguntava se deveria sentir menos e, agora, entende que não é algo a ser controlado.” Se assume como “emocionada”, percebendo que o processo é muito mais sobre traçar seus limites sem passar pelo dos outros do que mudar seu jeito de ser para se encaixar no que esperam que ela seja.

Ao colocar toda a sua personalidade nessa música, a cantora também entende, e gosta, de saber que outras pessoas podem se sentir representadas. Agora, com seu autoconhecimento, passa em suas criações, não só nas letras, mas também no ritmo e no flow em conjunto – como diz a letra -, que racionaliza o que sente, mesmo sentindo muito (talvez por influência de seu mapa astral) e, ao tentar de tudo, o resultado nada mais é do que aprendizado constante. Essa é a mensagem final de Muito Além.

A parceria com Di Ferrero

A ideia de fazer uma música com Di Ferrero sempre existiu, mas o conflito de agendas sempre os impedia. Foi só em fevereiro desse ano que Day Limns teve a ideia inicial para Muito Além e mostrou para o cantor, que adorou.

Ela deixou então o segundo verso para que Diego adicionasse suas ideias e, no dia da gravação, os dois tiveram a certeza da criação que estava em suas mãos.

Dentre todas as outras parcerias em sua conta, Day sente que essa é gigante e um divisor de águas em sua carreira. Por conta de sua maturidade (como pessoa e artista), ela percebe que essa parceria foi muito além da música. Os dois têm a vontade de fazer algo acontecer e, agora com sua proatividade, eles saem do campo das ideias e veem a imensidão da conquista.

“Ter alguém como Di comprando e incentivando a ideia, além de ver a parceria da mesma forma que Day a vê, é algo valioso” para a artista, que se sente imensamente grata pelo projeto como um todo.

Mais Além

Concentrar e filtrar suas ideias infinitas para que se encaixassem no conceito fizeram com que o processo fosse intenso e intenso, mas fizeram com que valesse a pena ver o resultado.

“DIY”, que antes era uma ideia para uma festa da artista, foi tomando forma e uma imensidão cada vez maior quando os artistas perceberam que era também a união de seus nomes, “deixando ainda mais claro que tudo estava se encaixando e parecendo que era o certo a se fazer daquele jeito”, observa.

Day, que sabia que a capa para essa música tinha que ser uma boia no meio de uma piscina desde o começo, se deu paciência na criação e viu as coisas tomando forma em sua mente nesses meses todos.

Durante todo o processo, teve a oportunidade de estudar e estruturar sua própria ideia e conceito, decidir quais cores e elementos precisava que estivessem presentes para representar visualmente o que se passava em sua cabeça com a obra.

A forma como viu e tratou sua própria epifania, com mais paciência e carinho, fez com que a artista evoluísse, não só em sua carreira, “mas também como pessoa e se visse com outros olhos.” E, depois de tudo isso, ela espera que “as pessoas sintam e falem sobre seus sentimentos ao ouvirem essa música, que além de um desabafo, é um incentivo para mostrar ao mundo o que existe dentro de si.”

Se a música é sobre falar demais, se fazer ouvida e entender o peso de suas palavras, Day Limns foi realmente “muito além” e mostrou sua evolução pessoal ao longo de todo o processo de criação e, orgulhosamente, pode se sentir dona de si e desse incrível projeto.